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Lula em apuros? Disparada do dólar é sinal que presidente perdeu a mão na economia? O que pensam especialistas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 05/01/2025 às 13:39

O Brasil encerrou 2024 com uma alta histórica do dólar, ultrapassando R$ 6,30, em meio às dificuldades fiscais do governo Lula. Especialistas avaliam que a demora em ajustar as contas públicas agravou a situação econômica, que agora pressiona o Banco Central a manter juros elevados. Com impactos na inflação e no desemprego, o cenário pode comprometer a estabilidade e as perspectivas para 2026.

O Brasil encerrou 2024 com uma turbulência econômica que deixou analistas e investidores em alerta.

Enquanto o governo de Luiz Inácio Lula da Silva comemorava conquistas como o crescimento econômico acima do esperado e a regulamentação da reforma tributária, a disparada do dólar para patamares superiores a R$ 6,30 ofuscou esses avanços e reacendeu preocupações sobre a saúde fiscal do país.

Mas seria esse o principal indicador de que a economia está fora de controle? Especialistas avaliam as causas e as consequências desse cenário.

A escalada do dólar e os desafios fiscais

Segundo a BBC News, a forte desvalorização do real refletiu a saída de investidores estrangeiros, preocupados com a crescente percepção de risco em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.

Projeções do mercado financeiro indicam que a dívida líquida do setor público pode saltar de 63% do PIB em 2024 para 74% em 2027, um aumento que pressiona ainda mais o endividamento e eleva o risco-país.

Para Nelson Marconi, da FGV, o governo errou ao postergar ajustes fiscais que poderiam ter estabilizado a economia no início do mandato.

Ele critica a introdução tardia de um pacote de cortes de gastos, anunciado juntamente com a ampliação da isenção do Imposto de Renda para rendas mensais até R$ 5 mil, o que gerou desconfiança no mercado.

“Estava todo mundo esperando contenção de despesas, mas o governo fez o oposto,” reforça.

Impactos do dólar no cotidiano e na política monetária

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que o câmbio elevado dificulta o combate à inflação e obriga o Banco Central a manter juros altos.

Isso agrava a dívida, criando um ciclo vicioso que pode comprometer a economia a longo prazo.

“A alta do dólar não apenas impacta a inflação, mas também aumenta o custo do ajuste fiscal necessário,” explica.

A taxa básica de juros, a Selic, subiu para 12,25% em dezembro e deve atingir 14,25% em março de 2025.

Marconi, da FGV, critica a meta de inflação atual, considerando-a irrealista. Segundo ele, a combinação de metas rigorosas e juros elevados agrava a situação fiscal, dificultando ainda mais a tarefa do governo.

Haddad e o debate sobre os benefícios tributários

Em entrevista recente, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que a União poderia fechar 2024 com superávit fiscal caso o Congresso aprovasse a revisão de benefícios tributários.

Segundo estimativas da Receita Federal, essas isenções somarão R$ 544 bilhões em 2025.

Haddad criticou a resistência do Congresso em cortar esses incentivos, chamando-os de “benefícios indevidos.”

O ministro também justificou os gastos elevados do governo atual como uma tentativa de corrigir distorções herdadas da gestão anterior, incluindo o adiamento de precatórios e a compensação a estados pela redução do ICMS sobre combustíveis.

“Houve um acúmulo de passivos que precisavam ser enfrentados, e o governo está fazendo isso com responsabilidade,” defendeu Haddad.

Os reflexos políticos e institucionais

Analistas ouvidos pela BBC News apontam que as dificuldades fiscais não são exclusividade do Executivo.

O Judiciário, pressionado a conter os supersalários, e o Congresso, que resiste a reduzir emendas parlamentares e benefícios tributários, também contribuem para o desarranjo institucional.

“O problema do Congresso está resolvido: eles têm fundo partidário, fundo eleitoral e emendas. A crise fiscal não é prioridade para eles,” critica Creomar de Souza, da consultoria Dharma.

A relação entre mercado e confiança internacional

Outro ponto crucial é a confiança dos investidores internacionais no Brasil.

Desde o início de 2024, a percepção de instabilidade política, aliada ao ritmo lento de reformas, reduziu os fluxos de capital para o país.

A perda do grau de investimento por duas das principais agências de rating em novembro intensificou a saída de recursos estrangeiros, exacerbando a pressão sobre o câmbio.

Especialistas destacam que o governo precisará adotar uma agenda mais clara e firme para recuperar a credibilidade junto aos mercados globais.

Perspectivas para 2026

O impacto do atual cenário econômico na reeleição de Lula ainda é incerto.

Enquanto alguns especialistas acreditam que o presidente manterá sua força eleitoral devido ao apoio popular, outros destacam que as taxas de inflação e desemprego serão cruciais.

O cientista político Creomar de Souza alerta que a polarização e a insatisfação crescente podem limitar a capacidade de expansão fiscal do governo em 2026.

O que está por vir?

Com uma economia fragilizada e um cenário político adverso, o governo Lula enfrenta desafios significativos para estabilizar as contas públicas e recuperar a confiança do mercado.

Mas as soluções serão suficientes para impedir um colapso econômico? Deixe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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