Mercado de trabalho brasileiro enfrenta um impasse: empresários lutam para contratar, mas trabalhadores recusam empregos formais por medo de perder benefícios sociais. Em um desabafo viral, a empresária Marisa Granchelli expõe a crise da mão de obra, criticando a postura da geração Z e alertando para o futuro da aposentadoria.
Em meio a um cenário econômico desafiador, onde o desemprego atinge níveis historicamente baixos, uma contradição inquietante emerge no mercado de trabalho brasileiro: empresas de diversos setores enfrentam dificuldades significativas para contratar e reter profissionais qualificados.
Essa realidade levanta questionamentos sobre os fatores que contribuem para a escassez de mão de obra, mesmo em um país com uma força de trabalho abundante.
Um exemplo emblemático dessa situação é o relato de Marisa Granchelli, empresária de quase 60 anos, proprietária da floricultura R.M. Flores, em Holambra (SP).
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Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, com mais de 130 mil visualizações, Marisa expressa sua frustração com a dificuldade de encontrar funcionários dispostos a trabalhar de forma registrada.
“A gente não acha ninguém para trabalhar”, lamenta a empresária. “A maioria já tem algum tipo de auxílio do governo e não quer ser registrada para não perder esse benefício.”
Desafios com a mão de obra jovem
Além da escassez de candidatos, Marisa destaca as dificuldades em lidar com funcionários mais jovens. Segundo ela, muitos se sentem ofendidos com feedbacks construtivos, tornando o ambiente de trabalho desafiador.
“Quando contrata alguém mais jovem, a gente não pode falar mais nada, porque elas acham que estamos ofendendo”, diz ela no vídeo
Convocação para trabalhadores mais experientes
Diante desse cenário, Marisa faz um apelo para que pessoas mais velhas, mesmo aposentadas, considerem retornar ao mercado de trabalho.
“Quem quiser, de 60, 70 anos, estiver com uma boa saúde, mesmo que esteja aposentado, pode vir procurar aqui a R.M. Flores.”
Impacto dos benefícios sociais na contratação
A empresária também alerta sobre a dependência excessiva de auxílios governamentais e sugere que essa escolha pode trazer consequências negativas a longo prazo.
“Cuidado, pessoal, quem está se iludindo porque ganha algum tipo de bolsa do governo e acha que está sendo muito bom.”
“Lamento informar que daqui uns anos vocês vão se arrepender, porque não vão conseguir se aposentar.”
Panorama nacional da escassez de mão de obra
A situação enfrentada por Marisa não é isolada. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), realizada em outubro de 2024, 58,7% das empresas brasileiras relataram dificuldades para contratar ou reter profissionais.
No setor da construção civil, assim como tem publicado o portal CPG, esse percentual chega a 60,4%.
Setores mais afetados e principais desafios
A pesquisa da FGV IBRE indica que a falta de profissionais qualificados é mais pronunciada nos setores de indústria, comércio, serviços e construção civil.
A principal dificuldade apontada pelas empresas (64,9%) é a falta de qualificação, especialmente em áreas técnicas e engenharia.
Estratégias adotadas pelas empresas
Para contornar essas dificuldades, muitas empresas têm investido em capacitação interna (44%) e oferecido benefícios adicionais (32%).
No entanto, essas medidas nem sempre são suficientes: 21,5% das empresas relataram a necessidade de ampliar a carga horária dos funcionários e 17% mencionaram atrasos nas entregas devido à falta de pessoal.
No setor da construção civil, 21,1% das empresas reportaram atrasos e 18% operam abaixo da capacidade ou recusam novos contratos por falta de mão de obra.
Consequências econômicas e sociais
A escassez de profissionais afeta a economia como um todo. A necessidade de oferecer salários mais altos para atrair talentos pode levar ao aumento dos custos operacionais, que muitas vezes são repassados aos consumidores, contribuindo para a inflação.
Além disso, projetos importantes podem ser adiados ou cancelados devido à falta de pessoal, impactando negativamente o crescimento econômico e o desenvolvimento de infraestrutura.
Para especialistas no assunto, a situação descrita por Marisa Granchelli e corroborada por pesquisas nacionais destaca a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas privadas focadas na formação e qualificação profissional.
Alinhar as habilidades da força de trabalho às demandas do mercado é essencial para superar os desafios atuais e garantir um desenvolvimento econômico sustentável.
Nesse sentido, a contradição entre a baixa taxa de desemprego e a dificuldade das empresas em encontrar mão de obra qualificada no Brasil pode revelar desafios estruturais no mercado de trabalho.
Histórias como a de Marisa Granchelli evidenciam a necessidade de uma mudança na mentalidade sobre o trabalho formal, promovendo maior qualificação profissional e melhores oportunidades para o futuro.
Quem sabe se pagarem melhor e pararem de explorar, as pessoas se interessem. Trabalhei numa empresa que ganhava 1 milhão por ano, e pagava 1000 reais por mês.
Eu acho que tudo que relata a reportagem é super verdade Sou empresária também e passo pela mesma situação aqui no Rio grande do Sul. E concordo que os programas sociais governamentais estão afetando diretamente esse setor. Assim diminuindo a mão de obra e tornando quase escassez. E uma opinião minha pessoal é não tirar os benefícios governamentais sociais , mas deixar que a pessoa que ganhe seu filho possa assinar carteira sem perder que é a principal motivo que faz as pessoas não assinar a carteira como CLT.
É só pagar um salário justo. Maioria dos empregos são sem carteira assinada e com salário menor que o mínimo… aí não dá.