Com um reator inovador que imita a estrutura do Sol, startup promete transformar a energia de fusão em uma fonte inesgotável para o planeta.
A busca por energia de fusão avança com novas ideias ousadas, e a OpenStar Technologies está liderando um caminho diferenciado. Diferente de outras startups que tentam replicar apenas o poder do Sol, a OpenStar também busca recriar sua estrutura do Sol. Isso inclui o uso de um ímã supercondutor flutuando no vácuo, cercado por gás termonuclear brilhante, criando um cenário que imita o centro da nossa estrela.
Duas semanas atrás, a empresa, com sede na Nova Zelândia, alcançou um marco importante ao produzir seu “primeiro plasma” no protótipo de reator chamado Junior. Esse feito representa uma nuvem de hélio ionizado contida por um ímã supercondutor, flutuando no centro do dispositivo. Embora ainda esteja distante de gerar energia líquida, a OpenStar acredita que sua abordagem pode revolucionar o campo da energia de fusão.
Um reator inspirado no Sol
O Sol realiza fusão graças à sua enorme gravidade, que força núcleos de hidrogênio a se unirem e liberarem energia. Para replicar isso na Terra, muitos pesquisadores usam campos magnéticos para comprimir núcleos de hidrogênio. A inovação da OpenStar está na adoção de um ímã dipolo no centro do reator, uma escolha inspirada na estrutura do Sol e na estabilidade natural dos dipolos magnéticos, como o campo da Terra.
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“O grande diferencial é que os dipolos são naturalmente estáveis, reduzindo complicações na contenção do plasma”, explicou o fundador da OpenStar, Ratu Mataira. No entanto, integrar um ímã supercondutor, que opera em temperaturas próximas ao zero absoluto, em meio a uma reação a 175 milhões de °C é um desafio extremo.
No experimento recente, o ímã foi pré-resfriado a -240 °C, funcionando por 80 minutos antes de necessitar resfriamento. Futuramente, a tecnologia contará com resfriamento interno a hélio líquido e baterias para prolongar o tempo de operação.
Levitação e tecnologia futurista
Outro ponto inovador do Junior é a levitação do ímã supercondutor no centro do reator, uma técnica baseada no experimento LDX do MIT. O LDX, desativado em 2014, provou parte da viabilidade desse conceito, mas nunca alcançou a fusão.
A OpenStar pretende superar essa barreira, com planos de um reator sucessor capaz de estudar tecnologias avançadas para aquecer o plasma e manter reações sustentáveis.
O futuro da energia de fusão
Embora o caminho para a fusão comercial seja longo, a OpenStar tem planos ambiciosos. Mataira projeta unidades comerciais menores, mas eficientes, capazes de produzir 25 a 50 megawatts, ideais para data centers e locais remotos. A tecnologia poderia evoluir para usinas multigigawatts, contribuindo significativamente para a transição climática global.
Especialistas destacam o potencial do conceito. Andrea Di Vita, físico de plasma, aponta que a pressão do plasma em um dipolo é 13 vezes maior do que em tokamaks, aumentando em 150 vezes a energia da reação de fusão.
Apesar dos desafios, Mataira é otimista: “Estamos explorando um conceito baseado na natureza. Pode haver problemas pela frente, mas, no momento, essa abordagem parece ser a mais promissora para alcançar a energia de fusão em escala comercial.”
Com sua abordagem única inspirada na estrutura do Sol, a OpenStar Technologies está desbravando novas possibilidades para tornar a energia de fusão uma realidade.