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Alemães apostam no Brasil, investindo R$ 50 milhões para transformar o país em um dos líderes na produção de do combustível sustentável de aviação (SAF)

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/11/2024 às 14:12
combustível sustentável de aviação
Foto: Reprodução

Com um aporte de R$ 50 milhões, o Brasil se posiciona como um dos principais centros de produção de combustível sustentável de aviação, liderado por investimentos alemães.

O Brasil deu mais um passo em direção à descarbonização do setor aéreo. No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei do Combustível do Futuro, um acordo marcante foi firmado entre a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e a Geo Biogás & Carbon para a construção de uma fábrica de SAF (combustível sustentável de aviação) em São Paulo.

A iniciativa, que conta com um investimento total de 7,8 milhões de euros (aproximadamente R$ 50 milhões), tem o objetivo de fomentar a produção de SAF (combustível sustentável de aviação) no Brasil, com perspectivas de alcance global. Do montante, 1,5 milhão de euros (R$ 9,5 milhões) foram disponibilizados pelo governo alemão, que busca consolidar o SAF como uma alternativa viável ao querosene de aviação tradicional.

combustível sustentável de aviação

Uma unidade-piloto promissora

Localizada em Narandiba, interior de São Paulo, a unidade-piloto está programada para iniciar suas operações em 2025. A expectativa é produzir até 270 mil litros de SAF por ano. A GIZ, em parceria com a Geo Biogás & Carbon, liderará o projeto por três anos, período em que a metodologia será testada e ajustada para viabilizar a produção em escala comercial.

De acordo com Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil, implementado pela GIZ, o Brasil possui vantagens incomparáveis para a produção de SAF.

Não existe, no meu conhecimento, algum outro país que tenha esta combinação de energia renovável, potencial enorme e, ao mesmo tempo, esse carbono que precisamos para a produção de SAF e outros produtos, como metanol verde”, destacou Francke.

Por que o Brasil atrai investimentos no setor de combustível sustentável de aviação?

O Brasil apresenta características únicas que tornam o país ideal para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis. Além de dispor de fontes abundantes de energia renovável, a agroindústria nacional gera resíduos orgânicos em volume significativo, que são convertíveis em biocombustíveis.

No caso da unidade de Narandiba, o biogás será utilizado como matéria-prima principal para a produção do SAF.

Não é a primeira vez que o país europeu investe em projetos de SAF no Brasil. Em outras localidades, como Natal, Goiânia e Foz do Iguaçu (PR), a GIZ já apoia iniciativas semelhantes, utilizando matérias-primas como glicerina e resíduos agroindustriais.

Esses esforços refletem o compromisso do governo alemão em testar e implementar soluções sustentáveis que possam ser replicadas globalmente.

Os desafios da produção de SAF

Embora o SAF ofereça uma redução de até 80% nas emissões de carbono em comparação ao querosene tradicional, sua produção ainda enfrenta desafios significativos. Entre eles estão os altos custos e a insuficiência de volume para atender à demanda crescente do setor aéreo.

O caso recente envolvendo a companhia Azul exemplifica bem a situação. Durante a cerimônia de sanção da Lei do Combustível do Futuro, planejava-se o pouso de uma aeronave abastecida com SAF na Base Aérea de Brasília.

No entanto, a demonstração não foi possível devido à falta do combustível no mercado nacional. Esse episódio evidencia o longo caminho que ainda precisa ser percorrido para alinhar as expectativas às realidades operacionais.

O papel da legislação e as metas futuras

A nova Lei do Combustível do Futuro estabelece um cronograma ambicioso para a descarbonização do setor aéreo brasileiro. Até 2027, as companhias aéreas deverão reduzir suas emissões em 1%, com uma meta progressiva que alcança 10% em 2037. A medida busca incentivar a produção e o uso de combustíveis alternativos, como o SAF, e colocar o Brasil na vanguarda da aviação sustentável.

Globalmente, a Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) estabeleceu a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. Para isso, soluções como o SAF desempenharão um papel crucial, especialmente em países como o Brasil, que têm potencial para liderar o fornecimento global desse recurso.

A parceria entre o Brasil e a Alemanha, simbolizada pela fábrica em Narandiba, é um marco para a indústria de aviação sustentável. Apesar dos desafios, a união entre tecnologia, inovação e recursos naturais pode impulsionar a produção de combustíveis limpos em larga escala, contribuindo para um setor aéreo mais verde.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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