Na última quinta-feira (22), uma notícia surpreendente assolou o mercado da carne bovina brasileira: a confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como “vaca louca”, no Pará.
A vaca louca é uma doença atípica, que surge espontaneamente na natureza em gado mais velho, não causa risco para os rebanhos e nem para o ser humano, mas a confirmação do caso gerou grande preocupação entre os frigoríficos brasileiros e iniciou uma corrida para suspender os abates em diversas regiões do país.
Para evitar o impacto da doença no mercado internacional, o Ministério da Agricultura comunicou o caso à Organização Mundial de Saúde Animal (OMAS) e enviou amostras para um laboratório de referência situado em Alberta, no Canadá. Como resultado, as exportações de carne bovina brasileira para a China foram suspensas temporariamente a partir desta quinta-feira (23).
De acordo com analistas ouvidos pela Reuters, as indústrias já estavam reduzindo drasticamente suas compras desde segunda-feira, quando o caso da vaca louca começou a ser investigado. Com isso, o preço dos bois gordos caiu cerca de 10%, causando prejuízos para pecuaristas e frigoríficos brasileiros.
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“Estamos num momento crítico”, disse João Paulo Botelho Ribeiro, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). “Precisamos ter calma e aguardar os resultados dos testes que foram enviados para Alberta”.
Enquanto isso, autoridades sanitárias brasileiras buscam identificar a origem do caso suspeito e tomar medidas cabíveis para evitar que a doença se alastre por outros estados do país. Por enquanto, é possível afirmar que os problemas causados pelo surto da “vaca louca” no Brasil já afetaram milhares de famílias direta e indiretamente.
O governo brasileiro decidiu impor um auto-embargo às exportações de carne bovina para a China para evitar qualquer risco de contaminação
Como consequência, as gigantes da indústria alimentícia brasileira, JBS, Marfrig e Minerva, paralisaram suas operações. Os abates programados também estão sendo suspensos em todo o país e os preços da arroba estão estabilizando.
A situação é particularmente preocupante para o Estado do Pará, onde o “boi China” é cotado em 226 reais por arroba no mercado à vista e 228 reais a prazo – valores significativamente inferiores aos 296 reais a prazo praticados em São Paulo.
Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria, afirmou que “abates no país todo estão sendo suspensos desde a suspeita da doença”. Ele também destacou que os contratos do boi gordo no mercado futuro recuaram quase 3% na B3.
Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, disse que “grande parte das indústrias frigoríficas sequer divulgou preços para a arroba”. Aedson Pereira, analista da S&P Global, acrescentou que “isso preocupa não só o pecuarista, mas gera uma preocupação da própria indústria pela possibilidade de não conseguir dar vazão à produção de carne”.
Esta crise representa um grande desafio para o setor pecuário brasileiro e exige medidas urgentes para controlar e evitar a disseminação da doença. O governo já anunciou que vai intensificar os testes nos rebanhos bovinos para ser capaz de identificar precocemente casos suspeitos e assim evitar que se espalhem pelo país. É preciso implementar precauções específicas para proteger os rebanhos nacionais e tranquilizar os compradores internacionais.