A Exxon aumentou suas metas de descarbonização de acordo com a quantidade petróleo extraída, indo relativamente na contramão do que suas concorrentes europeias quando o assunto é descarbonização efetiva.A petroleira começou a ser mais ativa nos aspectos ecológicos depois que a empresa perdeu cadeiras no conselho deliberativo em uma disputa por procuração contra o fundo acionário chamado Engine Number One, que ocorreu no meio do ano, para a surpresa de muitos no mercado.
Apesar da mudança, ainda existe insatisfação em relação às ações da gigante estadunidense em relação à descarbonização do mercado e a necessidade de aproveitar esse momento de transição para manter o valor da empresa, mesmo com a mudança do foco dos combustíveis fósseis para alternativas verdes.
Andrew Logan, diretor Sênior de óleo e gás do Ceres Road map for sustainability e co-coordenou a ação dos investidores contra a diretoria da Exxon disse, em tradução livre, que “é difícil encontrar qualquer sinal de que houve qualquer melhora nas atitudes da empresa a respeito das mudanças climáticas com a nova eleição do Conselho, embora seja cedo para concluir.”
As novas metas de descarbonização da Exxon estão sendo criticadas por serem medidas relativas e, além de tudo, não se responsabilizam pelas emissões causadas diretamente pelo seu produto.
A Exxon prometeu diminuir a intensidade de emissão de gases estufa quem entre 20 e 30% até 2030. Apesar de ainda ser uma meta maior do que a proposta anteriormente, ela continua sendo criticada por condicionar a diminuição da emissão a quantidade de petróleo extraído e beneficiado.
Ou seja, se a extração e produção de petróleo diminuírem, pode ser que a Exxon não diminua em nada suas emissões, em números exatos.
Além disso ela está apenas se propondo a diminuir suas próprias emissões de gases estufa, não assumindo como por exemplo outras grandes do petróleo europeu a responsabilidade também pela emissão de gases estufa produtos vendidos.
O compromisso de diminuir a quantidade de combustíveis fósseis no mercado foi assumido, por exemplo, pela Shell e pela BP, como parte do esforço conjunto de descarbonização do mundo.
Exon andou enfrentando um surto de lucratividade no último ano, amplamente motivado pelo aumento dos valores do petróleo e do gás.
Apesar de toda essa lucratividade, os valores de investimento em novas tecnologias limpas não são tão expressivos. Existe uma previsão de investimento de US$15 bilhões até 2027 em pesquisas de redução de carbono.Pode parecer muito, mas esses 15 bilhões são muito pouco perto dos 35 bilhões totais que estavam planejados em investimentos antes da pandemia.
Muitos dos investimentos da estadunidense serão no Texas, Novo México e também na América do Sul, na Guiana e eventualmente em projetos no Brasil.
Já dos 15 bilhões para pesquisa de descarbonização, muito desse valor será investido na descarbonização das operações atuais, com tecnologias de captura de carbono, enquanto isso existem também investimentos em biocombustíveis e hidrogênio.
A Exxon vem demonstrando interesse em diversos investimentos no Brasil. Desde a exploração do Campo do Bacalhau e em outras frentes, a empresa vê o país como uma boa aposta na produção de petróleo com menos emissões de carbono.
O leilão do pré-sal, que está previsto para acontecer no dia 17/12, pode ser mais uma chance dessa empresa estender seus investimentos no país, já que a empresa foi aprovada para participar do leilão pela ANP ( Associação nacional do Petróleo).