Reservas de petróleo no Suriname e na Guiana alimentaram expectativas quanto ao potencial energético na Margem Equatorial Brasileira
Ministro de Relações Exteriores, Negócios Internacionais e Cooperação Internacional do Suriname, Albert Ramdin, realizou uma visita de trabalho a Brasília no último dia 13 de agosto. Na visita Brasil se mostra disposto a colaborar com o desenvolvimento da exploração de petróleo e gás no país vizinho. Trata-se de sua primeira visita ao Brasil desde que assumiu o cargo de chanceler. A autoridade surinamesa foi recebida no Itamaraty pelo Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Alberto Franco França.
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O encontro foi a primeira oportunidade que os chanceleres terão para discutir, presencialmente, temas das agendas bilateral, regional e interamericana, inclusive a estabilidade e a democracia na região, e as próximas eleições para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Brasil pode colaborar com Suriname no setor do petróleo, diz ministro
Nas relações com o Suriname, destacam-se iniciativas relacionadas à cooperação técnica e energética. Este último campo apresenta grande potencial, em função da experiência brasileira no setor e das recentes descobertas de petróleo e gás no Suriname.
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“Falamos sobre as recentes descobertas de petróleo e gás no Suriname e sobre a disposição brasileira em colaborar para o desenvolvimento de indústria local que possa gerar benefícios para o Suriname e para sua população”,disse França, após encontro a portas fechadas com Ramdin. “Comentamos alguns contatos bilaterais nesta área que já foram realizados, e eu afiancei a disposição do Itamaraty em coordenar missões e diálogos entre empresas e agências brasileiras com contrapartes no Suriname.”
Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), a antiga colônia holandesa vem despontando como um novo ator petrolífero sul-americano, ampliando, junto com a Guiana, “as expectativas mundiais em relação ao potencial energético e econômico da região”.
Grandes petrolíferas internacionais já compraram blocos de petróleo no Suriname
No Suriname, os principais blocos marítimos já foram adquiridos por grandes petrolíferas internacionais, como ExxonMobil, Statoil e Hess, por meio de acordos de partilha de produção assinados com a estatal surinamesa Staatsolie.
No fim de julho, a TotalEnergies e a Apache Corporation anunciaram ter encontrado petróleo em mais um poço da costa do Suriname, o Sapakara South-1, no Bloco 58. “Esses resultados positivos repetidos confirmam nossa estratégia, que visa a grandes volumes de recursos [extraídos] a baixos custos de desenvolvimento”, disse o vice-presidente sênior de exploração da TotalEnergies, Kevin McLachlan.
“As recentes descobertas de reservas de petróleo nas áreas marítimas das nações ao norte da América do Sul têm atraído a atenção das grandes petrolíferas do mundo, contribuindo para modificar a geopolítica da região e fortalecendo, nesse caso, a importância da Guiana e do Suriname como robustos produtores de petróleo”, afirma o instituto, em análise de conjuntura publicada em seu site.
Reservas de óleo e gás no Suriname e na Guiana alimentaram expectativas quanto ao potencial energético na Margem Equatorial Brasileira
Além dos efeitos geopolíticos, as reservas encontradas no Suriname e na Guiana alimentaram expectativas quanto ao potencial energético das bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão/Barreirinhas e Potiguar, situadas na chamada Margem Equatorial Brasileira. Estudos realizados pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), com base em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apontam semelhanças geológicas entre as bacias sedimentares brasileiras e as dos dois países vizinhos – fato que, para os especialistas, é um forte indício da presença de petróleo e gás também no lado brasileiro.
“Importante ressaltar que o nosso lado da Margem Equatorial se localiza no mesmo contexto geológico da Guiana e do Suriname e, dentro desse processo, em função das descobertas na Margem Equatorial no lado desses países [Guiana e Suriname], temos grande interesse e urgência em conhecer o potencial do nosso lado”, declarou o diretor da ANP, Raphael Moura, durante seminário virtual realizado no último dia 4.
“A ANP acredita no potencial da Margem Equatorial Brasileira como catalisador do desenvolvimento regional, em especial do Norte e do Nordeste brasileiros. Quem sabe não conseguiremos reproduzir o sucesso dos nossos vizinhos Guiana e Suriname? Para atingir esse objetivo, precisamos de um esforço conjunto e de colaboração da indústria, da academia, do regulador e de políticas de governo. São necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e nossas universidades têm um papel central nesses esforços para que possamos converter o potencial da atividade em prosperidade para a sociedade brasileira”, acrescentou Moura.