1. Início
  2. / Geopolítica
  3. / Ponte gigante que ligará a Ásia e a América pode ser construída pela Rússia em parceria com a China
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Ponte gigante que ligará a Ásia e a América pode ser construída pela Rússia em parceria com a China

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 26/07/2024 às 11:19
Rússia e China lideram iniciativa para construir uma grande ponte de 103 km no Estreito de Bering, conectando América e Eurásia.
Fonte: Quatro Rodas
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Rússia e China lideram iniciativa para construir uma grande ponte de 103 km no Estreito de Bering, conectando América e Eurásia.

Uma via de comunicação terrestre entre América e Eurásia poderia ser concebida atravessando o oceano, estabelecendo uma conexão física entre esses continentes distantes. A possibilidade de construir uma ponte ou túnel através da estreita passagem de água que separa a Rússia e o Alasca apresenta um empreendimento de proporções colossais. Durante anos, foram realizadas discussões sobre essa empreitada, mas sua realização sempre foi bloqueada devido às complexidades logísticas envolvidas. No entanto, com a Rússia e a China agora considerando o projeto, ele poderia finalmente se tornar realidade.

Propostas históricas e modernas da Rússia e China

A ideia de estabelecer uma conexão no Estreito de Bering foi inicialmente proposta em 1892, quando o engenheiro norte-americano Joseph Strauss apresentou a primeira proposta de uma ponte. Sua ideia foi submetida ao Império Russo, mas foi rejeitada.

Em 1904, um grupo de magnatas ferroviários americanos apresentou o primeiro projeto de uma ponte.

FERRAMENTAS – MERCADO LIVRE

FERRAMENTAS – MERCADO LIVRE

Um ano depois, o Czar Russo Nicolau II aprovou a proposta, mas a autoridade russa discutiu o projeto por algum tempo antes de rejeitá-lo finalmente em 1907.

Apesar dos diversos eventos tumultuosos, o conceito foi deixado de lado até ser reintroduzido em 1958 pelo engenheiro chinês-americano Lin Teng.

Ele sugeriu a construção de uma ponte de 85 km sobre o oceano, superando em 30 km o atual recordista, a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Tang esperava que essa ligação promovesse o comércio e a compreensão entre os povos da China e da Rússia.

No entanto, a complexidade do projeto fez com que ele fosse esquecido nos anos seguintes, especialmente após o falecimento de Tang em 2003.

O projeto Link TKM

Em 2007, a Rússia apresentou o projeto Link TKM, também conhecido como Link Intercontinental, que envolvia uma ferrovia de 6.000 km e uma ligação de petróleo conectando a região de Komsomolsk-on-Amur e Yakutsk, na Rússia, ao Alasca.

Isso incluiria uma ponte de 103 km através do Estreito de Bering, com compostos de ventilação nas ilhas intermediárias.

Se essa ponte fosse concluído, sua extensão seria mais de duas vezes a da seção subaquática do Canal da Mancha entre o Reino Unido e a França.

Em 2008, Vladimir Putin, então primeiro-ministro da Rússia, aprovou o projeto Link TKM. Posteriormente, o governo russo endossou oficialmente o projeto em 2011. No ano de 2014, especialistas em transporte da China apresentaram seu próprio conceito do século XXI, baseado na mesma ideia.

Eles propuseram a construção de uma ferrovia de alta velocidade de 10.000 km, ligando o nordeste da China aos Estados Unidos, incluindo um túnel submarino através do Estreito de Bering.

Esse projeto, em suas várias manifestações, envolve a coordenação entre China, Rússia, Estados Unidos e Canadá, e poderia custar de 65 a 105 bilhões de dólares, com prazo de 10 a 15 anos para a conclusão.

Desafios técnicos e logísticos para a Rússia

Se um túnel ou ponte fosse construído através do Estreito de Bering, os engenheiros enfrentariam diversos desafios, apesar da comprovada viabilidade técnica da construção.

A região não apresenta icebergs, mas possui fluxos de gelo devido às camadas finas de gelo flutuante.

Esses fluxos podem gerar forças consideráveis, chegando a até 44 meganewtons em um pilar de ponte, representando um grande desafio estrutural.

Além disso, o aço exposto da estrutura se tornaria frágil em temperaturas extremamente frias. Para solucionar isso, os engenheiros provavelmente teriam que revestir toda a estrutura com concreto.

A área ao redor do Estreito de Bering, especialmente no lado russo, carece de infraestrutura desenvolvida.

Não existem ferrovias por mais de 3.200 km e a rodovia mais próxima, ainda em construção, está a mais de 400 km de distância.

Do lado americano, não existem ferrovias ou rodovias por quase 1.000 km. Isso exigiria a construção de extensas redes ferroviárias em ambos os lados, resultando em desafios logísticos significativos para o transporte de trabalhadores e materiais até o local de construção da ponte, o que inevitavelmente atrasaria o projeto e aumentaria substancialmente seus custos.

O custo da ponte em si é estimado em cerca de 12 bilhões de dólares, com os investimentos restantes sendo direcionados principalmente para a construção de toda uma infraestrutura de transporte.

Incertezas para a construção da ponte que ligará Ásia a América

Além dessas preocupações, as diferentes bitolas ferroviárias usadas pelos Estados Unidos e pela Rússia poderiam criar problemas logísticos quando as mercadorias precisassem ser transferidas.

Além disso, a posição do Canadá sobre o projeto ainda é incerta, o que gera incerteza sobre o suporte internacional ao projeto.

Mesmo que a ponte e a ferrovia sejam construídos, ainda seria mais rápido viajar de avião entre os Estados Unidos e a Ásia.

Portanto, a ponte seria principalmente utilizado para o transporte de mercadorias, proporcionando uma maneira mais barata e rápida de movimentar carga entre os dois continentes.

Esse projeto poderia ser um passo vital para unir o mundo em um futuro de cooperação internacional e compreensão mútua.

No entanto, somente o tempo dirá se esse empreendimento colossal será realmente concretizado.

Fonte: Fenômeno.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x