Com a chegada de novas e mais interessantes tecnologias, como os veículos elétricos, o reinado do petróleo começa a declinar.
Não é de hoje que o mercado do petróleo começou a ter dor de cabeça por conta do surgimento de novas e mais interessantes tecnologias. Não é difícil prever que, com o tempo, a popularização de alternativas que utilizem fontes de energia renovável começariam a cair no gosto da população. A evolução é um caminho certo, até quando estamos tratando sobre inúmeras variáveis como a indústria petroleira. E, ao que tudo indica, o protagonismo de combustíveis fósseis, como o petróleo, mesmo tendo durado muito tempo, está com os dias contados. Isso é um reflexo da chegada dos veículos elétricos, que vêm dominando o mercado automotivo e se consolidando como alternativas incríveis para uma nova era da energia renovável global.
O cenário de declínio do reinado do petróleo
Diversos fatores, como a pandemia, esses processos de transição energética e meios de transporte cada vez mais eficientes estão revolucionando a forma como as pessoas se locomovem, principalmente nas grandes cidades. A demanda por gasolina, que entrou em colapso em 2020, devido aos bloqueios, já havia começado a diminuir no ano anterior e, mesmo com a emergência da Covid-19 superada, provavelmente não voltará mais aos níveis de dois anos atrás.
“A demanda de petróleo vai evoluir em três fases. Até 2025, a demanda de petróleo ainda é afetada pelos impactos da Covid-19 e os veículos elétricos ainda demoram para decolar. Então, de 2025-2035, declínios estruturais e impactos de substituição – especialmente em caminhões – tomam conta e, finalmente, por volta de 2050, a reciclagem de plásticos e tecnologias aceleradas no setor marítimo será a etapa de transição final, reduzindo ainda mais a demanda de petróleo para 51 milhões de bpd em 2050 em nosso caso médio”, disse a analista de mercados de petróleo da Rystad Energy, Sofia Guidi Di Sante.
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Principais setores que serão afetados pela mudança da demanda do petróleo
Conheça alguns dos setores que possuem uma demanda alta de petróleo:
- O transporte rodoviário (veículos de passageiros, ônibus e carga): por responder por mais de 48% da demanda total do combustível fóssil, esse será o setor que guiará essa mudança no cenário.
- Caminhões: respondendo por 18% da faixa de demanda do petróleo, esse não será o setor mais rápido a fazer a transição, mas será decisivo para elevar, e muito, os números dessa mudança.
- Produtos petroquímicos: respondem por 14% da demanda total do combustível. Ao contrário dos outros setores, deve crescer pelo menos até meados da década de 2030.
- Setor marítimo: este setor responde por 6% da demanda total e deve ser dominado pelo petróleo até meados da década de 2030. No entanto, após isso poderá apresentar mudanças optando por GNL, hidrogênio, baterias elétricas e outras embarcações neutras em carbono, especialmente em newbuilds.
- Aviação: a demanda de 7% do combustível deverá continuar crescendo por, pelo menos, até 2050, apenas pelo motivo de não existir, hoje, nenhuma tecnologia de substituição de petróleo viável.
Veículos elétricos e um futuro próximo
Por mais que grandes nomes da indústria petroleira ainda não enxerguem os veículos elétricos como uma alternativa que substituirá de vez os modelos que utilizam combustíveis fósseis, não é o que as grandes montadoras demonstram. Tesla, Chevy e Nissan têm planos para começar a vender carros elétricos, com autonomia longa, na faixa dos US$30 mil. Outros fabricantes e empresas de tecnologia também estão investindo bilhões em diversos novos modelos. Já neste começo de década, alguns deles serão mais baratos e terão melhor desempenho que os carros a gasolina. Essa é uma estratégia de ganhar mercado e representa uma faixa maior da população tendo acesso a esse tipo de tecnologia.
Já em 2015, a venda de veículos elétricos no mundo teve um aumento em torno de 60%. Esse percentual, além de mostrar a força com que esses novos modelos, que apostam na energia renovável como fonte, estão ganhando no mercado, ainda desenha como essa transição pode se dar de maneira mais rápida do que imaginamos. É um percentual interessante, de modo que praticamente equivale ao índice de crescimento anual de vendas pela Tesla até 2020, e coincide ainda com o índice que levou o Ford Modelo T a deixar cavalos e carroças para trás na década de 1910. Para fins de comparação, um segmento que traz a mesma perspectiva de cenário, os painéis solares têm seguido uma curva parecida, com um crescimento anual em torno de 50%, enquanto as vendas de lâmpadas LED vêm se ampliando na base de impressionantes 140% ao ano.
Com o crash do petróleo cada vez mais próximo, e um cenário que vem se desenhando nos últimos anos, que nos direciona para que alternativas mais limpas e renováveis sejam as verdadeiras protagonistas do nosso cotidiano, só nos resta embarcar na onda do futuro. E, o que podemos apostar é que os números de carros elétricos em circulação só irão aumentar, enquanto a demanda de petróleo perde fôlego. Dessa forma, alguém, com os barris, vai ficar a ver navios.