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Vale promove demissão em massa mesmo batendo metas e investimentos bilionários

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 20/03/2025 às 11:51
Mesmo batendo recordes e investindo bilhões, a Vale demite mais de 157 funcionários no Projeto Salobo, gerando indignação e incerteza.
Mesmo batendo recordes e investindo bilhões, a Vale demite mais de 157 funcionários no Projeto Salobo, gerando indignação e incerteza.

Mineradora Vale surpreende ao demitir funcionários mesmo após recordes de exportação e um bilionário investimento. Enquanto máquinas chegam, trabalhadores são dispensados.

Em um movimento que gerou surpresa no mercado, a mineradora Vale anunciou recentemente a demissão de mais de 157 funcionários do Projeto Salobo, em Parauapebas (PA). As informações são do portal Parauapebas.

Essa decisão ocorreu poucas semanas após a empresa revelar um dos maiores investimentos da sua história: o Programa Novo Carajás, com previsão de R$ 70 bilhões em investimentos até 2030.

O programa, que visa impulsionar a região de Carajás, tem como foco o aumento da produção e modernização da mineração.

No entanto, apesar dos recordes de exportação e do bônus histórico de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o corte de funcionários no projeto Salobo levanta questões sobre o real impacto dessas mudanças nas pessoas que contribuíram para o crescimento da empresa.

Investimento milionário e cortes de funcionários: uma combinação controversa

A Vale, que segue com um bom desempenho em suas operações e no mercado global, tem experimentado uma fase de expansão e modernização.

A companhia, que há anos vem apresentando crescimento constante, atingiu recordes de exportação, superando metas anuais e conquistando um dos maiores índices de PLR de sua história.

Isso, por si só, já seria motivo para comemoração, especialmente considerando o atual cenário global da mineração e da economia brasileira.

No entanto, o cenário parece contrastar com a decisão de demitir mais de 150 trabalhadores, muitos deles com mais de 15 anos de dedicação à empresa.

O Projeto Salobo, considerado um dos pilares da operação da Vale em Parauapebas, está no centro dessa polêmica.

Apesar dos grandes números de exportação e a boa performance financeira, a empresa optou por cortar uma parte significativa de seu quadro de colaboradores.

O que está por trás das mudanças: o Programa Novo Carajás e a inovação tecnológica

O Programa Novo Carajás, com um investimento de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2030, promete transformar a operação da Vale na região de Carajás, concentrando-se principalmente no Projeto Salobo.

60% desse valor, cerca de R$ 42 bilhões, serão destinados ao Salobo, para modernizar a produção e implementar tecnologias inovadoras que visam aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais.

Entretanto, as mudanças tecnológicas não são isentas de impactos para os trabalhadores.

Enquanto a Vale investe em equipamentos de ponta e soluções inovadoras, o desemprego atinge diretamente aqueles que, por anos, ajudaram a construir a base da operação.

A modernização do processo produtivo, com a substituição de mão-de-obra por máquinas e automação, pode trazer ganhos operacionais, mas também gera um reflexo direto nas vidas de pessoas que perderam seus empregos.

Esse cenário levanta a questão de até que ponto a busca por eficiência e inovação não pode ser acompanhada de um maior cuidado com os trabalhadores que contribuíram para o sucesso da empresa.

A Vale, ao buscar se tornar uma referência em transição energética e eficiência, talvez precise repensar os modelos de gestão de pessoas em suas grandes operações.

A Vale e seu futuro: a busca por agilidade e descentralização

A empresa justificou as demissões como parte de um esforço mais amplo para tornar seus negócios mais ágeis, descentralizados e competitivos.

Segundo nota oficial da companhia, as mudanças envolvem todas as áreas, desde funções operacionais até as administrativas e corporativas.

A Vale reforçou ainda seu compromisso com as operações no Brasil e a transformação da Vale Metais Básicos em uma líder global na produção de metais para a transição energética.

De acordo com a mineradora, as modificações têm como objetivo adaptar a empresa às novas exigências do mercado global, que demanda mais agilidade e capacidade de inovação.

A transição para tecnologias mais modernas, além de garantir competitividade no mercado internacional, promete posicionar a Vale como um dos principais players na produçãode metais utilizados em energias renováveis e na indústria da mobilidade elétrica.

O impacto humano das mudanças: como equilibrar tecnologia e emprego

Embora o avanço tecnológico seja necessário para o sucesso de qualquer grande corporação no século XXI, a Vale se vê diante de um dilema.

Como conciliar a transformação digital e a inovação tecnológica com a preservação de empregos e o reconhecimento dos trabalhadores que contribuíram para o crescimento da empresa?

Esse é um questionamento crucial, principalmente considerando que, em muitos casos, esses colaboradores têm uma ligação profunda com o projeto e a região.

O impacto humano das demissões não pode ser subestimado.

Mesmo com a modernização e os investimentos milionários, a perda de empregos de longo prazo gera insegurança e tensão social nas comunidades em que a Vale está inserida.

É importante que, à medida que a empresa implementa mudanças, ela também se preocupe em oferecer novas oportunidades de emprego ou requalificação para os funcionários afetados.

Um futuro incerto: Vale e os desafios de se reinventar

O futuro da Vale depende não apenas da modernização de suas operações, mas também de sua capacidade de equilibrar inovação com a responsabilidade social e o respeito aos trabalhadores.

Embora a empresa tenha um plano audacioso e financeiro para a região de Carajás, será necessário mais do que apenas investimentos em máquinas e equipamentos para garantir que o sucesso seja sustentável a longo prazo.

A transformação pela qual a mineradora está passando não se limita à tecnologia, mas também exige uma reflexão mais profunda sobre os seus processos organizacionais, as relações com seus empregados e o impacto que essas mudanças podem ter na vida das pessoas.

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Eduardo braz
Eduardo braz
22/03/2025 10:58

Infelizmente é facil pra eles mandarem embora, mais eles sabem que tem familias por traz e ignoram é porque não e familia deles, passei por isso e estava de ferias e fiz concurso, não vou generalizar mais onde tem militar como presidente de empresa só Deus, não sei se o caso, passamos a vida mais 20 anos, na empresa no sufoco e culpando o tal do DEST, esse era culpado pelo não aumento, so reajuste do governo revoltante.

Jose
Jose
22/03/2025 11:28

Simples está tática da vale em todos seus sites porque um funcionário com 15 anos tem uma faixa de salário em média 3.5 a 9 mil dependendo da funcao ela manda estes embora e contrata outros com salário de 2100 a 5 mil

Antonio
Antonio
22/03/2025 12:59

Privatização, só visa Capitalismo e desenvolvimento de poucos.

Ronaldo Moura
Ronaldo Moura
Em resposta a  Antonio
23/03/2025 14:15

Comunismo só trás atraso. Se o cara não quer ser demitido tem de se tornar um profissional exencial para a empresa na qual trabalho. Ninguém pode esperar ficar em um emprego por pena… Isso é injusto e improdutivo.

Silva45
Silva45
Em resposta a  Ronaldo Moura
24/03/2025 06:19

Não existe isso de profissional essencial.
Vc pode ser o “tampa de crush”, ser produtivo, bater metas, etc, mas na hora do “vamo vê” é mandado embora do mesmo jeito. Basta vc se tornar “caro demais” pros padrões do “mercado”. Empresa não tem coração, tem CNPJ.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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