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Golpe do boi no Uruguai: como US$ 300 milhões evaporaram e abalaram a pecuária, considerado um dos maiores escândalos financeiros da história do país!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 26/03/2025 às 20:34
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foto/reprodução: Divulgação

Cerca de 6 mil investidores foram prejudicados por um esquema fraudulento que envolvia promessas de lucros no setor da pecuária!

Um escândalo financeiro sem precedentes no Uruguai está deixando cerca de 6 mil investidores em uma grave situação de prejuízo, com perdas que somam aproximadamente US$ 300 milhões.

O caso, conhecido como golpe do boi, envolve três empresas – Conexion Ganadera, Republica Ganadera e Grupo Larrarte – que, ao longo de 25 anos, captaram cerca de US$ 500 milhões prometendo lucros atraentes no setor da pecuária.

Contudo, agora essas companhias estão enfrentando a recuperação judicial, deixando um rastro de desconfiança e frustração.

O colapso das empresas de pecuária

O início do colapso do esquema ocorreu em meio à seca de 2022/23, que causou perdas ao setor agrícola uruguaio superiores a US$ 1,7 bilhão, conforme estimativas oficiais.

Essa seca afetou severamente a produção de alimentos e a saúde do rebanho, resultando em uma diminuição na oferta de gado e, consequentemente, na rentabilidade das empresas.

Além disso, o aumento das taxas de juros globais após a pandemia encareceu o modelo de negócios das empresas, que alugavam terras de pastagem a preços elevados.

A Conexion Ganadera, fundada em 1999 pelas famílias Carrasco e Basso, foi a principal envolvida.

Administrando inicialmente alguns milhares de cabeças de gado, a empresa chegou a gerir 125 mil animais, mas um relatório indicou que devia US$ 384 milhões a seus 4,2 mil investidores, enquanto possuía apenas US$ 158 milhões em ativos.

O impacto social e econômico

O golpe afetou principalmente investidores de classe média, muitos dos quais colocaram todas as suas economias em promessas de retornos que chegavam a 10% ao ano. “Esta é uma crise social.

Há pessoas que colocaram todas as suas economias nessas empresas”, afirmou Maria Laura Capalbo, sócia do escritório Bragard e presidente da associação nacional de advogados do Uruguai, em entrevista à Bloomberg.

A perda de confiança resultante desse escândalo não apenas prejudicou os poupadores, mas também expôs as fragilidades e a falta de regulamentação no setor da pecuária, um dos pilares da economia uruguaia.

A repercussão social do golpe é visível nas comunidades afetadas.

Famílias inteiras que investiram suas economias em busca de segurança financeira agora enfrentam dificuldades, com muitos tendo que recorrer a redes de apoio e solidariedade.

A situação é especialmente crítica em um país onde a pecuária é tradicionalmente vista como um porto seguro em tempos de crise, levando a um sentimento de traição entre os investidores.

Comparações com fraudes históricas

O caso do golpe do boi no Uruguai ecoa fraudes históricas em outros países da América Latina, como o escândalo das Fazendas Reunidas Boi Gordo no Brasil, que enganou 30 mil investidores na década de 1990, resultando em um prejuízo estimado de R$ 6 bilhões.

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foto/reprodução: Divulgação

Assim como ocorreu no Brasil, a fraude uruguaia revela a vulnerabilidade de investidores atraídos por setores tradicionais e promessas de lucros garantidos.

Esses esquemas tendem a prosperar em períodos de incerteza econômica, quando as pessoas estão mais dispostas a buscar alternativas para garantir um retorno seguro sobre seus investimentos.

Reações e regulamentação

A crise já começou a ter reflexos no mercado de trabalho, resultando em demissões em empresas ligadas aos fundos, embora fontes do setor pecuário afirmem que o impacto na cadeia produtiva não será significativo, já que a maioria dos investidores não pertencia ao ramo agropecuário.

No entanto, o escândalo gerou um clamor por maior regulamentação.

Desde 2018, o Banco Central do Uruguai abriu 11 inquéritos sobre investimentos em gado e emitiu alertas sobre a falta de cobertura regulatória para contratos desse tipo, mas muitos acreditam que a resposta chegou tarde demais.

As autoridades estão agora sob pressão para implementar reformas que protejam os investidores e aumentem a transparência no setor.

A fragilidade do sistema regulatório foi exposta, levando a uma discussão mais ampla sobre a necessidade de uma supervisão mais rigorosa de investimentos relacionados à pecuária.

O futuro dos investidores lesados

Para aqueles que perderam dinheiro, o trauma é palpável. “Temos que olhar para o futuro.

Não podemos ficar doentes, mesmo que eles tenham levado grande parte do nosso dinheiro”, declarou um investidor, que está organizando um grupo de vítimas.

À medida que os processos judiciais avançam, a confiança no setor pecuarista uruguaio, que é um pilar da identidade nacional, está profundamente abalada.

O caso serve como um alerta para a América Latina, onde combinações de setores tradicionais e promessas de lucros rápidos continuam a seduzir – e, por vezes, a enganar – milhares de poupadores.

Enquanto o futuro dos envolvidos permanece incerto, muitos estão se unindo para buscar justiça e reparação.

O impacto emocional e financeiro deste escândalo é profundo, e a recuperação pode levar anos.

O golpe do boi não apenas representa um desfalque financeiro significativo, mas também instiga uma reflexão sobre a necessidade de proteção aos investidores e a importância de uma regulamentação mais robusta para evitar fraudes futuras no setor da pecuária e outros mercados.

O papel da mídia e a conscientização

A cobertura midiática do caso também desempenha um papel crucial na conscientização sobre os riscos associados a investimentos em setores aparentemente sólidos.

As reportagens têm destacado não apenas os detalhes do escândalo, mas também educado o público sobre a importância de realizar uma due diligence antes de investir.

O aumento da conscientização pode ajudar a prevenir que fraudes semelhantes ocorram no futuro, promovendo uma cultura de investimento mais informada e cautelosa entre os cidadãos.

Em última análise, a história do golpe do boi é uma lembrança de que, mesmo em setores tradicionais como a pecuária, a vigilância e a regulamentação são essenciais para proteger os investidores e garantir a integridade do mercado.

FONTE: PAINELPOLÍTICO

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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