Uma descoberta curiosa, fruto de uma medição feita por um morador de Guaratuba, no estado do Paraná, revelou um erro centenário na delimitação territorial entre Paraná e Santa Catarina. A descoberta culminou em uma revisão dos limites, resultando na perda de 490 hectares de área paranaense para o estado vizinho.
Esse território, equivalente a aproximadamente 500 campos de futebol, passou a pertencer oficialmente à Santa Catarina a partir de 2025. Como um erro histórico pode alterar mapas e impactar a vida de moradores locais?
Revelação inesperada e confirmada
O enredo dessa história começou quando um proprietário de terras em Guaratuba, no Paraná, questionou a demarcação oficial feita pelo Exército brasileiro entre 1918 e 1919.
Segundo ele, em entrevista ao portal G1 neste sábado (22), uma medição própria indicava que sua propriedade estava localizada em território catarinense.
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A dúvida levantada levou o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná a investigar a questão a fundo. O IAT, responsável pela gestão territorial no estado, realizou uma vistoria minuciosa no local.
Técnicos confirmaram que, de fato, a delimitação original estava incorreta. “Localizamos os marcos originais e tivemos que atravessar locais onde o acesso é difícil. Encontramos os endereços corretos e tivemos que corrigir os mapas”, explicou Amauri Simão Pampuch, engenheiro florestal da Diretoria de Gestão Territorial do IAT, ao portal citado.
Impacto na divisa entre Paraná e Santa Catarina
A principal mudança afeta os limites entre os municípios de Guaratuba e Garuva, Santa Catarina. Embora a alteração represente apenas 0,002% da área total do Paraná, ela tem um impacto significativo para os moradores da região. “Se a divisa é ajustada, o imóvel pode vir a estar em um estado, mas, na verdade, pertencer a outro”, comentou Pampuch.
Revisão das divisas e ajustes necessários
Em 2022, o IAT revisou os limites municipais, um processo que, embora raro, é essencial para a gestão adequada dos territórios. “A divisa hoje é justa, é o que sempre deveria ter sido feito. Mas, por mapeamentos equivocados, estava errada. Essa correção ajuda as prefeituras e os dois estados na gestão dos territórios”, disse o engenheiro florestal da Diretoria de Gestão Territorial do IAT.
Análises e ajustes municipais
A Prefeitura de Guaratuba, que perderá o território, ainda precisa analisar os impactos da mudança. Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo informou que fará uma revisão para levantar os impactos territoriais, eventuais alterações em equipamentos públicos e na arrecadação tributária.
Já a Prefeitura de Garuva, em Santa Catarina, informou que aguarda a documentação e as novas coordenadas geográficas para identificar todos os imóveis na área, informar aos proprietários, modificar o mapa territorial e avançar o zoneamento do Plano Diretor.
IBGE e atualizações territoriais
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também relatou que está acompanhando de perto essa atualização territorial. Conforme o IBGE, “acompanha atentamente as atualizações na divisão territorial do país, e que em caso de mudanças nos limites municipais, as devidas atualizações nos totais populacionais são implementadas em tempo hábil”.
Essa correção de um erro histórico na demarcação territorial entre Paraná e Santa Catarina mostra como delimitações geográficas podem ser desafiadoras e suscetíveis a equívocos.
Nesse sentido, a história destaca a importância da precisão na cartografia e as implicações que um pequeno erro pode ter sobre a vida de muitas pessoas.
Esse ajuste não apenas realinha fronteiras, mas também exemplifica a relevância da gestão territorial para a administração pública e a vida cotidiana dos cidadãos.
Para quem mora ou possui propriedades na região afetada, as mudanças podem trazer tanto desafios quanto novas oportunidades.
A revisão das fronteiras é um lembrete de que, mesmo em um mundo cada vez mais digital, a geografia física ainda possui um papel fundamental na organização social e administrativa.