1. Início
  2. / Automotivo
  3. / BYD corre risco ser processada no Brasil por motivo inusitado: vender carros muito baratos
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 18 comentários

BYD corre risco ser processada no Brasil por motivo inusitado: vender carros muito baratos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 07/02/2025 às 14:54
Anfavea acusa montadoras chinesas de dumping, alegando que GWM e BYD vendem veículos abaixo do custo, ameaçando a indústria nacional.
Anfavea acusa montadoras chinesas de dumping, alegando que GWM e BYD vendem veículos abaixo do custo, ameaçando a indústria nacional.

A Anfavea está em pé de guerra contra as gigantes chinesas GWM e BYD, acusando-as de práticas desleais ao venderem carros a preços irrisórios no Brasil. Com importações que superam exportações pela primeira vez em anos, o mercado automotivo nacional enfrenta uma ameaça sem precedentes.

O mercado automotivo brasileiro está passando por transformações significativas nos últimos anos.

A crescente presença de veículos importados, especialmente os provenientes da China, tem gerado debates intensos entre especialistas e entidades do setor.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) expressou preocupações sobre o impacto dessa tendência na indústria nacional.

Em 2024, pela primeira vez desde 2014, as importações de veículos superaram as exportações em 60 mil unidades.

As vendas de carros chineses no Brasil aumentaram 299% no ano, passando de 32,2 mil para 105.763 unidades.

A participação dos veículos chineses nas importações totais subiu de 10% para 26%, enquanto a da Argentina caiu de 64% para 48%.

No acumulado de janeiro a agosto de 2024, as importações de veículos registraram crescimento de 35%, com 279.578 unidades comercializadas internamente, ante as 207.110 do mesmo período de 2023.

Aumento das importações chinesas

A China assumiu a liderança nas vendas de carros para o Brasil no primeiro semestre de 2024, com 129.933 veículos vendidos de janeiro a junho, representando um aumento de 717% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Essa quantidade corresponde a 57,5% do total de automóveis de passageiros importados pelo Brasil no período, ultrapassando a Argentina, que vendeu 41.628 unidades.

Preocupações com o estoque elevado

A Anfavea alertou para um estoque recorde de 81,7 mil carros chineses eletrificados no país, volume que supera as 72.476 unidades comercializadas no Brasil de janeiro a agosto de 2024.

Esse cenário levanta preocupações sobre possíveis distorções no mercado brasileiro, como excesso de promoções e impacto na competitividade das montadoras locais.

Investigações sobre práticas de preços

A Anfavea está preparando documentos para apresentar ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), visando investigar práticas de preços das montadoras chinesas GWM e BYD.

A principal alegação é a prática de dumping, que ocorre quando produtos são vendidos por um valor inferior ao custo de produção, prejudicando o equilíbrio competitivo do mercado local.

Em 2024, GWM e BYD foram responsáveis por 60% das vendas de carros eletrificados importados, com 76.800 e 29.200 unidades vendidas, respectivamente.

Investimentos chineses no Brasil

Paralelamente, as montadoras chinesas estão investindo significativamente no Brasil.

A BYD adquiriu a antiga planta da Ford em Camaçari, Bahia, e está transformando-a em um importante centro de produção para a América Latina.

A Great Wall Motor (GWM) também está investindo no país, convertendo uma antiga instalação da Mercedes-Benz em seu centro sul-americano.

Esses movimentos fazem parte de uma estratégia mais ampla para contornar tarifas restritivas e tensões comerciais em outros mercados, focando em regiões em crescimento, como a América Latina.

Desafios trabalhistas da BYD

No entanto, nem tudo são boas notícias para as montadoras chinesas no Brasil. A BYD enfrentou um escândalo trabalhista em sua planta na Bahia, onde 163 trabalhadores chineses foram resgatados em condições análogas à escravidão.

O incidente levou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil a suspender a concessão de vistos temporários para a BYD, representando um desafio significativo para a empresa em sua expansão internacional.

Perspectivas futuras

O aumento expressivo das importações de veículos chineses e os investimentos das montadoras da China no Brasil indicam uma mudança no panorama automotivo nacional.

Enquanto essas empresas buscam expandir sua presença no mercado latino-americano, entidades como a Anfavea estão atentas aos possíveis impactos na indústria local e na competitividade do mercado.

As investigações em andamento e as discussões sobre práticas de preços serão cruciais para determinar o futuro desse setor no país.

Para especialistas, a entrada massiva de veículos chineses no Brasil está redefinindo o cenário automotivo nacional.

Embora os investimentos tragam oportunidades de crescimento e desenvolvimento, é essencial equilibrar esses avanços com a proteção da indústria local e a garantia de condições justas de mercado.

As próximas decisões regulatórias e empresariais serão determinantes para o futuro do setor automotivo brasileiro.

  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
23 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo
Inscreva-se
Notificar de
guest
18 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Wilson Antônio Guarnieri
Wilson Antônio Guarnieri
08/02/2025 07:22

Precisamos saber se os preços dos carros fabricados no Brasil estão de acordo com o rendimento dos compradores no Brasil.
Não esqueçamos que a ANFAVEA é um sindicato das montadoras no Brasil.
Deve ser respeitado a lei da oferta e da procura. Se há muita oferta, realmente o preço cai.

Mauro
Mauro
08/02/2025 12:56

Cada um faz o preço que bem entender

Ricardo Marques
Ricardo Marques
08/02/2025 15:23

Só um detalhe: Qual indústria automotiva local, realmente é local? Fiat é italiana, GM é americana, Honda e Toyota são japonesas, Hyundai é coreana, BMW é alemã, Peugeot é francesa. E por aí segue seguem tantas outras. E todas elas montam alguns modelos aqui no Brasil e importam outros. Qual é mesmo a diferença entre estas e a BYD? Ah! Tah! A BYD ainda não faz parte do sindicato, né? Ainda não está “no esquema”

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x