O Governo Federal irá discutir uma posição sobre a mistura do biodiesel no diesel de 2030 com a atual equipe de transição, segundo a Reuters em parceria com o Ministério de Minas e Energia. Curiosamente, a resolução ainda é de competência do atual Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do qual a futura gestão federal ainda não faz parte.
Atualmente, a proporção obrigatória do biodiesel no diesel, em solo brasileiro, é de apenas 10%. No entanto, existe uma grande expectativa no setor produtivo de que seja retomado um cronograma feito em 2018, que havia sido suspenso pelo governo federal e que prevê um aumento da mistura para 14% a partir de janeiro de 2023, aumentando para 15% a partir de março.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o tema está previsto para ser debatido na reunião ordinário do CNPE, que está marcada para o dia 8 de dezembro.
Enquanto isso não ocorre, persiste entre os produtores de biodiesel a incerteza quanto ao volume de soja, sendo esta a principal matéria-prima do biodiesel brasileiro, a ser destinado a produção de óleo já a partir de janeiro, para atender as necessidades exorbitantes das distribuidoras.
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Neste sentido, alguns representantes do setor ouvidos pela Reuters analisam que, em caso de omissão pelo CNPE, ou por falta de consenso, automaticamente voltaria a valer o cronograma aprovado em 2018, que conta com uma mistura maior para o biodiesel.
Demanda de soja terá aumento considerável com nova medida
Sendo assim, se a escolha do cronograma foi concretizada, a retomada teria o potencial de aumentar a demanda de soja para biodiesel em 52% em relação a este ano, conforme um relatório publicado pela Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio).
Atualmente, um dos atores à frente das tratativas é o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) Pedro Lupion (PP-PR). Ele afirmou à Reuters que a conversa com a equipe de transição, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda está muito embrionária. Ou seja, o tema ainda é delicado diante da transição de governos e os temas pertinentes ao setor energético brasileiro.
Por outro lado, Lupion acredita, no entanto, que a tendência é de aumento na mistura no próximo governo, especialmente em função do próprio histórico petista de incentivo ao biocombustível. Entretanto, somente o tempo poderá dizer como essa questão será abordada pelo novo governo.
Além disso, Lupion, referindo-se a Miguel Rossetto, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário do primeiro governo petista, afirmou que “Eu acho que não é nem tanto só pela questão da descarbonização. É mais uma questão de que, como a política surgiu lá atrás, no governo Lula, com o Rossetto, eles tendem a defendê-la”.
Por fim, como as usinas brasileiras de biodiesel estão operando abaixo da capacidade, conforme as informações mencionadas, o tempo do novo governo para resolver a questão é acelerar a produção é curto, ou seja, o setor continuará em alerta durante os próximos meses.