O avanço econômico do Mato Grosso traz uma preocupação crescente: a escassez de mão de obra. Em Cuiabá, a falta de profissionais qualificados tem se tornado um desafio para empresas de diversos setores.
O avanço econômico de Mato Grosso, impulsionado pelo comércio, pela indústria e pelo agronegócio, tem gerado uma preocupação crescente: a escassez de mão de obra. Em Cuiabá, a falta de profissionais qualificados tem se tornado um obstáculo para empresas de diversos setores. A situação ocorre porque o crescimento populacional não tem acompanhado o ritmo da expansão econômica.
De acordo com dados do IBGE divulgados em 2024, o Estado vive um momento chamado de pleno emprego, onde praticamente todos que buscam trabalho encontram uma ocupação rapidamente. No entanto, isso resulta em um número insuficiente de profissionais para preencher todas as vagas disponíveis, impactando a produtividade das empresas.
Agronegócio e migração contribuem para a escassez
Dois fatores são apontados como agravantes da falta de mão de obra na capital mato-grossense: a migração de trabalhadores para regiões do agronegócio e a carência de qualificação profissional.
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Júnior Macagnam, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá, explica que, apesar de o agronegócio não ser um grande gerador de empregos diretos, ele atrai muitas empresas, criando cidades polo que absorvem a força de trabalho.
“Isso agravou a falta de mão de obra em Cuiabá, pois aumentou a oferta de empregos, mas a população não cresceu na mesma proporção”, diz Macagnam.
O impacto dessa situação pode ser facilmente observado no comércio da capital. Em diversos bairros, supermercados, restaurantes, farmácias e lojas exibem placas anunciando vagas abertas. No bairro Goiabeiras, por exemplo, o supermercado Astra Mix mantém um aviso de contratação desde julho do ano passado, buscando profissionais para funções como operador de caixa, repositor e auxiliar de limpeza.
Setor de bares e restaurantes enfrenta dificuldades
O setor de alimentação também sofre com a falta de mão de obra. O empresário Giuliano Belo, dono do Cupim Bar e integrante da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), relata que há mais de um ano sente dificuldades para contratar funcionários.
“Estou no ramo há 21 anos e nunca vi um período tão difícil como agora. Muitos profissionais migraram para aplicativos de transporte e entrega, buscando flexibilidade”, comenta.
A exigência de trabalhar aos fins de semana e feriados é outro fator que dificulta a contratação no setor. Segundo Belo, embora ainda não tenha havido casos de fechamento de restaurantes por falta de funcionários em Cuiabá, cidades do interior já enfrentam essa realidade.
“Em Sinop e Sorriso, há relatos de empresas que abriram e fecharam por não conseguirem profissionais. Quando a vaga exige uma especialização, como sushiman, a dificuldade é ainda maior”, afirma.
Empresas buscam soluções para atrair trabalhadores
Diante do desafio da escassez de mão de obra, os empresários têm adotado estratégias para atrair e reter talentos. Júnior Macagnam ressalta que uma das principais iniciativas tem sido investir na qualificação de novos profissionais.
“Muitas empresas estão ofertando o primeiro emprego e treinando os colaboradores para fidelizá-los. Além disso, benefícios como vale-alimentação, plano de saúde e bonificações estão sendo utilizados para manter a equipe motivada”, explica.
O empresário Giuliano Belo também aposta nessa estratégia. “Criamos oportunidades para quem busca o primeiro emprego. No nosso segmento, é possível crescer rapidamente. Já tivemos casos de funcionários que se tornaram gerentes em dois ou três anos”, destaca.
Imigração e busca por mão de obra no Nordeste
Enquanto alguns profissionais deixam Cuiabá em busca de oportunidades no agronegócio, trabalhadores vindos de outras regiões ajudam a amenizar a situação. A capital mato-grossense tem recebido imigrantes venezuelanos, haitianos e bolivianos, que encontram oportunidades no mercado local.
“Tenho venezuelanos na minha empresa e os resultados têm sido muito bons. Investimos em capacitação e treinamento, e eles se adaptaram bem”, afirma Macagnam.
Outra alternativa adotada por empresários tem sido recrutar mão de obra em estados do Nordeste, onde as taxas de desemprego são mais altas. “Temos trazido muitos jovens do Maranhão, pois a concorrência por empregos lá é maior. Aqui, eles têm melhores oportunidades”, explica Belo.
A falta de mão de obra segue como um desafio para Cuiabá, exigindo que empresas se adaptem às novas dinâmicas do mercado de trabalho. Investir na qualificação profissional e em condições de trabalho atrativas será essencial para equilibrar a oferta e a demanda por empregos na capital mato-grossense.
Fonte: MidiaNews