O Brasil encerrou 2024 com uma alta histórica do dólar, ultrapassando R$ 6,30, em meio às dificuldades fiscais do governo Lula. Especialistas avaliam que a demora em ajustar as contas públicas agravou a situação econômica, que agora pressiona o Banco Central a manter juros elevados. Com impactos na inflação e no desemprego, o cenário pode comprometer a estabilidade e as perspectivas para 2026.
O Brasil encerrou 2024 com uma turbulência econômica que deixou analistas e investidores em alerta.
Enquanto o governo de Luiz Inácio Lula da Silva comemorava conquistas como o crescimento econômico acima do esperado e a regulamentação da reforma tributária, a disparada do dólar para patamares superiores a R$ 6,30 ofuscou esses avanços e reacendeu preocupações sobre a saúde fiscal do país.
Mas seria esse o principal indicador de que a economia está fora de controle? Especialistas avaliam as causas e as consequências desse cenário.
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A escalada do dólar e os desafios fiscais
Segundo a BBC News, a forte desvalorização do real refletiu a saída de investidores estrangeiros, preocupados com a crescente percepção de risco em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.
Projeções do mercado financeiro indicam que a dívida líquida do setor público pode saltar de 63% do PIB em 2024 para 74% em 2027, um aumento que pressiona ainda mais o endividamento e eleva o risco-país.
Para Nelson Marconi, da FGV, o governo errou ao postergar ajustes fiscais que poderiam ter estabilizado a economia no início do mandato.
Ele critica a introdução tardia de um pacote de cortes de gastos, anunciado juntamente com a ampliação da isenção do Imposto de Renda para rendas mensais até R$ 5 mil, o que gerou desconfiança no mercado.
“Estava todo mundo esperando contenção de despesas, mas o governo fez o oposto,” reforça.
Impactos do dólar no cotidiano e na política monetária
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que o câmbio elevado dificulta o combate à inflação e obriga o Banco Central a manter juros altos.
Isso agrava a dívida, criando um ciclo vicioso que pode comprometer a economia a longo prazo.
“A alta do dólar não apenas impacta a inflação, mas também aumenta o custo do ajuste fiscal necessário,” explica.
A taxa básica de juros, a Selic, subiu para 12,25% em dezembro e deve atingir 14,25% em março de 2025.
Marconi, da FGV, critica a meta de inflação atual, considerando-a irrealista. Segundo ele, a combinação de metas rigorosas e juros elevados agrava a situação fiscal, dificultando ainda mais a tarefa do governo.
Haddad e o debate sobre os benefícios tributários
Em entrevista recente, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que a União poderia fechar 2024 com superávit fiscal caso o Congresso aprovasse a revisão de benefícios tributários.
Segundo estimativas da Receita Federal, essas isenções somarão R$ 544 bilhões em 2025.
Haddad criticou a resistência do Congresso em cortar esses incentivos, chamando-os de “benefícios indevidos.”
O ministro também justificou os gastos elevados do governo atual como uma tentativa de corrigir distorções herdadas da gestão anterior, incluindo o adiamento de precatórios e a compensação a estados pela redução do ICMS sobre combustíveis.
“Houve um acúmulo de passivos que precisavam ser enfrentados, e o governo está fazendo isso com responsabilidade,” defendeu Haddad.
Os reflexos políticos e institucionais
Analistas ouvidos pela BBC News apontam que as dificuldades fiscais não são exclusividade do Executivo.
O Judiciário, pressionado a conter os supersalários, e o Congresso, que resiste a reduzir emendas parlamentares e benefícios tributários, também contribuem para o desarranjo institucional.
“O problema do Congresso está resolvido: eles têm fundo partidário, fundo eleitoral e emendas. A crise fiscal não é prioridade para eles,” critica Creomar de Souza, da consultoria Dharma.
A relação entre mercado e confiança internacional
Outro ponto crucial é a confiança dos investidores internacionais no Brasil.
Desde o início de 2024, a percepção de instabilidade política, aliada ao ritmo lento de reformas, reduziu os fluxos de capital para o país.
A perda do grau de investimento por duas das principais agências de rating em novembro intensificou a saída de recursos estrangeiros, exacerbando a pressão sobre o câmbio.
Especialistas destacam que o governo precisará adotar uma agenda mais clara e firme para recuperar a credibilidade junto aos mercados globais.
Perspectivas para 2026
O impacto do atual cenário econômico na reeleição de Lula ainda é incerto.
Enquanto alguns especialistas acreditam que o presidente manterá sua força eleitoral devido ao apoio popular, outros destacam que as taxas de inflação e desemprego serão cruciais.
O cientista político Creomar de Souza alerta que a polarização e a insatisfação crescente podem limitar a capacidade de expansão fiscal do governo em 2026.
O que está por vir?
Com uma economia fragilizada e um cenário político adverso, o governo Lula enfrenta desafios significativos para estabilizar as contas públicas e recuperar a confiança do mercado.
Mas as soluções serão suficientes para impedir um colapso econômico? Deixe sua opinião nos comentários!