Um território rico em fosfato e gás natural, dividido por conflitos históricos, ausente de estatísticas globais e com milhões de minas terrestres: entenda por que o Saara Ocidental é a área mais controversa da África.
Quando você olha para um mapa da África, percebe algo intrigante? Existe uma área que, muitas vezes, aparece sem nome ou com uma linha pontilhada indicando incerteza: o Saara Ocidental. Esse território, com cerca do tamanho do Reino Unido, carrega uma história marcada por conflitos, geopolítica e recursos naturais cobiçados. Mas o que realmente o torna uma das áreas mais misteriosas da África?
O que é o Saara Ocidental?
O Saara Ocidental está localizado na costa noroeste da África, fazendo fronteira com o Marrocos, a Argélia e a Mauritânia. Apesar de ser vasto, grande parte é dominada por desertos áridos. A peculiaridade do território está no fato de ele ser dividido entre o controle marroquino (80%) e a Frente Polisário (20%), uma organização que representa o povo indígena sarauí. Separando as áreas, está o famoso “Berm”, um muro de areia repleto de minas terrestres, simbolizando a hostilidade do conflito.
Um conflito histórico de décadas
A origem da disputa remonta ao período colonial, quando a Espanha dominava o território, conhecido como Saara Espanhol. Com a descolonização no século XX, a Frente Polisário surgiu como uma força que buscava a independência. No entanto, o Marrocos reivindicou a área como parte de seu território histórico, levando a décadas de conflitos armados.
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O ponto crítico foi a decisão da Corte Internacional de Justiça, que declarou que os sarauís tinham direito à autodeterminação. Apesar disso, o Marrocos lançou a Marcha Verde em 1975, pressionando a Espanha a ceder a terra. Desde então, a região vive um impasse, com a ONU tentando mediar um referendo que nunca aconteceu.
O impacto econômico e geopolítico
Além do conflito territorial, o Saara Ocidental é um ponto estratégico por suas riquezas naturais. A região possui vastas reservas de fosfato, usado na agricultura, e gás natural offshore, que atrai o interesse de grandes potências. O Marrocos assinou recentemente acordos para explorar essas reservas, intensificando as tensões com a Frente Polisário e a Argélia.
O “Berm” também reflete o custo humano e militar do conflito. Com milhões de minas terrestres e postos avançados, a área se tornou um dos cenários mais militarizados da África.
Por que o Saara Ocidental está ausente dos mapas?
A ausência do nome do Saara Ocidental nos mapas é um reflexo da ambiguidade política. A maioria dos mapas evita rotular o território para não se posicionar sobre a disputa. A linha pontilhada que marca a fronteira com o Marrocos é um lembrete visual de que o status da região está longe de ser resolvido.
A falta de dados globais dificulta a inclusão do Saara Ocidental em análises econômicas e demográficas. Com um PIB incalculável e uma população que vive em campos de refugiados, a região se tornou um “buraco negro” de informações.
Futuro da região
Embora a ONU tenha mediado um cessar-fogo nos anos 1990, a tensão persiste. A influência de potências como os EUA e Israel, que reconhecem o controle marroquino, contrasta com o apoio da Argélia e da Rússia à Frente Polisário. A resolução do conflito depende não apenas de negociações regionais, mas também de pressões internacionais para respeitar os direitos humanos e a autodeterminação.
O Saara Ocidental é um lembrete de que a luta por justiça e identidade pode ser tão vasta quanto o deserto que o define. Será que um dia essa terra deixará de ser um vazio no mapa-múndi e se tornará um símbolo de resiliência e paz?