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Rio Grande do Sul deve receber investimentos bilionários para a geração de energia eólica offshore

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 28/07/2022 às 09:57
Atualizado em 01/08/2022 às 04:25
Energia; energia eólica; Rio Grande do Sul; offshore
Foto: reprodução www.pexels.com

O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com o maior número de projetos cadastrados visando a construção de parques para a produção de energia eólica offshore

Segundo informações divulgadas pelo GZH Economia, o Rio Grande do Sul destaca-se, atualmente, como o estado brasileiro com a maior concentração de empresas interessadas em instalar parques eólicos offshore no país. Lá, estão presentes 17 dos 54 empreendimentos, ao todo, voltados a esta fonte de energia limpa e cadastrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No entanto, para concretizar esse potencial, são necessárias, ainda, novas ampliações da capacidade de transmissão elétrica no estado e o ajuste de normas legais.

A busca por fontes energéticas mais sustentáveis, em substituição aos combustíveis fósseis, tem como uma de suas alternativas mais promissoras a exploração dos ventos sobre o mar ou lagoas para a geração de energia eólica. Apesar de o custo para a implantação dos parques offshore ser bastante elevado, muitas empresas decidem priorizá-la devido à existência de ventos mais fortes e constantes, além da menor disputa por espaço.

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No Brasil, ainda não há nenhum empreendimento deste tipo, porém o estado do Rio Grande do Sul possui grandes vantagens para a geração de energia eólica offshore. Os gaúchos contam, por exemplo, com ventos fortes sobre o mar, o que possibilitaria a produção energética de até 80 gigawatts – valor quatro vezes maior do que toda a capacidade instalada, atualmente, em parques eólicos terrestres no país.

Além disso, o interesse do setor privado no estado pode ser explicado também por outros fatores, como a estrutura e os espaços disponíveis no porto do Rio Grande, a qualificação dos profissionais e a excelente qualidade das universidades.

Conforme avalia a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, projetos offshore envolvem, além da intensidade dos ventos, a necessidade de infraestrutura dos portos e a capacidade de transmissão. Para ela, o Rio Grande do Sul tem sido um grande atrativo graças à sua boa infraestrutura já existente.

Os projetos cadastrados no Ibama somam, em solo, 15,5 gigawatts e, no mar, 44,7 gigawatts de energia. Nesse sentido, são necessários novos investimentos para o custeio e a construção de novas linhas.

Sob esse viés, Marjorie Kauffmann, secretária estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, afirma que o estado tem se organizado, junto à Agência Nacional de Energia Elétrica e ao Ministério de Minas e Energia, para discutir a ampliação da malha. Segundo ela, há tempo suficiente, até que os projetos sejam concretizados, para o aumento de sua rede.

É importante destacar que, embora seja vista como uma fonte de energia limpa e renovável, a exploração de parques eólicos offshore também é motivo de preocupação para ambientalistas. Assim, entidades como a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) já solicitaram a elaboração de regras claras e a fiscalização ativa e transparente dessas usinas, tal como a criação de multas e planos de ação para eventuais desastres ambientais.

Primeiras usinas de geração de energia eólica offshore devem ser instaladas até 2030

De acordo com a previsão de especialistas e gestores públicos, os primeiros parques eólicos offshore devem começar a transformar vento em energia no Rio Grande do Sul em meados de 2030. Por conseguinte, caso as expectativas sejam confirmadas, o estado pode sofrer um salto econômico significativo nos anos seguintes.

O intervalo de tempo é necessário para que o país conclua os ajustes nas normas legais, dando segurança jurídica ao processo de licenciamento dos projetos em alto-mar. Dessa forma, as empresas interessadas devem realizar estudos ambientais para a obtenção das licenças prévias, de instalação e operação, e para a montagem dos parques de aerogeradores sobre as águas.

No caso de parques eólicos sobre o mar, o processo de licenciamento ocorre em nível federal, e, para os complexos em águas internas, como as lagoas, acontece na esfera estadual. O Rio Grande do Sul já possui, por exemplo, empresários interessados na instalação de usinas na Lagoa dos Patos.

É difícil prever, com precisão, todo o investimento a ser concretizado no estado. Isso porque, além de ser preciso passar por todas as etapas de licenciamento ambiental, pelo menos quatro projetos se sobrepõem a outros já existentes, não sendo possível a viabilização de todos eles. Entretanto, um dos projetos mais adiantados, da Ocean Winds, que será responsável pela implantação de dois complexos, pretende, sozinho, investir até R$ 120 bilhões.

Sendo assim, caso o interesse dos investidores seja confirmado, o Rio Grande do Sul receberá um montante de recursos privados como nunca visto antes. Para efeito de comparação, um dos maiores investimentos recentemente discutidos no estado, para o complexo de regaseificação em Rio Grande, foi avaliado em “apenas” R$ 6 bilhões.

O secretário-chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, declara que, ocorrendo paulatinamente, esses investimentos têm a capacidade de manter a economia do estado aquecida por um longo tempo. Ademais, Lemos explica que haveria um impacto positivo em toda a cadeia produtiva associada, com a obtenção de resultados na indústria de transformação e em centros de tecnologia.

Porto de Rio Grande já atraiu a atenção de oito investidores no setor de energia eólica offshore

Os portos são instalações de extrema importância para a efetivação de projetos de exploração de energia eólica em alto-mar, uma vez que possibilitam a chegada, o manejo e o despacho de peças de grande porte. Diante deste contexto, o porto de Rio Grande, no sul do estado do Rio Grande do Sul, já está chamando a atenção de possíveis investidores neste setor.

Fernando Estima – gerente de Planejamento da Portos RS – expôs que oito grupos empresariais já demonstram interesse formal em transformar o porto gaúcho em uma possível base de operações para projetos eólicos offshore.

O gerente ressaltou que uma rotina de atendimento já foi, até mesmo, organizada para receber os representantes dessas empresas. De acordo com ele, o porto possui profundidade suficiente para comportar navios grandes, além de dois estaleiros disponíveis, muito espaço e mão de obra qualificada. Estima lembrou, ainda, que duas ou mais empresas podem compartilhar os estaleiros.

Arthur Lemos explica que, com isso, a intenção do governo gaúcho é tirar proveito do estímulo provocado pelos ventos marinhos para impulsionar outros setores da economia estadual, a fim de que a maior parte possível dos materiais usados nos complexos eólicos seja construída no próprio estado.

Por fim, Lemos argumenta que a ideia é usufruir das qualidades do Rio Grande do Sul, como a cadeia produtiva e as universidades, para que os novos investimentos sejam um vetor de desenvolvimento.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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