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‘Perfure, perfure’! Não muito fã de energia limpa, Donald Trump promete ampliar produção de petróleo e isso pode trazer impactos direitos ao Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 12/11/2024 às 12:20
Trump promete aumentar a produção de petróleo, ameaça a energia limpa e pressiona o Brasil a tomar decisões energéticas decisivas.
Trump promete aumentar a produção de petróleo, ameaça a energia limpa e pressiona o Brasil a tomar decisões energéticas decisivas.
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A volta de Donald Trump e suas promessas de mais petróleo abalam a agenda climática global e podem impactar diretamente o Brasil.

Enquanto o mundo tenta avançar no uso de energias renováveis, Donald Trump, ex-presidente dos EUA e atual candidato, lança uma promessa polêmica e, para muitos, perigosa: ampliar drasticamente a produção de petróleo para reduzir os custos de energia nos Estados Unidos.

Essa possível escalada na exploração de petróleo não apenas reacende preocupações ambientais, mas também traz impactos diretos para a estratégia energética global — com destaque para o Brasil.

Essa promessa pode transformar o cenário da transição energética no país e exigir decisões estratégicas que afetam a economia e o meio ambiente. Mas até onde esse novo posicionamento de Trump pode afetar o Brasil?

O plano de Trump: priorizar combustíveis fósseis

Donald Trump quer colocar os EUA novamente na liderança mundial de energia barata.

Ele prometeu reduzir custos energéticos a qualquer preço, ignorando emissões de carbono e defendendo uma postura abertamente pró-petróleo.

Em campanha, Trump não poupou promessas: declarou que estabeleceria uma meta nacional para garantir que os EUA tivessem o menor custo de energia entre os países industrializados.

Sua frase “drill, baby, drill” (algo como “perfure, querido, perfure”) resume bem sua política de incentivo às perfurações.

Segundo o jornal O Globo, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar na produção mundial de petróleo com cerca de 12,9 milhões de barris diários, seguidos pela Rússia e Arábia Saudita.

Nos últimos quinze anos, o fracking — técnica que utiliza água e produtos químicos para extrair petróleo e gás de rochas subterrâneas — se popularizou nos EUA, embora enfrente forte oposição de ambientalistas que denunciam os riscos de contaminação do solo e da água.

Consequências para o mercado global e impacto no Brasil

A promessa de Trump de expandir a produção petrolífera impacta diretamente os preços internacionais.

Se os EUA aumentarem significativamente sua oferta de petróleo, a tendência é que o valor do barril caia.

Isso não apenas afeta o setor nos EUA, mas também traz reflexos para países produtores como o Brasil, que ocupa a oitava posição mundial na produção, com 3,4 milhões de barris diários, conforme o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP).

Para o Brasil, a questão é crítica. O governo Lula vem focando na transição energética, planejando sediar a COP30 em 2025, além de estudar projetos de exploração na Margem Equatorial, uma área sensível no litoral norte.

Essa nova abordagem de Trump, com incentivos ao uso de combustíveis fósseis, pode obrigar o Brasil a reavaliar sua estratégia e até mesmo adiar investimentos em energias renováveis.

Estímulo ao petróleo e a ameaça às fontes renováveis

A postura de Trump preocupa não apenas os defensores do meio ambiente, mas também o setor de energias renováveis. Especialistas alertam que o novo governo pode reduzir incentivos para a energia limpa, como a solar e a eólica, o que dificultará o desenvolvimento dessas tecnologias no Brasil e em outros países. Segundo o consultor Simon Flowers, da Wood Mackenzie, “As expectativas de crescimento de curto prazo para energia eólica, solar e veículos elétricos dependem de incentivos, que provavelmente serão removidos ou modificados”. Ele acredita que o cenário para esses setores se tornará mais complicado com um possível novo governo Trump.

Em meio a essa perspectiva, o Brasil tem a vantagem de possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, mas isso não garante que o país esteja imune aos efeitos dessa política.

Conforme o jornal O Globo, o Brasil precisará buscar formas de financiar sua transição energética, evitando depender de decisões de governos estrangeiros.

Além disso, uma redução global nos incentivos pode tornar os projetos renováveis menos atraentes para investidores, o que representa um risco para o país.

Eletricidade versus combustíveis fósseis: o impacto no setor automobilístico

A possível nova administração de Trump também pode modificar os padrões de emissão para veículos, afetando o setor automobilístico global.

Edmar Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, acredita que a pressão para adotar veículos elétricos pode diminuir.

Para ele, o cenário para os carros elétricos será mais desafiador caso Trump flexibilize as metas de emissões, previstas para 2027.

A estratégia pode incentivar o consumo de derivados de petróleo nos EUA e, por consequência, dificultar a expansão de modelos elétricos em mercados emergentes como o Brasil.

Para o Brasil, essa postura americana implica desafios adicionais. A redução de subsídios à eletrificação pode afetar os preços dos carros elétricos e, com isso, inibir a transição para uma frota mais limpa no país.

A dependência de combustíveis fósseis, nesse cenário, pode aumentar, dificultando o cumprimento das metas de redução de emissões de carbono.

O dilema brasileiro: expandir o petróleo ou investir em renováveis?

O Brasil enfrenta um dilema complexo: expandir a exploração de petróleo e gás ou fortalecer sua política de energias renováveis.

Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), lembra que o Brasil ainda importa uma parcela significativa de energia, assim como os EUA.

Em entrevista ao O Globo, Ardenghy aponta que o aumento da produção de petróleo nos EUA poderia representar uma oportunidade para o Brasil melhorar sua segurança energética, mas também uma pressão para reduzir os custos de suas próprias operações.

Marcus D’Elia, da Leggio Consultoria, acrescenta que, apesar dos esforços globais para reduzir emissões, a demanda por petróleo deve permanecer em alta.

Ele defende que o Brasil utilize suas reservas com responsabilidade, garantindo que a produção seja sustentável e traga benefícios para o país.

O futuro das energias limpas e o papel do Brasil

No cenário atual, especialistas concordam que, se Trump vencer as eleições, a política climática global enfrentará novos obstáculos.

O incentivo à produção de petróleo nos EUA poderá dificultar o avanço das energias renováveis, como eólica e solar, especialmente em países que dependem de parcerias e subsídios internacionais.

O Brasil, por outro lado, precisa decidir seu papel nesse contexto. A Margem Equatorial representa uma possibilidade de expansão da produção petrolífera, mas a decisão de explorá-la exige um debate público sobre os riscos ambientais e as necessidades energéticas do país.

Como conciliar a produção de petróleo com a transição para fontes mais limpas? Para Marcus D’Elia, o planejamento cuidadoso das reservas brasileiras pode ajudar o país a equilibrar segurança energética e compromisso ambiental.

E você, o que acha? O Brasil deveria investir mais em petróleo ou intensificar a transição para energias limpas?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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