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O sonho nuclear de Fidel Castro: como uma usina nuclear em Cuba se tornou um cemitério de bilhões de dólares

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 12/01/2025 às 23:44
O sonho nuclear de Fidel Castro: como uma usina nuclear em Cuba se tornou um cemitério de bilhões de dólares
A usina nuclear de Fidel Castro fracassou porque a União Soviética, que financiava e fornecia tecnologia, colapsou antes da conclusão do projeto. Além disso, faltava treinamento adequado para os operadores cubanos e o país não tinha recursos para terminar ou manter a usina sozinho.

Fidel Castro planejava transformar Cuba na primeira nação da América Latina com energia nuclear, mas a queda da União Soviética e falhas estruturais deixaram a usina nuclear de Juraguá inacabada, acumulando prejuízos de mais de US$ 1 bilhão e criando uma cidade fantasma no Caribe.

Durante a Guerra Fria, o líder cubano Fidel Castro vislumbrava um futuro onde seu país se libertaria da dependência do petróleo importado. Para isso, ele sonhou alto: construir a primeira usina nuclear da América Latina, em parceria com a União Soviética. Mas como toda ambição grandiosa, a história de Juraguá terminou com um legado de concreto inacabado e lições amargas sobre política, tecnologia e economia.

O início de um sonho: a usina nuclear em Juraguá

Nos anos 1970, Fidel Castro encontrou na União Soviética um aliado disposto a transformar Cuba em um país energeticamente autossuficiente. Os soviéticos ofereceram sua tecnologia de reatores VVER-440, já testada na Europa Oriental. Esses reatores seriam capazes de gerar 440 MW cada, o suficiente para suprir uma boa parte das necessidades energéticas de Cuba.

Para supervisionar o projeto, Fidel colocou seu filho, Fidel Castro Díaz-Balart, conhecido como Fidelito, à frente. Formado em física nuclear na União Soviética, ele personificava a promessa de um futuro brilhante para Cuba. O primeiro reator estava programado para entrar em operação em 1993, mas a realidade mostrou que as coisas não seriam tão simples.

O impacto da queda da União Soviética

O projeto também enfrentou problemas técnicos graves, como soldagens defeituosas em partes cruciais da estrutura. Sem apoio internacional e com uma dívida bilionária, Cuba foi obrigada a abandonar o sonho nuclear.

A construção da usina nuclear de Juraguá avançou até 1992, quando a União Soviética colapsou. Sem apoio financeiro e técnico, Cuba viu o projeto parar, com o primeiro reator 90% completo e o segundo apenas 30%. A crise econômica e política que se seguiu na ilha deixou claro que o sonho nuclear de Fidel não se realizaria.

Surgiram dúvidas sobre a segurança da usina. Inspeções revelaram falhas graves, como soldagens defeituosas em até 15% dos pontos avaliados. Operadores cubanos não tinham treinamento completo, o que levantou preocupações sobre a capacidade do país de operar uma instalação tão complexa.

A cidade nuclear: um plano que virou ruína

A usina nuclear Juraguá não era apenas uma usina; era um projeto de vida para milhares de cubanos. Fidel planejou uma cidade ao redor da usina, nos moldes de Chernobyl, para abrigar os trabalhadores e suas famílias. Cerca de 4.000 pessoas ainda vivem na região, em meio a edifícios inacabados e uma paisagem que lembra um filme pós-apocalíptico.

Com o tempo, as estruturas de concreto começaram a se deteriorar, mas ainda são uma fonte de sustento para alguns moradores, que recuperam cobre e aço dos escombros para vender.

Tentativas de ressuscitar o projeto

No final dos anos 2000, Vladimir Putin ofereceu a Cuba US$ 800 milhões para concluir a usina. No entanto, Fidel rejeitou a oferta, em parte porque ela estava condicionada ao pagamento de uma dívida de US$ 20 bilhões que a ilha tinha com a União Soviética. Sem interesse em reabrir feridas econômicas, o projeto permaneceu abandonado.

Hoje, a usina nuclear de Juraguá é um monumento ao que poderia ter sido. Para os Estados Unidos, foi um alívio não ver um reator nuclear operando a poucos quilômetros de sua costa. Embora o combustível nuclear nunca tenha chegado à ilha, as ruínas ainda assombram a região, como cicatrizes de um plano ambicioso que falhou.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 3.000 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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