O Brasil, apesar de seu vasto território, abandonou boa parte de sua malha ferroviária ao longo do século 20. Com trilhos subutilizados e investimentos voltados para rodovias, o país perdeu uma oportunidade de integrar regiões e promover o transporte coletivo. Entenda as causas históricas, geográficas e econômicas por trás desse declínio.
Os trens, outrora um símbolo de modernidade e progresso, hoje são uma raridade no Brasil.
Apesar de uma rede ferroviária que atravessa estados e conecta portos ao interior, a malha de trilhos é subutilizada e, em muitos casos, abandonada.
Por que o Brasil, um país de dimensões continentais, não aproveita o potencial de suas ferrovias?
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A resposta está enraizada em uma história marcada por decisões políticas, interesses econômicos e transformações sociais que redesenharam o transporte no país.
O declínio da malha ferroviária
De acordo com o jornalista Bruno Vaiano, da revista Veja, a malha ferroviária brasileira atual conta com 30.660 km de trilhos, segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Em contraste, a malha rodoviária supera 1,7 milhão de quilômetros. Essa desproporção reflete um declínio que começou há décadas.
Na década de 1960, o Brasil atingiu seu pico ferroviário com 38.287 km de trilhos.
Desde então, o crescimento populacional e econômico não foi acompanhado por investimentos na infraestrutura ferroviária.
No início do século 20, entre 1900 e 1914, o Brasil chegou a construir mais de 900 km de trilhos por ano.
No entanto, o auge da manutenção e da confiabilidade das ferrovias ocorreu antes da Primeira Guerra Mundial, quando o sistema era mais robusto e eficiente.
A situação começou a se deteriorar no pós-guerra, com grande parte da infraestrutura já obsoleta.
Os trens e o imaginário popular
As ferrovias desempenharam um papel fundamental na cultura brasileira. Como destaca Vaiano, o futebol no Brasil tem laços profundos com as ferrovias.
Charles Miller, considerado o pai do futebol no país, era filho de um diretor da São Paulo Railway, que transportava café do interior paulista ao porto de Santos.
O esporte chegou ao interior do Brasil por meio dos operários das ferrovias, influenciados pelos imigrantes europeus que introduziram o futebol nas comunidades ferroviárias.
Clubes icônicos como o Ponte Preta, de Campinas, e o Sport Club Rio Grande, o primeiro clube do país, têm suas histórias intimamente ligadas aos trilhos.
A Ponte Preta, por exemplo, ganhou seu nome devido a uma ponte ferroviária de madeira que ficava impregnada pela fuligem das locomotivas a vapor.
Geografia e história: desafios à expansão ferroviária
A geografia brasileira também desempenhou um papel decisivo na limitação das ferrovias. Grande parte do litoral é cercada por serras, dificultando a conexão entre o interior e os portos.
Durante o período colonial, o Brasil foi moldado como uma colônia de exploração, o que resultou na construção de ferrovias voltadas para a exportação de recursos naturais em vez de promover a integração interna.
No final do século 19, o governo de D. Pedro II impulsionou o desenvolvimento ferroviário com apoio de industriais como o Barão de Mauá e de investidores ingleses.
As ferrovias associadas ao café foram lucrativas, mas outras regiões do país não produziram volume suficiente de mercadorias para justificar expansões significativas.
O papel das rodovias
O advento das rodovias no pós-Segunda Guerra Mundial marcou um ponto de inflexão.
Caminhões eram mais flexíveis e baratos, adaptando-se melhor às necessidades de um país de grandes distâncias e infraestrutura limitada.
O governo de Juscelino Kubitschek simbolizou essa transição, com a inauguração de Brasília e a expansão das indústrias automobilísticas no ABC paulista.
Conforme Vaiano ressalta, há teorias conspiratórias que sugerem um complô entre governos e indústrias automobilísticas para o sucateamento das ferrovias.
Contudo, a realidade parece ser menos dramática: a ascensão dos caminhões foi simplesmente mais vantajosa para um país em crescimento econômico e industrial.
O futuro das ferrovias
Hoje, grande parte das ferrovias brasileiras ainda serve ao mesmo propósito do período colonial: transportar recursos naturais, como minério de ferro e soja, para os portos.
Empresas como a Vale continuam a operar linhas ferroviárias lucrativas, mas essas operações têm pouco impacto no transporte de passageiros ou na integração regional.
Para reverter esse cenário, é necessário não apenas expandir a malha ferroviária, mas também integrá-la à vida cotidiana da população.
Isso exige investimentos maciços em infraestrutura, planejamento urbano e políticas públicas que priorizem o transporte coletivo em detrimento do transporte individual.
Reestabelecer o papel das ferrovias no Brasil é um desafio monumental, mas também uma oportunidade de reduzir os custos logísticos, mitigar os impactos ambientais e resgatar um símbolo de identidade nacional.
Você acredita que o Brasil deveria priorizar o transporte ferroviário para promover o desenvolvimento econômico e social? Deixe sua opinião nos comentários!
Bom dia
Acredito que hoje o governo deveria apenas melhorar o sistema Sao Paulo como exemplo, expandir nos dias de hoje só seria gasto de recursos públicos e mais um meio de desvio de dinheiro.
Ferrovias no Brasil é uma necessidade urgente. Melhora a economia, redus poluição, integra populações.
Muito ajuda no transporte de bens, mas mais ainda no transporte da população.
Urgente Ferrovias no Brasil.
Sem dúvidas, a ferrovia seria um grande investimento, devido ao baixo custo, segurança e quantidade transportada.
Ideal para escoar nossa produção agrícola pela dimensão continental de nosso país.