A Marinha da Coreia do Sul abandona porta-aviões e aposta na construção de navio com drones para modernizar sua frota e reduzir custos operacionais.
A Marinha da Coreia do Sul decidiu reformular profundamente sua estratégia naval ao deixar de lado o plano de construir um porta-aviões leve com caças embarcados. Em vez disso, o foco será a construção de um novo tipo de navio de guerra: uma embarcação com tecnologia avançada voltada para operações com drones aéreos, tripulados e não tripulados.
A decisão, apresentada em maio de 2025 ao Comitê de Defesa da Assembleia Nacional, marca uma mudança significativa na política de defesa do país, com foco na autonomia tecnológica, redução de custos e ampliação da capacidade operacional diante de ameaças regionais.
Navio será equipado com drones em vez de caças F-35B
O novo modelo de navio — ainda em fase de projeto conceitual — terá dimensões semelhantes às previstas para o porta-aviões leve: aproximadamente 260 metros de comprimento e 30 mil toneladas de deslocamento. A grande diferença está no tipo de armamento e nos equipamentos a bordo.
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Em vez de caças F-35B, cuja aquisição e integração exigiriam investimentos bilionários, a embarcação será projetada para operar:
- Drones com decolagem vertical
- Aeronaves não tripuladas para vigilância
- Munições guiadas de longo alcance
- Helicópteros de apoio, transporte e ataque
Esse novo conceito busca tornar as operações da Marinha mais ágeis, conectadas e de menor custo, com foco em cenários de guerra modernos, onde veículos autônomos vêm se mostrando cada vez mais eficazes.
Decisão estratégica prioriza custo-benefício e inovação militar
A construção de um porta-aviões com 20 caças F-35B exigiria cerca de 7 trilhões de wons — o equivalente a mais de US$ 5 bilhões.
Cada aeronave teria custo unitário entre US$ 120 e US$ 160 milhões, sem contar os gastos com adaptações na estrutura do navio.
Ao adotar drones desenvolvidos pela indústria nacional, a Marinha sul-coreana pretende:
- Reduzir custos operacionais e logísticos
- Aumentar a flexibilidade das missões navais
- Diminuir os riscos para tripulações humanas
- Estimular o setor tecnológico de defesa do país
Além disso, a transição para uma plataforma mais autônoma reflete o aprendizado obtido com conflitos recentes, onde veículos não tripulados demonstraram grande impacto estratégico no campo de batalha.
Estudo está nas mãos da Hyundai Heavy Industries
A empresa HD Hyundai Heavy Industries foi contratada para elaborar o conceito técnico do novo navio. O estudo será submetido ao Estado-Maior Conjunto ainda neste mês.
No entanto, qualquer mudança definitiva depende da revisão formal dos requisitos operacionais — algo que só deverá acontecer após a transição do atual governo.
Coreia do Sul mira posição de liderança em guerra naval automatizada
A reformulação do projeto naval não é apenas uma resposta a fatores econômicos. Ela também está inserida em um contexto de crescente tensão na Ásia Oriental, com o fortalecimento militar da China e o desafio permanente da Coreia do Norte.
Ao priorizar plataformas com uso intensivo de tecnologia embarcada, a Marinha da Coreia do Sul sinaliza sua intenção de:
- Fortalecer a dissuasão militar com menor dependência externa
- Operar de forma mais eficiente em ambientes hostis
- Integrar sistemas autônomos em missões de longo alcance
Caso o plano avance, a Coreia do Sul poderá se tornar uma das primeiras nações do mundo a colocar em serviço um navio de guerra desenvolvido desde a origem para operar drones em larga escala — um movimento que pode moldar o futuro das forças navais em todo o mundo.
Fonte: Poder Naval