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Pesquisa recente demonstra que as melhores áreas para energia eólica offshore coincidem geralmente com áreas ricas em alimentos para a vida selvagem

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/04/2025 às 18:35
Turbinas eólicas offshore no oceano com aves marinhas voando e nadando ao redor, sob céu azul com poucas nuvens. energia eólica offshore
Estudos apontam que regiões ideais para turbinas eólicas no mar também são essenciais para a alimentação de aves e outras espécies marinhas.

Uma nova pesquisa revelou um desafio inesperado para o avanço da energia eólica offshore: as melhores áreas para instalação de turbinas coincidem frequentemente com regiões marinhas ricas em alimento para a vida selvagem.

Ao longo das últimas décadas, a energia eólica offshore cresce como promessa de solução limpa para as mudanças climáticas. Mas uma nova pesquisa alerta para um dilema que até agora vinha passando despercebido: os melhores locais para instalar turbinas no mar são também, muitas vezes, zonas ricas em vida selvagem.

Essa coincidência levanta uma pergunta urgente — é possível expandir as fontes renováveis sem colocar em risco a biodiversidade marinha?

Conflito entre vento e vida

O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade de Alicante, na Espanha, e parceiros de outras instituições.

Os pesquisadores identificaram que muitos dos locais com maior potencial para geração de energia eólica offshore também são áreas com intensa atividade biológica.

Em especial, regiões onde aves marinhas e mamíferos marinhos se alimentam.

A sobreposição desses dois interesses — energia e natureza — cria um conflito direto entre o avanço da transição energética e a preservação dos ecossistemas oceânicos.

Turbinas também causam impacto

Construir turbinas no mar pode parecer uma alternativa menos agressiva do que em terra firme. No entanto, os impactos ambientais são relevantes e variados.

Entre eles, destaca-se o ruído subaquático, que afeta a comunicação de baleias e golfinhos, além da alteração ou perda de habitats.

Outro ponto crítico é o risco de colisão de aves com as turbinas durante o voo. Embora algumas áreas ao redor dos parques eólicos se tornem zonas onde a pesca é restringida — o que poderia beneficiar certas espécies — isso não compensa os riscos quando as turbinas são instaladas em regiões ecologicamente sensíveis.

Mapeando o oceano com matemática

Como não é possível rastrear individualmente todos os animais marinhos, os pesquisadores recorreram a modelos matemáticos para prever onde a vida marinha se concentra.

A estratégia foi observar as cadeias alimentares. A conclusão: o fator determinante não é a diversidade de espécies, mas sim a biomassa — ou seja, a quantidade de alimento disponível.

Onde há muito plâncton, há mais peixes; com mais peixes, surgem os predadores. Esse efeito cascata forma os chamados “pontos quentes” do oceano.

Mapas revelam zonas de risco

Com base nos modelos, a equipe criou mapas globais de risco que sobrepõem áreas com grande potencial para a energia eólica e regiões ricas em biodiversidade.

O resultado foi claro: existe uma grande sobreposição no Hemisfério Norte, com destaque para o Atlântico Norte e o Mar do Norte.

Já no Hemisfério Sul, essa sobreposição parece menor, mas isso pode estar relacionado à escassez de dados na região.

Um dado preocupante é que muitas das áreas identificadas como de alto risco ainda não possuem proteção legal. Por isso, os autores recomendam que governos e entidades ambientais adotem medidas urgentes, como:

  • Ampliar e fortalecer áreas marinhas protegidas.
  • Criar zonas de exclusão ecológica.
  • Basear decisões em dados científicos e não em interesses políticos.

Tecnologia pode ajudar — ou atrapalhar

Entre as ferramentas mais promissoras, está o uso de GPS para monitorar aves marinhas. Esse tipo de rastreamento pode revelar se os animais estão evitando áreas com turbinas.

No entanto, esse comportamento pode indicar um novo problema: se evitam as turbinas, estariam também evitando suas fontes de alimento?

Essas são perguntas que ainda precisam de respostas. Mas uma coisa está clara. O futuro da energia precisa ser limpo, sim — mas também precisa ser justo com a biodiversidade.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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