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Mesmo com crises recorrentes na Argentina, pobreza no Brasil continua sendo maior

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/12/2024 às 17:11
A pobreza no Brasil supera a da Argentina, mas mudanças econômicas impactam os dois países em 2024. Entenda os números e desafios.
A pobreza no Brasil supera a da Argentina, mas mudanças econômicas impactam os dois países em 2024. Entenda os números e desafios.

Apesar de crises na Argentina, o Brasil ainda registra níveis de pobreza mais altos. Enquanto Milei promove ajustes drásticos no país vizinho, Lula foca em políticas sociais e recuperação econômica. Será que o Brasil conseguirá vencer esse desafio histórico ou seguirá atrás da Argentina?

Enquanto a Argentina enfrenta uma onda de crises econômicas, mudanças drásticas no governo e medidas de ajuste, o Brasil, mesmo apresentando avanços, ainda registra níveis mais altos de pobreza.

Essa contradição entre os dois países desperta questionamentos e revela um panorama social e econômico complexo que vai além das estatísticas frias.

No centro desse cenário, está a comparação entre os dois países feita pelo FGV Social, que revelou dados surpreendentes sobre a situação da pobreza em 2022.

Segundo a pesquisa conduzida pelo economista Marcelo Neri, enquanto 10,9% dos argentinos viviam abaixo da linha da pobreza, no Brasil, essa proporção alcançava 23,5%, quase o dobro.

Para a análise, o estudo utilizou um parâmetro único: uma renda mensal abaixo de R$ 666 por pessoa.

Cenários distintos: o filme da pobreza nos dois países

De acordo com Neri, ao jornal Folha de S. Paulo, a trajetória da pobreza no Brasil e na Argentina seguiu rumos distintos na última década.

Em 2011, sob o governo de Cristina Kirchner, 9,1% da população argentina estava em situação de pobreza, enquanto no Brasil, com Dilma Rousseff, esse número era de 31,6%.

Durante o primeiro mandato de Dilma, houve uma redução da pobreza no Brasil, enquanto na Argentina os índices permaneceram estáveis.

Contudo, em 2015 e 2016, a crise econômica que atingiu o Brasil trouxe reflexos claros nos indicadores sociais, aumentando a pobreza.

Do outro lado da fronteira, a Argentina também viu um aumento significativo durante o governo de Mauricio Macri, com uma alta contínua na gestão de seu sucessor, Alberto Fernández.

Uma exceção nesse “filme” ocorreu em 2020, durante a pandemia, quando o Brasil implementou o Auxílio Emergencial.

Nesse período, o índice de pobreza caiu para 18,7%, aproximando-se do número argentino, que era de 15,4%. Esse momento, no entanto, foi temporário.

O impacto dos governos Lula e Milei em 2024

Em 2024, o cenário entre os países voltou a divergir.

No Brasil, as políticas sociais e o crescimento do PIB projetado contribuíram para reduzir a pobreza, com o índice caindo para 27,4%, conforme dados recentes do IBGE.

Segundo especialistas, o desempenho da economia brasileira deve consolidar essa tendência de melhora.

Na Argentina, por outro lado, a chegada de Javier Milei à presidência trouxe medidas de ajuste econômico ultraliberais, focadas em controlar a inflação.

Apesar de alguns avanços nesse aspecto, as políticas tiveram um impacto severo nos indicadores sociais.

No primeiro semestre de 2024, a pobreza atingiu impressionantes 52,9% da população, segundo o Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos). Isso representa 15,7 milhões de argentinos, sendo 4,3 milhões de lares.

Por que os índices são tão diferentes?

Uma das explicações para as discrepâncias entre os índices de pobreza está na metodologia usada para os cálculos.

No Brasil, o IBGE avalia renda e outros indicadores socioeconômicos, enquanto na Argentina, o Indec considera fatores como acesso a alimentação, vestuário, transporte, saúde e educação.

Conforme Neri, a série histórica da FGV Social tenta equilibrar as diferenças ao adotar uma mesma métrica para ambos os países.

Essa divergência metodológica gerou controvérsias até mesmo entre os líderes políticos argentinos.

Alberto Fernández, antecessor de Milei, chegou a criticar os dados do Indec, alegando que os números eram inflados por respostas errôneas dos entrevistados.

