Obra sobre trilhos virou alvo de polêmica. Aprovada na gestão do ex-prefeito, a construção levanta suspeitas sobre favorecimento e legalidade. Empresas envolvidas prestavam serviços à prefeitura. Fiscalização acompanha o caso, que pode ter reviravoltas jurídicas e políticas nas próximas semanas!
Uma obra recente, de acordo com o portal Marília Notícias, tem gerado debates acalorados entre os moradores.
Uma construção que avança sobre trilhos ferroviários desativados trouxe à tona discussões sobre desenvolvimento urbano, uso de espaços públicos e os limites entre o interesse privado e o bem comum.
A cidade de Marília, conhecida por seu crescimento acelerado e desafios de infraestrutura, agora se vê diante de uma situação que mescla passado e futuro, tradição e modernidade.
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Construção sobre ferrovia desativada gera polêmica
O ex-prefeito Daniel Alonso (PL) está no centro dessa controvérsia.
Em dezembro de 2024, sua gestão aprovou a construção de um barracão de alvenaria de 3.618,58 m² na zona norte de Marília, destinado a funcionar como depósito de materiais de construção.
O terreno, adquirido por sua família em outubro de 2021 por R$ 3,7 milhões, possui 2,95 hectares e está estrategicamente localizado próximo à ferrovia e à rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294).
Embora a obra tenha sido financiada com recursos privados, ela invadiu uma faixa da ferrovia, o que, em tese, não é permitido.
Além disso, a aprovação do projeto ocorreu em cerca de 40 dias, um prazo considerado curto e que levantou questionamentos sobre a tramitação.
A terraplanagem e o asfaltamento foram realizados por empresas que prestavam serviços para a Prefeitura de Marília na administração passada. Essas informações foram apuradas pelo Marília Notícia.
Aprovação rápida levanta dúvidas
A rapidez na aprovação do projeto chamou a atenção. Segundo o Marília Notícia, a Secretaria de Planejamento Urbano (SPU) da gestão de Alonso autorizou a construção em cerca de 40 dias.
No entanto, não está claro quando exatamente o projeto foi protocolado e sob quais condições recebeu o aval.
Essa celeridade é semelhante à observada em mais de 20 grandes obras aprovadas entre outubro e dezembro de 2024, conforme revelou a atual gestão da SPU ao Marília Notícia.
Intervenção na ferrovia e reações
Um ponto crítico da obra é a construção de duas passagens sobre a ferrovia. Uma delas já foi asfaltada, proporcionando entrada e saída para o futuro barracão pela avenida República.
Este acesso estava fechado com telas em 10 de fevereiro de 2025. Órgãos de fiscalização estão acompanhando o caso, que pode ter desdobramentos políticos e jurídicos nas próximas semanas.
A concessionária responsável pela ferrovia informou que as passagens em nível localizadas na avenida República são irregulares. Em nota ao Marília Notícia, a empresa afirmou:
“Em cumprimento ao caderno de obrigações da Malha Paulista, a empresa está realizando inspeções e verificações das condições de todas as passagens em nível da região, sejam elas oficiais ou não. Após a conclusão deste levantamento, será agendada uma visita à Prefeitura para alinhamento das ações necessárias. Ressaltamos que todas as passagens não oficiais serão fechadas, conforme determinação das normas de segurança ferroviária.”
Posicionamento da família Alonso
Em resposta às críticas, a família Alonso enviou uma nota ao Marília Notícia esclarecendo sua posição.
Eles argumentam que Marília cresceu ao longo da linha férrea e que a transposição dos trilhos sempre foi uma prática comum, utilizada inclusive pelo próprio poder público.
Destacam que o trecho em questão está abandonado há anos, sem qualquer projeto de retomada do transporte ferroviário.
A nota menciona que, recentemente, o próprio ministro dos Transportes anunciou a retirada de trilhos que passam dentro das cidades, uma decisão de caráter técnico e político do governo federal.
A família reafirma que todas as ações realizadas foram feitas dentro da legalidade, seguindo as normas vigentes.
Eles criticam a postura da atual gestão municipal, alegando que as denúncias infundadas partem do grupo que hoje está no poder na cidade, que tenta criar obstáculos para empreendedores e prejudicar o desenvolvimento de Marília.
Esclarecem que, no local, está sendo realizada apenas a terraplanagem e a drenagem do solo, etapas essenciais para preparar o terreno, que é bastante irregular, antes do início da construção.
As empresas contratadas são as que possuem conhecimento para fazer esse tipo de serviço.
Qualquer projeto maior contrataria essas empresas. Reiteram seu compromisso com o progresso da cidade e com a transparência em suas iniciativas.
Contexto histórico e projetos anteriores
A relação de Marília com sua malha ferroviária é histórica. A cidade se desenvolveu ao longo dos trilhos, que por muitos anos foram vitais para o transporte de pessoas e mercadorias.
Com o tempo, porém, muitos trechos foram desativados, e as áreas ao redor das ferrovias passaram por transformações.
Em 2017, durante a gestão de Daniel Alonso, foi apresentado um projeto de Parque Linear para a Rumo Logística, empresa responsável pela linha férrea que passa pela cidade.
O objetivo era revitalizar áreas próximas aos trilhos, criando espaços de lazer para a população e evitando o acúmulo de lixo e ocupações irregulares.
O projeto previa a construção de pistas de caminhada, praças, academias ao ar livre, playgrounds, praças de alimentação, ciclovias e o plantio de árvores, além de iluminação pública.
A proposta também incluía a construção do espaço “Estação Ciência”, um empreendimento que seria apresentado nos meses seguintes.
A Rumo Logística buscava a renovação da concessão da Malha Paulista para viabilizar projetos como a ligação ferroviária Bauru-Marília-Panorama, uma rota de 350 quilômetros.
Desdobramentos futuros
A situação atual levanta questões sobre o uso de áreas ferroviárias desativadas, o processo de aprovação de obras e a transparência na gestão pública.
Enquanto a família Alonso defende a legalidade de suas ações e critica a postura da atual administração, órgãos de fiscalização analisam o caso, que pode ter implicações políticas e jurídicas.