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Engenheiros antigos construíram um monumento com pedras que pesavam tanto como dois Boeing 747

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 08/01/2025 às 20:18
pedras
Foto: Reprodução
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Arqueólogos estudam como engenheiros da antiguidade moveram pedras gigantescas, comparáveis ao peso de dois Boeing 747, para construir um impressionante monumento.

Com uma história que remonta a 5.600 anos, o Dólmen de Menga, localizado no sul da Espanha, é um monumento impressionante que desafia a compreensão moderna sobre as capacidades dos engenheiros neolíticos.

Este monumento megalítico é composto por 32 pedras colossais, cada uma muitas vezes maior do que as usadas em Stonehenge, outra icônica maravilha da Idade da Pedra.

A maior dessas pedras pesa aproximadamente 150 toneladas métricas – o equivalente ao peso de uma baleia azul. No total, o conjunto de megálitos atinge impressionantes 1.140 toneladas.

Costumo dizer aos meus alunos que o peso total ultrapassa o de dois aviões Boeing 747 carregados com combustível e passageiros”, explica Leonardo García Sanjuán, professor de pré-história da Universidade de Sevilha e coautor de um estudo recente sobre o monumento.

A pesquisa, publicada na revista Science Advances, apresenta os avanços tecnológicos surpreendentemente sofisticados utilizados para construir o dólmen.

Um total de 32 pedras foram transportadas para o local a partir de uma pedreira a menos de um quilómetro de distância antes de serem erguidas. (Miguel Ángel Blanco de la Rubia)

Precisão milimétrica e engenharia sofisticada

O Dólmen de Menga possui dimensões impressionantes: 25 metros de comprimento e 5 metros de largura em seu ponto mais largo.

O estudo revelou que as pedras verticais que formam as paredes do monumento foram cuidadosamente inclinadas em um ângulo uniforme de 84 a 85 graus, tornando o teto mais estreito que o piso.

Essa precisão exigiu ferramentas como níveis de prumo e esquadros, demonstrando um conhecimento avançado de geometria.

Mike Parker-Pearson, professor da University College London, destacou que “a precisão dos ângulos é milimétrica”, comparando a disposição das pedras a um quebra-cabeça de Tetris.

Cada pedra foi ajustada para apoiar as demais, formando uma estrutura coesa. Um detalhe revelador do estudo mostra que as pedras verticais foram embutidas no solo até um terço de sua altura, provável resultado do uso de contrapesos para garantir estabilidade.

Construção em etapas complexas

Para construir o dólmen, os engenheiros neolíticos seguiram um processo organizado em etapas. Primeiro, escavaram fundições profundas para as pedras verticais, utilizando contrapesos para erguê-las. Em seguida, colocaram cinco enormes pedras de remate no teto, transformando a estrutura em uma câmara fechada. Finalmente, a rocha interna foi esculpida para formar o espaço interno desejado.

Após a conclusão da estrutura, o monumento foi coberto com um monte de terra. Essa cobertura não apenas protegeu a câmara do frio e da umidade, mas também forneceu suporte adicional, funcionando como um colete de forças para aumentar a estabilidade.

Finalidade e significado

Embora a função exata do Dólmen de Menga não seja totalmente compreendida, acredita-se que ele tenha servido como templo e túmulo. Poucos vestígios arqueológicos foram encontrados no local, mas sua construção robusta sugere um desejo de permanência.

Segundo Parker-Pearson, esses monumentos de pedra eram frequentemente associados à ideia de eternidade, abrigando os mortos e conectando os vivos aos antepassados.

Outro aspecto é a resistência do dólmen a atividades sísmicas. Localizado em uma região sismicamente ativa, o monumento foi projetado para suportar possíveis terremotos, demonstrando o conhecimento geológico de seus construtores.

Transporte de pedras gigantes

Uma questão intrigante é como os engenheiros neolíticos transportaram pedras tão massivas. Pesquisas recentes identificaram uma pedreira a cerca de 850 metros do monumento como a origem das pedras. A topografia favorável permitiu que as pedras fossem movidas por um declive suave.

Os pesquisadores sugerem que os construtores criaram uma estrada rudimentar para minimizar o atrito, utilizando postes ou tábuas de madeira espaçadas no solo. As pedras foram transportadas em trenós de madeira, puxados por grandes cordas.

A orientação precisa do monumento também sugere que a construção foi meticulosamente planejada, com o eixo das pedras alinhado ao longo de um caminho descendente.

Ciência neolítica

O estudo do Dólmen de Menga oferece uma visão fascinante da ciência neolítica. Apesar de viverem em uma época em que ferramentas eram feitas de pedra e não havia linguagem escrita, esses povos demonstraram um conhecimento profundo de física, geometria e geologia.

García Sanjuán destacou: “Essas pessoas entendiam as propriedades das rochas e os princípios da fricção e dos ângulos. Isso é ciência pura”.

Em um contexto em que a agricultura estava apenas começando a se consolidar, o Dólmen de Menga se destaca como um exemplo de gênio criativo e avanço tecnológico. Segundo García Sanjuán, “um engenheiro moderno provavelmente não conseguiria replicar essa estrutura com os recursos existentes há 6.000 anos”.

Essa obra monumental segue sendo uma das maiores maravilhas da engenharia neolítica, perpetuando um legado que continua a inspirar e intrigar pesquisadores e historiadores em todo o mundo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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