Incertezas econômicas mundiais tornam mercado petrolífero instável e volátil. Cortes voluntários de produção da Opep+ não são suficientes para combater a percepção de queda na demanda causada pela desaceleração econômica da China.
Especialistas alertam para possíveis quedas nos preços do petróleo devido à fraca demanda da China no primeiro trimestre de 2023. Mesmo com os cortes de produção voluntários da Opep+, que tenta evitar uma queda nos preços, o mercado ainda está agitado e preocupado com a possível desaceleração econômica global.
No início de abril, a aliança da Opep anunciou cortes voluntários de produção totalizando 1,16 milhão de barris por dia, que promoveram um aumento inicial dos preços do petróleo no mercado global. O Brent saltou 6%, para US$85, e o WTI alcançou a marca de US$80 por barril. Porém, passadas três semanas, os preços voltaram ao patamar em que se encontravam no final de março, com o Brent sendo negociado abaixo de US$80 por barril, segundo relatório da Folha de São Paulo.
Os bancos e seus departamentos de análise previram, no final de 2022, que o petróleo retornaria aos três dígitos em 2023, pela possibilidade da demanda superar a oferta. No entanto, os indicadores de demanda industrial da China permaneceram mistos no primeiro trimestre de 2023, o que levanta preocupações sobre o estado da economia mundial. Com base nas informações sobre as operações de refino, importações de petróleo e exportações de produtos derivados da China, tudo indica que a demanda local foi fraca, aumentando os estoques.
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Embora exista a possibilidade de a China estar armazenando o produto para o final do ano, quando a expectativa é que os preços subam, também pode ser que a demanda local esteja aquém das expectativas. É bem possível que as autoridades chinesas implementem medidas de estímulo para aumentar a demanda industrial, mas isso pode não ser suficiente, caso a economia mundial desacelere.
Indicadores econômicos aquém das expectativas nos EUA e na UE geram reações negativas nos preços do petróleo.
Cada indicador econômico aquém das expectativas nos EUA e na UE tem gerado reações negativas nos preços do petróleo. Na semana passada, os preços caíram após os números levemente maiores de emprego e o acúmulo inesperado de estoques de gasolina nos EUA. Nesta semana, os dados da pesquisa industrial do Fed de Dallas mostraram que houve pouco crescimento na produção manufatureira e um índice de produção próximo a zero.
A Opep+ afirma que está tentando evitar uma queda nos preços do petróleo como em 2008, que exigiu uma ação de emergência do cartel, enquanto outros afirmam que a organização está tentando elevar os preços, devido às restrições orçamentárias dos países produtores. Apesar de os cortes voluntários de produção anunciados pela Opep+ terem tido um forte impacto, tanto no início de abril quanto agora, quando o mercado espera mais ações do grupo, eles podem não ser suficientes para combater a percepção de queda na demanda.
Os investidores devem ficar atentos a economias como Índia e China, cujos governos podem adotar medidas para aumentar a demanda doméstica, especialmente se os preços estiverem relativamente baixos e se houver disponibilidade de petróleo russo barato.
Diante do cenário de incertezas econômicas e políticas, a expectativa dos especialistas é de futura volatilidade no mercado do petróleo. A Opep+, por sua vez, demonstra estar disposta a intervir nos preços efetuando cortes de produção na medida do possível, ainda que a cada decisão de fazê-lo, seu efeito se dissipe.
Como mencionado, o mercado petrolífero reage forte a todos os indicadores econômicos, o que pode gerar movimentos exagerados nos preços do petróleo. É importante que os investidores acompanhem de perto as ações governamentais e os eventos econômicos para se prepararem devidamente diante de possíveis quedas ou aumentos de preços no mercado do petróleo.
Com o mercado do petróleo instável e volátil, é importante que consumidores e empresas fiquem atentos e saibam adaptar-se conforme os cenários. Conhecimento e informação são fundamentais para se preparar e tomar as melhores decisões.