A EDP, empresa portuguesa de energia, está com planos de realizar investimentos bilionários no setor de hidrogênio verde e já mira na Alemanha como seu principal cliente.
A EDP manterá o Brasil como uma rota essencial para seus investimentos globais no setor de energia, mesmo após ter fechado capital de sua subsidiária local, e avalia novas apostas ligadas à transição energética, com uma nova usina de hidrogênio verde com foco na exportação à Europa, principalmente para a Alemanha, segundo informações do CEO global da companhia portuguesa.
EDP anuncia investimentos de R$ 30 bilhões em hidrogênio verde
A elétrica realizou na última semana o leilão de compra de ações para destilar a EDP Brasil da B3, em uma iniciativa que movimentou 4,4 bilhões de reais e ampliou a 87,9% a fatia do grupo controlador no capital social total da subsidiária brasileira.
Segundo Miguel Stilwell, CEO da EDP, o movimento faz parte da estratégia de simplificar sua estrutura empresarial e impulsionar o crescimento dos negócios no Brasil, onde o grupo EDP atua com duas plataformas, sua subsidiária de negócios integrados em energia e a EDP Renováveis, que cria e opera grandes usinas renováveis.
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Segundo o executivo, reafirmando projeções recentes de investimentos no Brasil, serão investidos cerca de R$ 30 bilhões ao longo dos próximos 5 anos, com foco em assegurar que estas duas plataformas atuassem o mais unidas possível.
Ao mesmo tempo, a companhia já começou a explorar novas frentes no mercado nacional e observa boas condições para avançar com um novo projeto de produção de hidrogênio verde, combustível considerado importante para a transição energética de setores de difícil descarbonização, tendo como principais clientes a Alemanha, por exemplo.
Brasil pode produzir hidrogênio verde por preço acessível a outros países
O executivo afirma que a empresa está participando de um leilão de hidrogênio verde na Alemanha, que seria para ter um projeto industrial no país e exportar. Entretanto, Stilwell não forneceu detalhes sobre capacidade produtiva e investimentos potenciais.
O empreendimento deve envolver um consórcio da EDP, que entraria como fornecedora da energia sustentável necessária para a produção de hidrogênio verde, com empresas especializadas em outras áreas, como química e de transporte de gases. Um país como o Brasil, que conta com todos esses recursos naturais para a energia renovável, consegue produzir hidrogênio verde muito barato.
Em referência a um projeto-piloto já operacional da EDP no complexo cearense, o executivo afirmou que foi produzida a primeira molécula de hidrogênio na América latina perto de sua central de Pecém. A Alemanha está liderando o primeiro leilão da Europa de amônia verde, um derivado do hidrogênio renovável. A licitação se apresenta como uma chance importante para projetos no país, visto que comprará apenas combustível renovável produzido fora dos países da União Europeia.
EDP busca expandir seus negócios tradicionais no Brasil
Além dos investimentos em hidrogênio verde para exportação para a Alemanha, a EDP também foca em expandir seus negócios nos segmentos tradicionais no setor elétrico brasileiro, com foco na área de geração, onde é visto um grande potencial para a fonte de energia solar, tanto em grandes projetos centralizados, quanto nas pequenas usinas distribuídas.
Stilwell reconheceu que o mercado de usinas está cada vez mais desafiador para lançamento de novos empreendimentos de geração de energia atualmente, sobretudo por uma pressão na cadeia de fornecedores, entretanto afirma que a EDP não tem tido problemas dessa natureza nos projetos no Brasil. O executivo também afirmou que a empresa pode se desfazer de algumas hidrelétricas que têm sociedade com a China Three Gorges Corporation (CTG) e a Elebtroas, mas ressaltou que não está com pressa.