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Início 60% do gás natural do Brasil retorna aos campos offshore por falta de estrutura e usinas termelétricas pagam em dólar pelo insumo, a conta de luz dispara e quem “paga a conta” são os brasileiros

60% do gás natural do Brasil retorna aos campos offshore por falta de estrutura e usinas termelétricas pagam em dólar pelo insumo, a conta de luz dispara e quem “paga a conta” são os brasileiros

7 de junho de 2021 às 08:06
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Trabalhadores em obras de dutos de gás natural / Fonte: reprodução Google

Gás nacional está sendo injetado de volta nos campos offshore enquanto Brasil aumenta importação de gás natural por não ter estrutura para levar até usinas

O Brasil aumentou a importação do gás natural enquanto o gás nacional, que poderia estar sendo aproveitado no país, é injetado de volta aos campos offshore por falta de estrutura para levá-los até as usinas. Com isso, o custo do insumo aumenta e consequentemente reflete na conta de luz e no bolso dos brasileiros, uma vez que o país está passando por um momento de seca nos reservatórios das hidrelétricas. A iminente crise hídrica causada pelo baixo volume de chuvas “obriga” o país a acionar as termelétricas (que pagam mais caro no gás importado) aumentando ainda mais o preço da conta de luz.

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Somente em 2021, as compras externas de gás natural pelo Brasil atingiram o maior patamar desde 2016 para os meses de janeiro a abril. Apenas em quatro meses, o país pagou US$ 1 bilhão, quase o total gasto em todo o ano passado e o dobro do valor pago no mesmo período do ano passado.

Todo esse gás nacional, que poderia ser usado como insumo para a geração de energia térmica, está sendo injetado de volta nos campos marítimos, sobretudo nos do pré-sal. De janeiro a abril, o volume do gás natural do Brasil distribuído ao mercado caiu 14%, enquanto cresce a importação da matéria-prima, cobrada em dólar e a preço internacional, dizem os dados mais recentes divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

60% do gás natural do Brasil retorna aos campos offshore por falta de estrutura

Segundo as informações da Agência, dos 131,4 milhões de metros cúbicos por dia de gás extraídos no Brasil, apenas 53,5 milhões são ofertados para venda. Isso significa que 60% do total não chegam ao mercado. Essa tem sido a tônica desde que o pré-sal ganhou relevância, porque falta infraestrutura para escoar toda a produção dos campos.

O governo federal editou na última quarta-feira um decreto que regulamenta a Nova Lei do Gás, sancionada em abril e que visa modernizar o setor. A ideia é criar um mercado “aberto, dinâmico e competitivo”, segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República.

O gás natural é o principal insumo usado na geração de energia térmica, que ganhou importância neste período de crise hídrica. Em 31 de maio, essas usinas bateram recorde de geração, de 17,13 mil megawatts médios (MWmed) por usina, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS).

A consequência direta é o aumento do preço da energia, já que esse tipo de geração é mais caro do que a hidrelétrica. Numa indicação ao consumidor de que a conta de luz vai ficar mais cara, o governo acionou, no fim de maio, a bandeira vermelha 2.

Usinas termelétricas pagam em dólar pelo gás natural e no final quem “paga a conta” são os brasileiros

O aumento da demanda térmica está sendo suprido, em grande parte, pelo gás importado, cobrado em dólar. A mesma lógica vale para o produto nacional, já que, no cálculo do seu preço, são utilizadas as mesmas variáveis do produto importado.

Esse modelo de negócio, no entanto, começa a ser questionado por especialistas uma vez que, nesses parâmetros, pouca diferença faz entre aumentar a produção interna ou a importação. O custo do insumo e o peso na conta de luz acabam sendo os mesmos.

Na tentativa de melhorar as condições de compra para seus clientes, a petroleira brasileira Petrobras anunciou recentemente a possibilidade de indexar o gás fornecido por ela ao gás Henry Hub (HH), ofertado em um mercado de produtores americanos. Seria uma alternativa aos contratos indexados ao petróleo do tipo Brent, na Bolsa de Londres.

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