A BR-381, a famigerada “Rodovia da Morte”, terá R$ 10 bilhões em investimentos após concessão federal. A assinatura do contrato gerou críticas políticas a Romeu Zema, ausente na cerimônia, e comparativos entre gestões estaduais e federais. Melhorias incluem duplicações, novas passarelas e tarifas menores para usuários.
Por anos, a BR-381 carregou o sombrio apelido de “Rodovia da Morte”, marcada por curvas sinuosas, acidentes fatais e promessas de solução que nunca saíram do papel.
A esperança de transformação finalmente ganhou forma em janeiro de 2025, quando o governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o contrato de concessão para revitalização e administração da rodovia.
O evento, no entanto, foi palco de intensos debates políticos, com críticas dirigidas à oposição e comparações entre modelos de gestão estadual e federal.
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Um evento marcado por tensões políticas
Na cerimônia de assinatura, realizada no Palácio do Planalto, o presidente Lula aproveitou o momento para rebater críticas de opositores e destacar as realizações de seu governo.
Entre os principais alvos das críticas estavam os governadores Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul).
A ausência de Zema no evento foi duramente criticada por Lula e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
Lula não poupou palavras ao criticar a postura de Zema em relação ao Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados), afirmando que o governador deveria reconhecer os benefícios oferecidos pelo governo federal.
“Esse acordo da dívida de Minas Gerais deveria ser motivo de celebração. Talvez apenas Jesus Cristo fizesse algo semelhante a isso se fosse presidente deste país”, disse Lula.
Procurada, a assessoria de Zema justificou a ausência mencionando compromissos pré-agendados, como a inauguração do Samu Aéreo em Juiz de Fora e reuniões com prefeitos locais.
Contudo, o ministro Renan Filho não poupou críticas: “É uma priorização política contra o interesse do cidadão mineiro. Quando se dá uma solução para a Rodovia da Morte, é o momento de estar presente e reconhecer o esforço.”
Concessão da rodovia: o que muda na BR-381
Conhecida pela alta taxa de acidentes, a BR-381 atravessa 13 cidades mineiras em um trecho de 303,4 km entre Belo Horizonte e Governador Valadares.
A concessão à Concessionária Nova 381 prevê investimentos de R$ 10 bilhões ao longo de 30 anos, com uma série de melhorias planejadas para o traçado.
Entre as mudanças estão:
- Duplicação de 106 quilômetros;
- Construção de 83 quilômetros de faixas adicionais;
- Implantação de 23 passarelas para pedestres;
- Criação de áreas de escape e Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros.
A rodovia é atravessada por um fluxo médio de 24,7 mil veículos diários, e a expectativa é que as intervenções reduzam os altos índices de acidentes.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, entre 2018 e 2023, ocorreram 3.960 acidentes no trecho, resultando em 420 mortes.
Modelos de concessão em debate
Durante o evento, o ministro Renan Filho criticou os modelos de concessão adotados em estados como São Paulo, geridos pelo governador Tarcísio de Freitas.
Segundo Renan, o modelo paulista prioriza o lucro estatal, resultando em tarifas de pedágio mais altas.
“Em São Paulo, o custo médio é de R$ 19 a cada 100 km rodados, enquanto nas rodovias federais o valor médio é de R$ 10, com maior qualidade na infraestrutura”, afirmou.
A concessão por menor tarifa – modelo adotado pelo governo federal – elimina a cobrança de outorga, privilegiando tarifas menores para os usuários.
Já o modelo de outorga exige pagamento ao governo, encarecendo o pedágio e permitindo o uso do recurso em outras áreas.
Resposta da oposição
Romeu Zema reagiu às críticas por meio das redes sociais, enfatizando que seu foco está em resultados e não em eventos protocolares.
“Quando as máquinas estiverem na pista e os trechos forem inaugurados, estarei à disposição. Prometeram essa obra por 188 meses e não entregaram,” escreveu.
O governador também rebateu as cobranças de gratidão ao governo federal.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, também foi mencionado nas críticas do ministro Rui Costa, que pediu mais responsabilidade ao comentar programas federais.
Impacto econômico da concessão
Para Emir Cadar Filho, vice-presidente da Fiemg e presidente do Conselho de Infraestrutura da instituição, a concessão é um marco histórico para Minas Gerais.
“Há mais de 30 anos os mineiros aguardavam por essas obras. Agora, teremos mais conforto e segurança, além de fomentar o desenvolvimento da região”, afirmou.
A modernização da BR-381 promete não apenas salvar vidas, mas também impulsionar a economia regional, facilitando o escoamento de produtos e ampliando oportunidades de negócios.
Pergunta ao leitor: Você acredita que a concessão da BR-381 será suficiente para resolver os históricos problemas de infraestrutura e segurança da rodovia? Comente abaixo!