Ferrovia Transnordestina promete transformar o Nordeste, mas empresários duvidam que ela será concluída até 2027. O projeto, que envolve R$ 14,9 bilhões, cinco mil empregos e impacto no PIB de R$ 7 bilhões, depende de ações coordenadas entre governo e setor privado.
A Ferrovia Transnordestina é frequentemente apresentada como uma grande promessa para transformar o cenário econômico do Nordeste brasileiro, mas o projeto continua envolto em polêmicas e desconfianças.
Apesar das constantes promessas, um grupo de empresários do setor industrial e agrícola acredita que a ferrovia pode nunca ser concluída, ao menos nos próximos cinco anos.
Essa incerteza se reflete nas conversas que circulam nos bastidores das reuniões empresariais. Afinal, será que a Transnordestina é apenas mais um “sonho das mil e uma noites”?
- R$ 500 por dia? AGU exige R$ 260 milhões em indenização para consumidores da ENEL em São Paulo
- Importante rodovia (BR) terá ponte que ligará cidades para desafogar o trânsito na região!
- Israel fecha contrato de US$ 5,2 bilhões com a Boeing para receber uma versão personalizada do caça F-15, com avanços estratégicos em capacidade de carga, armamentos e sistemas de defesa
- Novo aeroporto promete gerar 15 mil empregos, transformar transporte aéreo e atender 185 milhões de viajantes
Desafios e promessas frustradas
De acordo com o jornal Diário do Nordeste, para empresários cearenses, um dos maiores obstáculos para acreditar na conclusão do projeto é o histórico de promessas não cumpridas.
Em abril de 2024, a direção da Transnordestina Logística S/A garantiu ao presidente Lula que os trens estariam operando até 2027, mas a desconfiança persiste.
As dificuldades logísticas e financeiras da obra são grandes, e a falta de avanço significativo em estados vizinhos, como o Piauí, agrava ainda mais as dúvidas sobre a viabilidade do projeto.
Em uma reunião recente, um dos empresários destacou que, em seu investimento na aquicultura no Piauí, não há qualquer menção ao projeto.
Esse silêncio é um sinal claro de que, até o momento, pouco ou nada foi realizado na região.
A promessa de que as primeiras cargas seriam enviadas pelo Porto do Pecém já em 2025 também parece distante da realidade.
A visão positiva: quando a ferrovia pode mudar o Nordeste
Por outro lado, há quem veja a obra com otimismo.
Alguns empresários afirmam que, uma vez finalizada, a Transnordestina pode revolucionar a economia do Nordeste.
O projeto visa conectar importantes regiões produtoras, desde o Piauí até o porto de Pecém, no Ceará, facilitando o escoamento de produtos agrícolas, minerais e industriais para o mercado externo e interno.
Segundo esses empresários, a ferrovia também trará grandes oportunidades para cidades como Iguatu, Quixeramobim e Quixadá, onde as obras já estão em andamento e a população local mantém expectativas positivas.
A Construtora Marquise, responsável pela execução das obras no Ceará, é uma empresa experiente, com um histórico de grandes projetos de infraestrutura no Brasil.
Impacto econômico e social: empregos e qualificação
De acordo com informações divulgadas pelo governo, a Transnordestina será um marco para a geração de empregos e a qualificação da mão de obra na região.
Com 1.206 km de extensão e passando por 53 municípios, a ferrovia prevê um investimento total de R$ 14,9 bilhões, com potencial para criar cinco mil empregos diretos.
O impacto econômico no semiárido nordestino é estimado em cerca de R$ 7 bilhões anuais no Produto Interno Bruto (PIB).
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, afirmou que o governo está comprometido com a qualificação profissional, especialmente entre os beneficiários do Bolsa Família.
“O Qualifica PAC, uma parceria entre os governos federal, estadual e o setor privado, está formando profissionais nos canteiros de obras da Transnordestina”, disse o ministro.
Isso mostra que o projeto também tem um papel social importante, além de seu impacto econômico.
Uma região estratégica para o Brasil
O projeto da Transnordestina não se limita apenas ao escoamento de grãos.
A ferrovia conectará uma região conhecida como MATOPIBA, que inclui os cerrados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, uma das áreas que mais crescem economicamente no Brasil.
Além de grãos, a região é rica em jazidas minerais e tem forte potencial para a fruticultura.
Desde o início das obras, em 2006, o projeto passou por vários percalços, incluindo paralisações e mudanças no planejamento.
No entanto, com a retomada após acordos com o Tribunal de Contas da União (TCU), o governo federal, sob a liderança do presidente Lula, garantiu que o projeto será concluído até 2027.
Lula reforça compromisso com a conclusão da obra
Durante uma visita à região de Iguatu, no Ceará, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou seu compromisso em terminar as obras da ferrovia.
Para ele, a conclusão da Transnordestina é vital para a integração intermodal do Brasil, reduzindo a dependência do transporte rodoviário.
Segundo Lula, “um país produtivo precisa de rodovias, ferrovias e hidrovias de qualidade para baratear os custos de transporte”.
O presidente ainda garantiu que, do ponto de vista do governo, todos os acordos serão cumpridos e que não faltarão recursos para finalizar o projeto.
A previsão é que a ferrovia esteja operando até o final de 2026 ou início de 2027.
O futuro da ferrovia Transnordestina está nas mãos do governo e do setor privado
Apesar do otimismo de alguns e da desconfiança de outros, o futuro da Ferrovia Transnordestina depende de uma combinação de esforços entre governo, empresas privadas e investidores.
A integração entre os modais rodoviário e ferroviário é fundamental para o sucesso do projeto, e o Porto do Pecém será peça-chave nessa operação.
Ainda restam dúvidas sobre se o governo federal conseguirá cumprir todas as promessas, mas a necessidade de diversificação do transporte no Brasil e de melhorias na infraestrutura é clara.
O que está em jogo é o futuro econômico do Nordeste e a capacidade do Brasil de se tornar mais competitivo no mercado global.
Com tantas promessas e desafios, será que a Ferrovia Transnordestina finalmente sairá do papel até 2027? O impacto que esse projeto pode ter na economia nordestina será suficiente para garantir sua conclusão?