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Não é o BRICS! Este país representa a maior ameaça ao ‘dólar americano’

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 23/12/2024 às 17:38
BRICS, dólar
Foto: tass

BRICS? Que nada! Grande jornal aponta que a principal ameaça ao Dólar americano não é o bloco

A hegemonia do dólar como moeda de reserva global tem sido alvo de questionamentos ao longo das últimas décadas. Enquanto o bloco BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora expandido com novos membros) é frequentemente apontado como um dos principais rivais do dólar, um recente relatório da Bloomberg sugere que o maior perigo para a moeda não está em alianças externas, mas dentro dos próprios Estados Unidos.

A estratégia do BRICS e a ‘desdolarização

A agenda do BRICS pretende criar alternativas à dependência do dólar nos comércios internacionais. Recentemente, membros do grupo declararam interesse em conduzir transações utilizando suas próprias moedas nacionais, reduzindo a influência do dólar em suas economias.

Um exemplo é a China, que busca consolidar o yuan como moeda internacional. O país promove acordos bilaterais e incentiva a adoção do yuan no comércio global.

No entanto, apesar desses movimentos, a influência do dólar permanece dominante. Atualmente, cerca de 58% das reservas cambiais globais estão denominadas em dólares, tornando qualquer tentativa de desdolarização um desafio monumental.

Além disso, a complexidade do comércio internacional é um entrave importante para a substituição do dólar.

Por exemplo, a Índia pode querer importar mais petróleo da Rússia, mas se não houver uma contrapartida de bens indianos para exportar ao mercado russo, a troca em rúpias ou rublos se torna inviável. Isso cria um ciclo de acumulação de moedas nacionais sem utilidade prática.

Sanções e o papel dos EUA no processo de desdolarização

As sanções impostas pelos EUA a diversos países também impulsionam a busca por alternativas ao dólar. Nações como Rússia, Irã e Belarus, frequentemente alvo de sanções unilaterais, procuram formas de realizar transações fora do sistema financeiro dominado pelos americanos.

A necessidade desses países de criar mecanismos independentes se intensifica à medida que os bloqueios financeiros dificultam as relações comerciais.

Nesse cenário, mesmo países aliados aos Estados Unidos começam a considerar a diversificação. Instituições como o Banco de Compensações Internacionais (BIS), controlado por bancos centrais ocidentais, exploraram projetos para transferência de valores sem o uso do dólar, embora muitos tenham sido interrompidos devido a pressões políticas.

O verdadeiro perigo: os próprios Estados Unidos?

De acordo com a Bloomberg, não é o BRICS que representa a maior ameaça ao dólar, mas as próprias políticas americanas. O relatório destaca que o poder do dólar está ligado à confiabilidade dos Estados Unidos, e não às ameaças ou à força bruta.

A economia americana detém um privilégio exorbitante ao controlar as reservas cambiais globais, mas esse privilégio depende da confiança na estabilidade política e financeira do país. No entanto, exageros nas políticas externas e internas ameaçam corroer essa confiança.

Entre os fatores mencionados estão:

  • Sanções: Medidas aplicadas de forma unilateral contra diversos países, que alimentam a busca por alternativas ao sistema dolarizado.
  • Tarifas comerciais: Decisões protecionistas, como o aumento de tarifas, que podem desestabilizar o comércio global.
  • Conflitos geopolíticos: Atitudes confrontadoras que minam a imagem dos EUA como um parceiro confiável.

O documento aponta que políticas impensadas, como as ameaças feitas por Donald Trump para impedir o avanço do BRICS, são contraproducentes.

Em vez de fortalecer o dólar, essas atitudes apenas incentivam outras nações a criar caminhos para escapar da influência dos EUA.

Exemplo prático: o impacto das sanções na Índia

Um exemplo claro do impacto das sanções americanas é o caso da Índia. O país foi forçado a interromper importações de petróleo da Venezuela e, posteriormente, do Irã, devido a restrições impostas pelos EUA.

Com isso, a Índia teve que buscar alternativas para suprir suas necessidades energéticas, enfrentando dificuldades para gerenciar relações comerciais com outros parceiros como a Rússia. Esse cenário reforça o apelo por um sistema menos dependente do dólar.

A dependência global no dólar ainda prevalece

Embora as iniciativas para desdolarização estejam em andamento, a dominação do dólar segue intacta. O poder da moeda americana não está apenas na sua aceitação universal, mas também na confiança depositada na estabilidade econômica e política dos EUA.

Porém, essa confiança tem limites. Medidas como sanções excessivas, tarifas unilaterais e instabilidade política interna são sinais de alerta.

Se os EUA não equilibrarem suas políticas e reforçarem sua credibilidade, o impacto no dólar pode ser irreversível. Essa fragilidade interna é, segundo especialistas, o maior risco à primazia da moeda.

Portanto, a maior ameaça ao dólar americano não está em alianças como o BRICS, mas nas próprias decisões tomadas pelos Estados Unidos.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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