“Não acredito que sejam 40% de pobres”, afirmou Fernández, antes de deixar o poder. Já Milei, ao assumir, manteve o economista Marco Lavagna à frente do Indec, mas também não poupou críticas ao órgão.

O desafio do equilíbrio entre responsabilidade fiscal e social

Conforme analistas, a Argentina enfrenta hoje o dilema de equilibrar ajustes fiscais necessários com políticas sociais efetivas.

“A combinação entre responsabilidade fiscal e social é o maior desafio”, explica Neri.

Para o economista, esse equilíbrio é essencial para evitar que a população mais vulnerável continue sendo a maior prejudicada pelas políticas econômicas.

No Brasil, embora a pobreza ainda seja maior em termos proporcionais, o país dá sinais de melhora consistente.

,A expectativa de crescimento econômico e a continuidade de políticas voltadas à redistribuição de renda prometem reduzir ainda mais os índices em 2024.

Um cenário em constante mudança

Os dados mais recentes mostram que, enquanto o Brasil está conseguindo reverter parcialmente seus indicadores de pobreza, a Argentina, sob ajustes drásticos, enfrenta um agravamento.

Contudo, os desafios permanecem gigantes para ambos os países.

A luta contra a pobreza exige não apenas políticas econômicas eficazes, mas também estratégias sociais de longo prazo.

E você, acredita que o Brasil está no caminho certo para combater a pobreza ou precisamos de políticas ainda mais ousadas? Comente abaixo!

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Eudes
Eudes
08/12/2024 21:47

Enquanto o Brasil não tiver uma política séria de contenção de gastos, esssa diminuição da pobreza será temporária não resolvendo o real problema. Gastos públicos, geram inflação e inflação faz o pobre ficar mais pobre.

Carlos Marques
Carlos Marques(@carlmarx373)
Member
Em resposta a  Eudes
21/12/2024 23:11

O que é ou, o que são gastos públicos? Gastar com pobre não.pode mas dar dinheiro, muito dinheiro pra rico pode? Isso é gasto público?

Sem nome
Sem nome
10/12/2024 12:11

Esses dados contradizem o Indec, instituto de pesquisa oficial da Argentina em que a pobreza é registradas em mais de 50% da população Argentina…

Onildo
Onildo
10/12/2024 13:14

E o que você queria? A Argentina tem uma população do mesmo número da torcida do Flamengo e o Brasil com 210 milhões de pessoas, você, ****, iria querer que o número fosse maior ? Lógico que não né passador de pano .

Osgarsch
Osgarsch
Em resposta a  Onildo
22/12/2024 08:36

O seu comentário é totalmente enganador pous o índice é em percentual.

Carlos Marques
Carlos Marques(@carlmarx373)
Member
21/12/2024 23:07

Aqui em casa sobra dinheiro. Estamos fazendo poupança. Economia de vento em popa. Fizemos uns ajustes. Banhos somente frios. Afinal, faz calor. Nao pode passar de três minutos. Televisão só liga na hora da novela. E somente uma funciona. Carne uma vez por semana. Bife uma vez por mês. Cerveja idem. Refrigerante está proibido. Somente suco natural de frutas que existirem por aqui. Ninguém pode ficar doente. Qualquer problema, vai pra fila do SUS. Aprendemos com o Milei. Faça você também. Quem sabe sobra algum no fim de ano?

Osgarsch
Osgarsch
Em resposta a  Carlos Marques
22/12/2024 08:44

Melhor seria a primeira dama parar de esbanjar o dinheiro público e o seu presidente parar de viajar pelo mundo torrando o suado dinheirinho dos pagadores de impostos. Por fim, colocar alguem competente para tocar a economia. Aí, com certeza, você e sua família experimentariam uma melhora de vida significativa.

komyku dyotario
komyku dyotario
Em resposta a  Osgarsch
22/12/2024 19:10

Essa narrativa de GASTANÇAS não cola mais , basta fazer uma consulta no site da transparência pública do Tesouro Nacional, lá tem todas as informações sobre as contas públicas.

Osgarsch
Osgarsch
22/12/2024 08:41

Putz, só tem **** comentando. É porque a materia escancara as mazelas que esse desgoverno (que tem uma primeira dama que gasta dinheiro a rodo) está fazendo com economia e os pobres do nosso país.Quanto mais pobre melhor.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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