O futuro da malha ferroviária da Bahia está em risco, e a situação parece ser ainda mais complicada do que muitos imaginam.
A concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que atravessa estados importantes como Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, está em vias de sofrer uma grande transformação.
Com mais de R$ 24 bilhões de investimentos programados, a empresa VLI Logística pode estar prestes a abandonar um trecho vital para o estado baiano, deixando mais de 2 mil quilômetros de trilhos fora de operação.
Mas o que está por trás dessa decisão, e como isso pode afetar o futuro econômico da região?
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Conforme informações divulgadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a situação da FCA será debatida em uma audiência pública em Salvador, marcada para o dia 18.
A proposta gira em torno da prorrogação do contrato da VLI por mais 30 anos, o que envolve a gestão de 7,8 mil km de ferrovias em vários estados.
No entanto, há um impasse: a empresa deseja devolver 2,1 mil km de trilhos, dos quais 291 km são da Bahia, segundo a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Descontinuidade ameaça economia baiana
O contrato de concessão da FCA com a VLI expira em agosto de 2026.
No entanto, a proposta da renovação inclui a descontinuidade do trecho que liga Minas Gerais à Bahia, conhecido como corredor Minas-Bahia.
Esse corredor, essencial para o transporte de cargas no estado, já vinha sendo alvo de críticas por parte do governo baiano e entidades do setor produtivo, que há décadas denunciam o “abandono” da malha ferroviária. Agora, com a possível saída da VLI, a incerteza toma conta da economia local.
A gestão da VLI no trecho que vai de Corinto (MG) até Campo Formoso (BA) e Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, é um ponto de grande preocupação.
Sem esse corredor, a Bahia pode enfrentar sérios problemas logísticos, prejudicando setores estratégicos como o comércio e a indústria.
Mobilização política cresce
A iminente perda de parte dessa malha ferroviária uniu baianos e mineiros em uma mobilização sem precedentes.
Deputados estaduais das Assembleias Legislativas da Bahia e Minas Gerais (Alba e ALMG) têm trabalhado juntos para tentar impedir a interrupção do trecho Minas-Bahia.
De acordo com informações da própria ANTT, existem quatro opções para o futuro dessa operação: manter a VLI à frente com um novo formato de gestão, passar a concessão para um novo operador, ou realizar um chamamento público para encontrar outra solução.
Para o lado baiano, a estratégia de pressionar o governo federal já foi posta em prática.
Um ofício foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo a manutenção da operação até que um novo operador seja definido, além da modernização da malha ferroviária do estado e a criação de uma Parceria Público-Privada (PPP) para o corredor Minas-Bahia.
Enquanto isso, os mineiros também estão se organizando.
Durante uma audiência pública realizada em setembro na Assembleia de Minas Gerais, prefeitos, deputados e outras lideranças locais cobraram a continuidade da operação.
O consenso é de que a decisão deve ocorrer em nível federal, com a pressão sendo exercida pelas bancadas de ambos os estados no Congresso Nacional.
O futuro da Ferrovia Centro Atlântica
A VLI, em nota, reafirmou que a operação no corredor Minas-Bahia continuará até que a ANTT defina o futuro da concessão.
Enquanto isso, a empresa apresentou quatro possíveis caminhos: manter a operação como está, com ajustes, ou realizar uma nova licitação para transferir a concessão para outro operador.
Esse processo vem sendo acompanhado de perto, e a decisão terá um impacto direto no transporte de cargas entre os estados.
A Ferrovia Centro Atlântica desempenha um papel crucial para a logística do país, conectando diversas regiões e impulsionando o crescimento econômico.
No entanto, a descontinuidade de parte dessa malha ferroviária pode representar um grande retrocesso, especialmente para a Bahia.
Com a iminente saída da VLI da operação em solo baiano, a economia regional corre o risco de ser gravemente prejudicada.
O que vem pela frente?
Com a audiência pública marcada para Salvador, a expectativa é de que o governo e a sociedade possam encontrar uma solução para garantir a continuidade da operação do corredor Minas-Bahia.
A Bahia, que já sofre com problemas logísticos, não pode se dar ao luxo de perder uma estrutura tão importante para o escoamento de sua produção.
A pergunta que fica é: será que o estado conseguirá impedir essa descontinuidade, ou a decisão bilionária da VLI terá impactos irreversíveis para a economia baiana?