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Trump vs China: Tensões comerciais aumentam com novas tarifas e implicações geopolíticas

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 04/02/2025 às 10:12
Descubra como as tarifas de Trump e a estratégia chinesa estão redefinindo a economia global e as alianças geopolíticas.
Foto: Qilai Shen/Bloomberg

Descubra como as tarifas de Trump e a estratégia chinesa estão redefinindo a economia global e as alianças geopolíticas.

As recentes decisões de Donald Trump em relação às tarifas sobre produtos chineses geraram um novo capítulo na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, com implicações não apenas para as economias desses dois países, mas para o cenário geopolítico global.

O aumento das tarifas, que atingem uma ampla gama de produtos chineses, reflete a continuação de uma política agressiva de “América em primeiro lugar”, adotada pelo presidente norte-americano, cujos efeitos estão sendo amplamente analisados por especialistas.

A reação da China: Tarifa de 10% e desafios à economia global

O anúncio de Trump, impondo uma tarifa extra de 10% sobre todos os produtos chineses, provocou reações imediatas e variadas em diferentes partes do mundo.

Embora a China tenha demorado a responder, sua reação foi clara: novas tarifas de 15% sobre carvão e gás natural dos EUA, além de 10% sobre outros produtos como óleo cru, maquinário agrícola e caminhonetes.

Além disso, Pequim iniciou uma investigação antimonopólio contra o Google e incluiu várias empresas americanas, como a Calvin Klein, em sua lista de entidades “não confiáveis”.

A resposta inicial de Pequim foi mais calculada em comparação com reações mais intensas de países como o Canadá e o México.

Enquanto essas nações imediatamente impuseram tarifas sobre produtos dos EUA, com o Canadá anunciando uma taxa de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos americanos, a China optou por uma abordagem mais cautelosa.

Essa postura revela uma estratégia de longo prazo que se baseia na diversificação de parcerias comerciais e no fortalecimento de relações com outras regiões do mundo, como a África, América do Sul e Sudeste Asiático.

O impacto das tarifas e a estratégia de Pequim

Ao contrário de uma década atrás, quando a economia chinesa era fortemente dependente dos EUA, Pequim agora é o maior parceiro comercial de mais de 120 países. Isso fortalece sua posição em um cenário onde as tarifas de Trump são vistas com cautela.

A China, por sua vez, parece acreditar que pode suportar a pressão de 10% nas tarifas, sem comprometer significativamente seu crescimento econômico.

Especialistas como Chong Ja Ian, do Centro de Estudos Carnegie China, acreditam que a China adotou uma abordagem estratégica, não respondendo imediatamente às tarifas, mas mantendo uma postura firme.

Para Pequim, essa situação pode ser mais uma oportunidade de se consolidar como um líder global, especialmente quando os Estados Unidos parecem, sob Trump, cada vez mais isolados no cenário internacional.

“Se não for um grande problema, não há razão para começar uma briga com o governo Trump”, afirmou Ian, sugerindo que a calma da China pode refletir uma análise cuidadosa da situação.

A diplomacia Chinesa: Liderança global e oportunidades de parceria

Xi Jinping, presidente da China, tem demonstrado uma ambição crescente em liderar uma nova ordem mundial, algo que se reflete nas ações diplomáticas de Pequim nos últimos anos.

Após a pandemia de Covid-19, a China intensificou sua presença no cenário internacional, especialmente em organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS), onde, após a retirada dos Estados Unidos sob Trump, Pequim se ofereceu para preencher o vazio deixado pela superpotência ocidental.

Além disso, a China tem se aproximado de países de todas as partes do mundo, especialmente aqueles da África e América Latina, estabelecendo acordos comerciais e promovendo uma política de “globalização ganha-ganha”.

A combinação de tarifas de Trump, o congelamento de ajuda estrangeira e a retirada dos EUA de organismos internacionais favorece a narrativa chinesa de que Pequim pode ser uma alternativa confiável, estável e orientada para o futuro.

Yun Sun, do Stimson Centre, observa que as políticas de Trump de “America First” não apenas enfraquecem a posição dos EUA como líder global, mas também beneficiam a China.

“Uma deterioração da liderança e credibilidade dos EUA certamente beneficiará a China, pois ela está se posicionando como uma força global estável e confiável, especialmente em contraste com a incerteza que Trump tem gerado”, afirmou Sun.

Possíveis consequências: Reações no Pacífico e além

A ascensão da China como uma potência global tem gerado uma série de reações no Pacífico.

Países como Japão, Coreia do Sul e Austrália estão observando atentamente os movimentos de Pequim, especialmente no que se refere ao Mar da China Meridional, onde a China tem mostrado crescente assertividade, além das tensões envolvendo Taiwan.

Em resposta, esses países estão cada vez mais inclinados a formar alianças trilaterais, o que pode levar à formação de um novo bloco no Pacífico, com foco na contenção da influência chinesa.

No entanto, a crescente insegurança em relação à política externa de Trump, que ameaça aliados como o Canadá e a União Europeia, pode forçar esses países a reavaliar suas relações com Washington.

A mudança nas dinâmicas geopolíticas e a crescente presença da China como uma alternativa comercial atraente poderão redesenhar as alianças internacionais.

O desafio de Trump e o futuro das tarifas

O futuro das tarifas impostas por Trump e suas implicações para a China são ainda incertos.

O governo chinês tem mostrado resistência, mas também uma habilidade diplomática que visa consolidar sua posição no cenário global, aproveitando as falhas do governo Trump para reforçar sua imagem de liderança estável e confiável.

Para os EUA, a continuidade dessa política pode resultar em mais divisões internas e no enfraquecimento de sua posição global.

Enquanto isso, a China, longe de ser intimida por essas tarifas, pode aproveitar a instabilidade criada pela administração de Trump para expandir sua influência no cenário mundial.

A disputa entre as duas maiores economias do planeta está longe de ser resolvida, mas suas implicações vão muito além da guerra comercial, afetando a política externa e as alianças internacionais de maneira profunda e duradoura.

BBC News Brasil

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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