A Petrobras volta seu foco para a Bacia de Campos, investindo pesado em revitalização de poços maduros. Com tecnologias avançadas, a estatal pretende aumentar a produção e compensar impasses ambientais em áreas como a Foz do Amazonas.
A Petrobras volta seus olhos para o passado enquanto o futuro da exploração de petróleo no Brasil se mostra incerto.
Com um histórico de décadas na exploração em águas profundas, a estatal agora aposta na revitalização da Bacia de Campos, localizada entre os litorais do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Essa decisão, no entanto, não é movida apenas por nostalgia: há uma estratégia de sobrevivência e crescimento em jogo, já que a licença para explorar novas áreas no litoral norte, como a Foz do Amazonas, segue sem aprovação ambiental.
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A estratégia da Petrobras com a Bacia de Campos se destaca no momento em que a estatal enfrenta dificuldades para expandir suas operações no litoral norte do país.
A Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas, já foi negada uma vez pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), bloqueando um projeto que poderia gerar 350 mil empregos.
Segundo O Globo, a companhia então decidiu redirecionar seus esforços para os campos de produção mais maduros, apostando em tecnologias de ponta e técnicas de recuperação para extração de petróleo ainda presente em áreas exploradas desde a década de 1970.
Uma retomada ambiciosa para a Bacia de Campos
Sob a liderança de Magda Chambriard, presidente da Petrobras e engenheira de reservatórios, a estatal pretende investir massivamente na Bacia de Campos, com um planejamento de longo prazo para ampliar as reservas.
De acordo com a executiva, há um potencial significativo de produção na região, com a possibilidade de retirar até a mesma quantidade de óleo e gás já extraídos nos últimos 50 anos.
Para a revitalização da Bacia de Campos, a Petrobras tem apostado em técnicas modernas de recuperação de poços e no reaproveitamento de plataformas antigas, que tiveram sua aposentadoria suspensa.
Hoje, estima-se que a região possua um fator de recuperação de apenas 17%, o que sugere um volume considerável de petróleo ainda disponível para extração.
“A produção de Campos tem um fator de recuperação de 17%. Com as técnicas atuais, a expectativa é manter a produção por mais 40 a 50 anos, extraindo o mesmo volume produzido até hoje,” afirmou Magda Chambriard durante evento recente.
Metas e investimentos bilionários até 2028
A Bacia de Campos, responsável atualmente por cerca de 20% da produção própria da Petrobras — o equivalente a 450 mil barris por dia —, deve ganhar ainda mais importância.
De acordo com O Globo, a meta é aumentar a produção para 600 mil barris diários até 2028, um salto considerável que exigirá investimentos estimados em mais de US$ 22 bilhões.
No novo plano de negócios da Petrobras, com vigência de 2025 a 2029, a Bacia de Campos se consolida como prioridade máxima, com a companhia planejando um conjunto de nove áreas que devem receber aportes e novas oportunidades de exploração.
Esses investimentos serão direcionados tanto para a reativação de campos maduros quanto para o desenvolvimento de novas técnicas de extração.
A Petrobras aposta em tecnologias como sísmica 3D e 4D para mapear em detalhes as reservas, além do uso de inteligência artificial e reinjeção de gás e água para facilitar a extração.
Segundo especialistas, a eficiência dessas tecnologias pode elevar o índice de recuperação para até 40%, aproximando a Bacia de Campos de níveis observados em outras regiões produtoras no mundo, como o Golfo do México e o Mar do Norte.
Petrobras: desafios e alternativas para um futuro incerto
Apesar do potencial de recuperação, a Petrobras enfrenta desafios significativos na execução dessa estratégia.
Custos elevados e a falta de novos equipamentos são entraves apontados por analistas da indústria.
Segundo Luiz Hayum, analista da Wood Mackenzie, as novas plataformas ficaram cerca de 40% mais caras desde 2021, o que dificulta a contratação de equipamentos essenciais para as operações.
Outro problema é o longo prazo dos contratos de plataformas que foram reativadas.
Plataformas como a P-51 em Marlim Sul, que produz 30 mil barris diários, terão sua vida útil prolongada até 2052, apesar da previsão inicial de encerramento das operações em 2034.
O custo da extensão, orçado em US$ 600 milhões, é mais uma demonstração do compromisso da Petrobras com a região, mas ao mesmo tempo representa um risco financeiro.
Especialistas observam que as margens de lucro para campos maduros são menores, o que aumenta a pressão sobre a Petrobras.
Conforme Rodrigo Almeida, analista do Santander, a revitalização da Bacia de Campos é parte de uma tendência crescente no Brasil, onde empresas de petróleo estão sendo incentivadas a otimizar seus campos maduros em meio ao impasse ambiental em novas áreas exploratórias.
Para Almeida, essa estratégia de revitalização é um “movimento inevitável” devido ao desafio em obter licenças e aos custos crescentes.
Um projeto em escala global e as novas fronteiras tecnológicas
Segundo o programa de revitalização divulgado pela Petrobras, a Bacia de Campos representa o maior projeto de recuperação de ativos maduros em águas profundas do mundo.
Essa magnitude é um diferencial competitivo para a estatal e, ao mesmo tempo, uma aposta em um modelo de produção mais sustentável, que exige menos infraestrutura de base e reaproveita poços antigos.
Na visão de consultores da indústria, um dos principais pontos fortes da Petrobras é a experiência em águas profundas, aliada ao uso de tecnologias de ponta para prolongar a vida útil dos campos.
Com técnicas avançadas de análise de reservatórios, como a sísmica 3D e 4D, a empresa consegue acompanhar a movimentação do óleo no subsolo, identificando áreas de potencial aumento de produtividade.
Essa frente tecnológica, destacada pelo jornal O Globo, também conta com o uso de inteligência artificial para otimizar processos e reduzir desperdícios, além da reinjeção de gás para aumentar a pressão dos poços.
O caso do campo de Marlim é um exemplo prático: a Petrobras estima que a revitalização permitirá a extração de 860 milhões de barris adicionais até o fim da concessão, em 2048.
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