1. Início
  2. / Construção
  3. / Obra milionária inutilizada! Ponte de 1.727 metros na BR-153, que custou R$ 233 milhões, está pronta, mas sem acessos, tornando-se símbolo do desperdício público no Brasil
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 15 comentários

Obra milionária inutilizada! Ponte de 1.727 metros na BR-153, que custou R$ 233 milhões, está pronta, mas sem acessos, tornando-se símbolo do desperdício público no Brasil

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 12/01/2025 às 11:10
Obra milionária inutilizada! Ponte de 1.727 metros na BR-153, que custou R$ 233 milhões, está pronta, mas sem acessos, tornando-se símbolo do desperdício público no Brasil
Imagem gerada por inteligência artificial

Ponte de 1.727 metros na BR-153, construída por R$ 233 milhões, vira exemplo de desperdício público no Brasil: obra pronta, mas sem acessos, permanece inutilizada e causa indignação.

Uma ponte imponente, com 1.727 metros de extensão, está pronta sobre o Rio Araguaia, conectando os municípios de São Geraldo do Araguaia (PA) e Xambioá (TO) pela rodovia BR-153. No entanto, essa obra, que custou aos cofres públicos R$ 233 milhões, permanece inutilizável devido à ausência de acessos. A promessa do Governo de uma ligação essencial para o transporte e a economia da região está paralisada por falta de planejamento e entraves burocráticos. Confira o posicionamento do DNIT a respeito da ponte inutilizável.

Uma ponte sem caminho

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) afirma que a construção da ponte está 99% concluída, faltando apenas pavimentação asfáltica e sinalização. O problema? Os acessos, tanto do lado do Pará quanto do Tocantins, estão com apenas 2,2% das obras concluídas. Moradores da região veem a estrutura imponente, mas não têm como utilizá-la.

Essa situação já se arrasta por anos. A ordem de serviço foi assinada em 2017, mas as obras começaram efetivamente apenas em 2020 devido a disputas judiciais. Desde então, os prazos anunciados pelo governo vêm sendo constantemente adiados.

Investimentos crescentes e promessas não cumpridas na rodovia pelo Governo

Desde o início das obras, os custos subiram significativamente. Em julho de 2024, o investimento acumulado era de R$ 215 milhões. Apenas um mês depois, o valor chegou a R$ 233 milhões, um aumento de R$ 485 mil por dia em média. Apesar dos gastos, os prazos continuam sendo descumpridos.

Promessas recentes indicavam que a ponte seria liberada ao tráfego em novembro de 2024 por meio de uma rampa provisória. Porém, essa previsão não se concretizou. Agora, o DNIT afirma que as desapropriações de terrenos para os acessos só devem ser resolvidas até março de 2025, atrasando ainda mais a conclusão.

Quem é responsável e principais impactos gerados

A responsabilidade pela ponte foi dividida entre dois contratos: um para a construção da estrutura de concreto armado, liderado por um consórcio de empresas, e outro para os acessos e iluminação, sob a gestão da Teto Construtora S.A.. Essa separação pode ter contribuído para a falta de coordenação entre as etapas do projeto.

Especialistas questionam essa estratégia. Segundo um engenheiro consultado pela reportagem, “um único consórcio deveria ser responsável por toda a obra, desde a ponte até os acessos. Isso evitaria atrasos e problemas de integração entre as diferentes partes do projeto”.

Enquanto a ponte não é liberada, moradores e transportadores continuam dependendo de balsas para atravessar o Rio Araguaia. Esse método, além de custoso, é mais demorado e menos eficiente. Um morador da região desabafou: “A gente paga pela travessia e espera por uma ponte que prometeram sem pedágio. Só acredito vendo”.

A ponte é crucial para o escoamento de produtos agrícolas e outras mercadorias entre o Pará e o Tocantins, prometendo reduzir custos logísticos e impulsionar a economia local. A demora na conclusão da obra representa uma oportunidade perdida para o desenvolvimento regional.

A falta de planejamento no Brasil

A situação da ponte na BR-153 ilustra um problema recorrente em grandes obras no Brasil: a falta de planejamento integrado. Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas, comparou o caso à construção de um prédio sem entrada. “Você tem um belo edifício, mas ninguém consegue entrar porque falta autorização para construir a entrada. São sete anos e três governos diferentes para uma ponte de 1,7 km”, criticou.

Ele também destacou a disparidade em relação a outros países. “Enquanto o Brasil leva anos para concluir uma ponte, a Índia construiu uma rodovia de 1.300 km com várias faixas de rolamento, pontes e viadutos em apenas cinco anos.”

O que pode ser feito?

O DNIT afirmou que está trabalhando para resolver as desapropriações necessárias e que as chuvas também dificultam o andamento das obras. No entanto, a falta de prazos claros e confiáveis gera desconfiança entre os moradores e usuários da rodovia.

Para evitar que situações como essa se repitam, especialistas defendem maior integração entre as etapas de planejamento e execução das obras, além de transparência nos cronogramas e nos custos. “O Brasil tem pressa de obras prontas, mas não consegue concluir nem as quase finalizadas”, ressaltou Rizzotto.

  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
46 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo
Inscreva-se
Notificar de
guest
15 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Mário Parreiras de Faria
Mário Parreiras de Faria
12/01/2025 11:31

Ah!! O DENIT. Sempre o DENIT . Na BR 381 em Minas no sentido de Ipatinga temos viadutos de pista dupla prontos a anos e que levam nada a lugar nenhum. Fora túneis com quebra molas na entrada e na saída! Um escândalo. É assim que a banda toca neste nosso sofrido Brasil!!

Danilo
Danilo
13/01/2025 09:54

Absurdo, passei ha dias por esta ponte. E inacreditável. E olha , estão construindo outra em Marabá.

Omar Cirino de Souza
Omar Cirino de Souza
13/01/2025 10:27

O (des)governo central, nessa trama, chama-se Bolsonaro, que nunca se preocupou com questoes legais. Deixaco PEPiNO para outto.

Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x