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Continental anuncia demissão em massa de mais 3 mil funcionários

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/03/2025 às 13:57
Continental anuncia corte de 3.000 empregos até 2026, refletindo desafios na indústria automobilística alemã e global.
Continental anuncia corte de 3.000 empregos até 2026, refletindo desafios na indústria automobilística alemã e global.

Gigante Continental surpreende o mercado ao anunciar a eliminação de 3.000 postos de trabalho até 2026, afetando principalmente sua divisão automotiva. Essa medida drástica evidencia a profundidade da crise que assola a indústria automobilística, com empresas lutando para se adaptar às rápidas mudanças tecnológicas e à intensa concorrência internacional.

A indústria automobilística europeia enfrenta um de seus momentos mais delicados dos últimos anos.

Em meio a desafios econômicos, transição para veículos elétricos e reestruturações financeiras, montadoras e fornecedoras vêm promovendo cortes de custos drásticos.

Dessa vez, a Continental, gigante alemã de autopeças, anunciou uma nova rodada de demissões, que afetará 3.000 funcionários da divisão automotiva até o fim de 2026.

A decisão, divulgada recentemente, conforme o portal Poder 360, se soma a outras medidas recentes da companhia, que já eliminou milhares de postos de trabalho nos últimos anos.

Reestruturação drástica para conter prejuízos

De acordo com a empresa, as demissões ocorrerão majoritariamente na Alemanha, atingindo diversas unidades produtivas e de pesquisa.

A fábrica de Nuremberg será fechada, e plantas localizadas nos Estados de Hesse e Baviera também sofrerão impactos significativos.

A multinacional justificou os cortes mencionando a crise no setor automotivo da Alemanha, agravada por dificuldades econômicas e pela necessidade de adaptação à nova realidade da mobilidade elétrica.

Nos últimos anos, o mercado automotivo europeu tem enfrentado desafios relacionados à inflação, altas taxas de juros e redução na demanda por veículos a combustão.

Em 2023, a Continental já havia anunciado a eliminação de 7.150 empregos como parte de um plano de reestruturação para reduzir custos operacionais.

Desse total, 5.400 cortes foram feitos na administração e 1.750 no setor de desenvolvimento.

A empresa afirma que cerca de 80% a 90% das demissões previstas naquela ocasião já foram implementadas.

Com os novos cortes anunciados, o total de postos de trabalho eliminados pela companhia ultrapassa a marca de 10.000.

Subsidiária de software também é afetada

Além dos cortes na divisão automotiva, a Elektrobit, subsidiária de software da Continental, também passará por uma redução significativa de pessoal.

Serão eliminados 480 postos de trabalho, sendo 330 apenas na Alemanha.

A Elektrobit desenvolve soluções para softwares embarcados em veículos e vinha sendo uma aposta estratégica da empresa para diversificação do portfólio.

No entanto, o avanço de concorrentes e a necessidade de reduzir despesas levaram a cortes expressivos na operação.

Atualmente, a Continental mantém aproximadamente 31.000 funcionários dedicados à pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo.

A meta da empresa é reduzir os custos nessa área para que representem menos de 10% do faturamento total até 2027.

Ajustes sem reposição de vagas na Continental

Em comunicado oficial, a companhia destacou que as demissões serão conduzidas de forma socialmente responsável, priorizando a não substituição de funcionários que se aposentam ou pedem desligamento voluntário.

A Continental garantiu que os detalhes do processo serão negociados diretamente com sindicatos e representantes dos trabalhadores, buscando mitigar impactos sociais.

Apesar da redução no quadro de funcionários, a empresa afirmou que continuará investindo em inovação para manter sua competitividade no mercado global.

Impactos na indústria automobilística alemã

A crise que afeta a Continental não é um caso isolado. Grandes montadoras e fornecedores da Alemanha têm anunciado cortes de empregos, fechamento de fábricas e mudanças estratégicas para enfrentar um cenário econômico adverso.

A Volkswagen, por exemplo, já promoveu desligamentos e vem reduzindo sua capacidade produtiva em algumas unidades.

A Mercedes-Benz e a BMW também ajustaram operações para se adequar à nova realidade do setor.

A necessidade de investir pesadamente em eletrificação e digitalização tem pressionado a rentabilidade das empresas, levando a medidas drásticas para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.

Críticas de sindicatos e trabalhadores

A decisão da Continental não passou despercebida pelos representantes dos trabalhadores.

Michael Iglhaut, chefe do Conselho Geral Trabalhista da empresa, criticou a medida e expressou preocupação com o impacto das demissões na capacidade de inovação da companhia.

Segundo ele, cortes agressivos em pesquisa e desenvolvimento podem resultar em uma reestruturação muito mais profunda do que o esperado.

“Estamos profundamente preocupados de que os cortes profundos em pesquisa e desenvolvimento automotivo se transformem numa reestruturação abrangente”, afirmou Iglhaut.

Ele ainda destacou que a redução de custos a qualquer preço não representa uma estratégia sustentável para o futuro da empresa.

Na visão do sindicato, o esvaziamento das unidades alemãs enfraquece a divisão automotiva da Continental, impactando sua competitividade global.

Mudanças na estrutura da Continental

Em dezembro do ano passado, a Continental já havia sinalizado a intenção de separar sua divisão de fornecimento automotivo e lançá-la no mercado de ações como uma empresa independente.

A decisão faz parte de um plano de longo prazo para reorganizar a companhia e buscar alternativas para o segmento, que há anos enfrenta dificuldades financeiras.

Caso o projeto seja aprovado pelos acionistas na próxima reunião geral da empresa, a nova entidade poderá realizar uma oferta pública inicial (IPO) ainda em 2025.

A expectativa é que a medida ajude a melhorar a saúde financeira da Continental, permitindo que a empresa foque em outras áreas estratégicas com maior rentabilidade.

Futuro incerto para o setor

A situação da Continental reflete uma tendência preocupante para a indústria automobilística europeia.

O setor enfrenta desafios estruturais que vão desde a pressão regulatória por emissões zero até a concorrência acirrada de fabricantes chineses e novas startups de mobilidade.

Para as empresas tradicionais, o desafio é equilibrar a necessidade de inovação com a realidade financeira, sem comprometer a sustentabilidade dos negócios.

A decisão da Continental é apenas mais um capítulo de um cenário que promete continuar se desenrolando nos próximos anos.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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