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Petrobras abre licitação para contratação dutos flexíveis

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 08/09/2020 às 18:35
licitação Petrobras para dutos flexíveis submarinos
Petrobras abre licitação para contratação dutos submarinos flexíveis

De acordo com o edital aberto pela Petrobras, o início do prazo para envio de propostas começará no dia 25 de setembro

Petrobras lança edital (7003222300) no site da Petronec para contratar até 566,4 km de dutos flexíveis. A licitação está dividida em dois lotes e conta com orçamento bruto de mais de 6 bilhões de reais. Comperj: Petrobras abriu licitação para obras de Construção Civil, Montagem Eletromecânica, Interligações, Comissionamento e Testes

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De acordo com o edital aberto pela Petrobras, o início do prazo para envio de propostas começará no dia 25 deste mês e a data de abertura dos envelopes acontecerá no dia 2 de outubro.

Está previsto no primeiro lote o fornecimento de até 340 km dutos flexíveis, com orçamento bruto de R$ 4,047 bilhões. Já o segundo lote da licitação aberta pela estatal, contém 226,4 km de linhas, com orçamento bruto de R$ 2,775 bilhões.

Também está previsto no escopo do serviço, o fornecimento de acessórios e frete, locação de bobinas, serviços de armazenamento e carregamento de dutos flexíveis e serviços de suporte técnico, instalação e montagem.

Os interessados podem conferir o edital e toda a documentação complementar da licitação (7003222300) diretamente no site da Petronec.

A decisão sobre a utilização de dutos rígidos ou flexíveis para o transporte de óleo ou gás em ambiente submarino depende de vários fatores que podem até vir a inviabilizar uma dessas alternativas.

Alguns desses fatores técnicos podem facilitar a decisão, tais como: tipo de produto a ser transportado, presença de gases corrosivos (H2S, CO2), profundidade, distância entre os poços e a unidade flutuante, estabilidade da unidade de produção, diâmetro e comprimento total do duto, etc.

Outros podem ser considerados oportunistas, vindo a influenciar a decisão final não por uma razão técnica, mas por uma situação de mercado, tais como; necessidade de implantação de um sistema antecipado de produção, possibilidade de modificação no traçado dos dutos para acomodar mudanças na locação do poço, acordos de longo prazo (frame agreements), disponibilidade de embarcação para instalação, etc.

Esta competição entre conceitos se tornou injusta na Brasil, a partir da decisão da Petrobras de incentivar o aumento da capacidade de produção local de linhas flexíveis e a contratação de embarcações especiais de lançamento (PLSV) por longo prazo. Com isso o Brasil se tornou então o maior produtor de linhas flexíveis do mundo, com quatro grandes plantas de fabricação, e a Petrobras sendo a maior afretadora de navios especiais tipo PLSV.

Esta singular combinação entre contratos de fornecimento e afretamento de PLSVs fez com que o duto flexível tenha hoje uma condição de hegemonia no mercado brasileiro, difícil de ser quebrada por outras soluções. Além desse fator “econômico”, temos também a situação atípica de falta de técnicos ou engenheiros com experiência em dutos rígidos, dificultando ainda mais a promoção desta solução no mercado. Por sua vez, o time da Petrobras com essa expertise está concentrado no Cenpes.

Apesar de, numa análise simples do preço por metro linear de cada produto, existir uma diferença substancial a favor do duto rígido, a utilização pela Petrobras da solução flexível na maioria de seus projetos se mostrou um sucesso, seja do ponto de vista econômico, seja no ponto de vista de reduzir o prazo entre a descoberta e o início de produção de um determinado campo.

Considerando os desafios acima expostos e com a finalidade de atender ao requisito de seus parceiros para uma confirmação da real economicidade dos dutos flexíveis, a Petrobras decidiu lançar uma nova concorrência para o fornecimento e instalação dos risers para o campo de Mero (antigo Libra 1), sendo permitida a aplicação de qualquer um dos dois conceitos.

No entanto, para que tenhamos um certame justo, se faz necessário estabelecer alguns critérios claros de comparação. Listamos a seguir alguns pontos a serem considerados.

A utilização de duto rígido com isolamento interno por material inerte garante uma vida útil para o riser igual ou maior do que a vida prevista para o campo, não existindo o risco de rompimento e consequente parada de produção ou até possíveis danos ambientais, esta condição que não está garantida para a solução flexível. Esse fator deve ser levado em consideração quando da decisão final, sendo necessário estar claro na documentação qual o critério a ser adotado para esta avaliação.

Para a solução utilizando dutos flexíveis, não deve ser permitida a utilização de embarcações de lançamento afretadas pela Petrobras e com contrato ainda em vigor. Essa ação irá nivelar as propostas de cada conceito no que se refere ao custo com a mobilização dos ativos de lançamento.

Para ambos os conceitos, devem ser criadas condições idênticas de prêmio ou penalidade no que se refere ao prazo, tanto para a mobilização dos ativos de instalação pela contratada, como na disponibilização do FPSO pela Petrobras para início dos trabalhos.

O desenvolvimento dos campos offshore em águas ultraprofundas (> 3.000 m) irá demandar a utilização de dutos rígidos. O mercado precisa se adequar a essa nova realidade, reduzindo as barreiras competitivas hoje existentes e criando um parque industrial capaz de atender a essa demanda de forma econômica. Ações como a criação de bases locais para fabricação de longos trechos de dutos rígidos, disponibilização de ativos para instalação dos dutos e utilização de novos conceitos de FPSO com maior estabilidade são ações de longo prazo que permitirão uma competição mais justa entre os dois conceitos.

Por fim, não existe uma resposta única para a pergunta inicial deste artigo. A solução final a ser utilizada depende exclusivamente do mercado e com certeza será a mais vantajosa, tanto para o operador como para as empresas fornecedoras. Assim esperamos todos!
Américo Oliveira é consultor e tem ampla experiência em gerenciamento de projetos subsea, é estrategista e desenvolvedor de novos negócios.

por- brasilenergia – Marcus Tadeu Rodrigues de Paula engenheiro de petróleo com mais de 25 anos de serviços para a Petrobras, tendo sido gerente de vários projetos de instalação submarina

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira de Produção pós-graduada em Engenharia Elétrica e Automação, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos, com mais de 7 mil artigos publicados. Sua expertise técnica e habilidade de comunicação a tornam uma referência respeitada em seu campo. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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