Gigante Continental surpreende o mercado ao anunciar a eliminação de 3.000 postos de trabalho até 2026, afetando principalmente sua divisão automotiva. Essa medida drástica evidencia a profundidade da crise que assola a indústria automobilística, com empresas lutando para se adaptar às rápidas mudanças tecnológicas e à intensa concorrência internacional.
A indústria automobilística europeia enfrenta um de seus momentos mais delicados dos últimos anos.
Em meio a desafios econômicos, transição para veículos elétricos e reestruturações financeiras, montadoras e fornecedoras vêm promovendo cortes de custos drásticos.
Dessa vez, a Continental, gigante alemã de autopeças, anunciou uma nova rodada de demissões, que afetará 3.000 funcionários da divisão automotiva até o fim de 2026.
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A decisão, divulgada recentemente, conforme o portal Poder 360, se soma a outras medidas recentes da companhia, que já eliminou milhares de postos de trabalho nos últimos anos.
Reestruturação drástica para conter prejuízos
De acordo com a empresa, as demissões ocorrerão majoritariamente na Alemanha, atingindo diversas unidades produtivas e de pesquisa.
A fábrica de Nuremberg será fechada, e plantas localizadas nos Estados de Hesse e Baviera também sofrerão impactos significativos.
A multinacional justificou os cortes mencionando a crise no setor automotivo da Alemanha, agravada por dificuldades econômicas e pela necessidade de adaptação à nova realidade da mobilidade elétrica.
Nos últimos anos, o mercado automotivo europeu tem enfrentado desafios relacionados à inflação, altas taxas de juros e redução na demanda por veículos a combustão.
Em 2023, a Continental já havia anunciado a eliminação de 7.150 empregos como parte de um plano de reestruturação para reduzir custos operacionais.
Desse total, 5.400 cortes foram feitos na administração e 1.750 no setor de desenvolvimento.
A empresa afirma que cerca de 80% a 90% das demissões previstas naquela ocasião já foram implementadas.
Com os novos cortes anunciados, o total de postos de trabalho eliminados pela companhia ultrapassa a marca de 10.000.
Subsidiária de software também é afetada
Além dos cortes na divisão automotiva, a Elektrobit, subsidiária de software da Continental, também passará por uma redução significativa de pessoal.
Serão eliminados 480 postos de trabalho, sendo 330 apenas na Alemanha.
A Elektrobit desenvolve soluções para softwares embarcados em veículos e vinha sendo uma aposta estratégica da empresa para diversificação do portfólio.
No entanto, o avanço de concorrentes e a necessidade de reduzir despesas levaram a cortes expressivos na operação.
Atualmente, a Continental mantém aproximadamente 31.000 funcionários dedicados à pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo.
A meta da empresa é reduzir os custos nessa área para que representem menos de 10% do faturamento total até 2027.
Ajustes sem reposição de vagas na Continental
Em comunicado oficial, a companhia destacou que as demissões serão conduzidas de forma socialmente responsável, priorizando a não substituição de funcionários que se aposentam ou pedem desligamento voluntário.
A Continental garantiu que os detalhes do processo serão negociados diretamente com sindicatos e representantes dos trabalhadores, buscando mitigar impactos sociais.
Apesar da redução no quadro de funcionários, a empresa afirmou que continuará investindo em inovação para manter sua competitividade no mercado global.
Impactos na indústria automobilística alemã
A crise que afeta a Continental não é um caso isolado. Grandes montadoras e fornecedores da Alemanha têm anunciado cortes de empregos, fechamento de fábricas e mudanças estratégicas para enfrentar um cenário econômico adverso.
A Volkswagen, por exemplo, já promoveu desligamentos e vem reduzindo sua capacidade produtiva em algumas unidades.
A Mercedes-Benz e a BMW também ajustaram operações para se adequar à nova realidade do setor.
A necessidade de investir pesadamente em eletrificação e digitalização tem pressionado a rentabilidade das empresas, levando a medidas drásticas para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.
Críticas de sindicatos e trabalhadores
A decisão da Continental não passou despercebida pelos representantes dos trabalhadores.
Michael Iglhaut, chefe do Conselho Geral Trabalhista da empresa, criticou a medida e expressou preocupação com o impacto das demissões na capacidade de inovação da companhia.
Segundo ele, cortes agressivos em pesquisa e desenvolvimento podem resultar em uma reestruturação muito mais profunda do que o esperado.
“Estamos profundamente preocupados de que os cortes profundos em pesquisa e desenvolvimento automotivo se transformem numa reestruturação abrangente”, afirmou Iglhaut.
Ele ainda destacou que a redução de custos a qualquer preço não representa uma estratégia sustentável para o futuro da empresa.
Na visão do sindicato, o esvaziamento das unidades alemãs enfraquece a divisão automotiva da Continental, impactando sua competitividade global.
Mudanças na estrutura da Continental
Em dezembro do ano passado, a Continental já havia sinalizado a intenção de separar sua divisão de fornecimento automotivo e lançá-la no mercado de ações como uma empresa independente.
A decisão faz parte de um plano de longo prazo para reorganizar a companhia e buscar alternativas para o segmento, que há anos enfrenta dificuldades financeiras.
Caso o projeto seja aprovado pelos acionistas na próxima reunião geral da empresa, a nova entidade poderá realizar uma oferta pública inicial (IPO) ainda em 2025.
A expectativa é que a medida ajude a melhorar a saúde financeira da Continental, permitindo que a empresa foque em outras áreas estratégicas com maior rentabilidade.
Futuro incerto para o setor
A situação da Continental reflete uma tendência preocupante para a indústria automobilística europeia.
O setor enfrenta desafios estruturais que vão desde a pressão regulatória por emissões zero até a concorrência acirrada de fabricantes chineses e novas startups de mobilidade.
Para as empresas tradicionais, o desafio é equilibrar a necessidade de inovação com a realidade financeira, sem comprometer a sustentabilidade dos negócios.
A decisão da Continental é apenas mais um capítulo de um cenário que promete continuar se desenrolando nos próximos anos.