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Mesmo produzindo mais petróleo do que consome, o Brasil ainda paga caro pela gasolina. Descubra como fatores internos e externos influenciam o preço nos postos

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 10/05/2025 às 09:54
gasolina - brasil
Mesmo produzindo mais petróleo do que consome, o Brasil ainda paga caro pela gasolina. Descubra como fatores internos e externos influenciam o preço nos postos

O preço da gasolina subiu mais de 50% entre 2020 e 2022. Veja por que ele continua alto e o que realmente pesa no valor que chega ao seu bolso

Para quem dirige com frequência — ou mesmo para quem apenas consome produtos transportados — o preço da gasolina no Brasil é um fardo constante. A alta no valor do combustível impacta toda a cadeia econômica: eleva o custo do transporte de mercadorias e, consequentemente, encarece quase tudo no mercado. Mas afinal, por que a gasolina brasileira é tão cara, mesmo sendo um país com abundantes reservas de petróleo?

O que é o petróleo e por que ele é tão difícil (e caro) de explorar?

O petróleo é uma mistura natural de hidrocarbonetos originada da decomposição de algas e pequenos organismos marinhos ao longo de milhões de anos. Diferente do que muita gente acredita, dinossauros não têm nada a ver com isso.

Extraí-lo, no entanto, é uma façanha tecnológica. Os reservatórios estão frequentemente a quilômetros de profundidade. No Brasil, a Petrobras domina esse processo. Fundada nos anos 1950, a estatal é hoje uma das maiores petrolíferas do mundo, responsável por mais de 3 milhões de barris diários. No entanto, isso não significa que estamos livres da influência internacional — longe disso.

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Do poço ao posto: para onde vai o seu dinheiro?

Você sabia que, ao abastecer R$ 100 de gasolina, menos da metade vai realmente para a Petrobras? De acordo com dados atualizados da própria empresa, a divisão é aproximadamente a seguinte:

  • Petrobras: R$ 36
  • Distribuição e revenda: R$ 17
  • Etanol anidro: R$ 13
  • Impostos federais: R$ 22
  • Impostos estaduais: R$ 11

Isso mostra que quase metade do preço vem de políticas internas, especialmente tributos. O restante depende de variáveis globais.

O impacto do dólar e do barril no seu bolso

Apesar da produção interna robusta, o Brasil ainda importa derivados de petróleo. Isso se deve à nossa baixa capacidade de refino — as refinarias são poucas, antigas e adaptadas para petróleo pesado, enquanto o pré-sal brasileiro oferece petróleo leve, mais nobre, mas pouco aproveitado aqui.

Consequência? Vendemos parte do nosso petróleo bruto ao exterior, compramos de volta já refinado… e pagamos em dólar. Com isso, qualquer instabilidade global pode fazer o preço disparar por aqui.

Foi o que aconteceu na guerra da Ucrânia, quando o barril atingiu quase US$ 140. Ou durante a pandemia, que primeiro derrubou a demanda, e depois causou um efeito rebote com aumentos de até 50% entre 2020 e 2022.

O problema da política de preços

Até recentemente, a Petrobras utilizava a chamada Política de Paridade de Importação (PPI), que atrelava o preço interno dos combustíveis diretamente ao mercado internacional. Em 2023, a estatal abandonou a PPI, adotando uma nova política de preços que leva em conta fatores internos e regionais.

Apesar disso, a redução no preço médio da gasolina foi de apenas 5%, segundo análises do próprio setor.

Em 16 de maio de 2023, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou o fim da Política de Paridade de Importação (PPI), que fazia com que os combustíveis tivessem preços alinhados aos do mercado internacional, mesmo sendo produzidos no Brasil por uma estatal.

As possíveis soluções (e seus desafios)

1. Mais refinarias?

Uma resposta óbvia seria construir novas refinarias modernas, capazes de processar o petróleo leve do pré-sal. Mas isso demandaria bilhões em investimento e décadas para se concretizar.

2. Investimento em energia limpa

Outra solução está na substituição gradual dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. Energia solar, eólica e o uso de carros elétricos são promessas reais. No entanto, esses também têm desafios — como o impacto ambiental das baterias — e demandam infraestrutura.

3. Transporte público de qualidade

Reduzir o número de carros nas ruas é uma das maneiras mais eficazes de cortar o consumo de gasolina. Cidades com transporte público eficiente consomem menos combustível e oferecem melhor qualidade de vida.

Uma transição inevitável

O petróleo é o ouro negro do século XX, mas pode não ser o combustível do futuro. Ainda hoje, sua influência é tamanha que conflitos em países distantes interferem diretamente no orçamento do brasileiro em qualquer canto do país. Mas à medida que energias renováveis se tornam mais viáveis, tanto ecologicamente quanto economicamente, a tendência é que a dependência do petróleo — e os preços voláteis da gasolina — diminuam.

Como em toda transição, haverá custos e resistência. Mas o cenário atual não é sustentável, e o futuro exige mudanças ousadas.

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Quanto custa o litro da gasolina na sua cidade hoje? Deixe nos comentários e acompanhe com a gente a evolução desses preços.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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