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Vendas de refinarias da Petrobras podem atrasar, em consequência do risco de interferência nos preços dos combustíveis

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 15/10/2021 às 17:21
Refinarias – Petrobras – combustíveis
Refinaria da Petrobras/ Fonte: The Capital Advisor

Os prazos dos contratos de venda das refinarias da Petrobras definidos pelo Cade estão a menos de um mês do prazo estabelecidos.

A menos de um mês do primeiro prazo estabelecido pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a venda de suas refinarias, a Petrobras está com negociações suspensas, para três das oito unidades incluídas em seu plano de desinvestimentos. Para analistas e executivos do setor, o temor de intervenção gerado pelas recorrentes declarações do governo e seus aliados em meio à escalada dos preços, está dificultando as conversas e pode adiar o processo de abertura do segmento de refino para depois da eleição de 2022. Leia ainda esta notícia: Petrobras estuda possibilidade de elevar novamente os preços dos combustíveis nas refinarias

A estatal segue com os planos de vender as refinarias

A Petrobras diz que “segue plenamente comprometida” com a venda de oito refinarias, que representam cerca de 50% da capacidade brasileira de produção de combustíveis, mas internamente já se sabe que os prazos atuais não serão cumpridos. Há um mês, o diretor de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges, chegou a admitir em evento virtual que o risco de interferência política dificulta investimentos em refino no país. A empresa, porém, preferiu não comentar o assunto.

O plano de venda de oito refinarias foi anunciado em junho de 2019, como parte de um acordo com o Cade, para encerrar processo de abuso de poder econômico no mercado de combustíveis. As conversas foram atrasadas pela pandemia, o que levou à prorrogação do cronograma. Inicialmente, a previsão era que todas as negociações estivessem concluídas, com os pagamentos já feitos, até o fim de 2021. Agora, a Petrobras tem até o fim de outubro para assinar os contratos de cinco unidades e até dezembro para assinar o contrato de mais uma.

Outras duas já foram vendidas: a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, foi comprada pelo fundo árabe Mubadala; e a Refinaria Isaac Sabá, no Amazonas, pela distribuidora de combustíveis Atem.

A Petrobras diz manter negociações em andamento para a venda da Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais, da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste, no Ceará, e da Unidade de Industrialização do Xisto, no Paraná. Mas suspendeu este ano as conversas envolvendo a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Refinaria Getúlio Vargas, no Paraná, e a Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul. As três têm prazo final para assinatura de contratos, no fim do mês.

Ofertas que a Petrobras já recebeu

A Refinaria Abreu e Lima, uma das obras símbolo do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato não chegou a receber propostas. Segundo executivos do setor, dificilmente alguém aceitará pagar o suficiente para que a Petrobras recupere o elevado valor da obra feita na virada dos anos 2010. Para a refinaria do Paraná, a estatal chegou a receber propostas, mas avaliou que ficaram abaixo de sua avaliação econômico-financeira. Foi o primeiro processo a ser encerrado pela estatal, ainda no início de 2021.

A última negociação suspensa foi a da refinaria do Rio Grande do Sul, que vinha sendo feita com o grupo Ultra, dono da distribuidora de combustíveis Ipiranga, com forte presença na região Sul. No início do mês, a Petrobras informou que “certas condições críticas não tiveram êxito para um acordo”.

O jornal, Folha de São Paulo, apurou que o risco de interferência política sobre o negócio de refino teve influência para encerrar as conversas. Desde o início do ano, o governo e seus apoiadores têm demonstrado insatisfação com a escalada dos preços dos combustíveis. Em fevereiro, após uma série de aumentos, o presidente, Jair Bolsonaro, demitiu o primeiro presidente da Petrobras em seu governo, Roberto Castello Branco.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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