A natureza está em constante transformação, e até mesmo as maiores formações geológicas não são imutáveis. Medições recentes indicam que uma das montanhas mais icônicas dos Estados Unidos perdeu três metros de altura, chamando a atenção de cientistas e especialistas em geologia.
O ponto mais alto do Monte Rainier, uma das montanhas mais icônicas dos Estados Unidos, não é mais o mesmo. A calota de gelo que tradicionalmente coroava a montanha está derretendo. Com isso, um novo pico rochoso na borda sudoeste se tornou o ponto mais alto da montanha.
A mudança foi identificada pelo montanhista e engenheiro mecânico Eric Gilbertson. Ele escalou o Rainier em agosto e setembro, utilizando medições para confirmar a alteração.
Segundo ele, a montanha perdeu cerca de 3 metros de altura, levando sua elevação de 4.410 metros para 4.407 metros acima do nível do mar.
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O impacto do derretimento das geleiras
O fenômeno do encolhimento das geleiras não é exclusivo do Monte Rainier. Ele está ocorrendo em diversas regiões do mundo, incluindo a Califórnia e a Suécia.
O aquecimento global, impulsionado pelo uso de combustíveis fósseis, está acelerando o derretimento de neve e gelo em várias cadeias montanhosas.
Desde 1984, o cientista Mauri Pelto monitora o volume das geleiras no estado de Washington. Segundo ele, essas formações perderam aproximadamente 40% de seu volume nas últimas décadas.
A maior parte desse derretimento ocorreu nos últimos 24 anos, demonstrando uma aceleração preocupante do processo.
Pelto explica que, mesmo sem as geleiras, as montanhas continuarão a existir e a receber neve no inverno. No entanto, a ausência dessas massas de gelo muda a dinâmica natural da paisagem, afetando ecossistemas e cursos d’água.
O montanhista e suas descobertas
Eric Gilbertson tem uma longa trajetória no montanhismo. Aos 38 anos, ele já escalou os pontos mais altos de todos os 50 estados dos EUA e de 143 dos 196 países do mundo.
Entre seus feitos está a escalada do K2 sem oxigênio e a chegada a 27.887 pés no Monte Everest, ficando próximo do cume.
Atualmente, Gilbertson leciona na Seattle University. Há dois anos, decidiu escalar novamente os 100 picos mais altos de Washington, um desafio que ele já havia completado em 2018.
Durante essa jornada, ele percebeu inconsistências nas alturas de algumas montanhas e começou a levar seu próprio equipamento para medi-las.
Utilizando um sistema de GPS diferencial, ele conseguiu medições altamente precisas. Esse equipamento compara dados de satélite com pontos fixos no solo, garantindo medições confiáveis.
Em agosto, ele percebeu que o ponto tradicionalmente considerado o mais alto do Monte Rainier, chamado Columbia Crest, havia perdido altura devido ao derretimento da calota de gelo.
Para confirmar suas descobertas, Gilbertson escalou o Rainier novamente em setembro. Durante a subida, ele comparou suas medições com dados históricos, confirmando que a elevação do cume havia realmente mudado.
O que dizem os especialistas
As medições de Gilbertson foram corroboradas por Larry Signani, que liderou levantamentos anteriores da montanha utilizando GPS. Signani participou do primeiro estudo do tipo em 1988 para o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA e acompanhou diversas medições ao longo das décadas.
A altura original de 4.410 metros foi determinada em 1956, e, apesar de pequenas variações nas medições ao longo dos anos, a elevação permaneceu relativamente estável.
No entanto, um levantamento feito em 2010 já indicava que o Columbia Crest havia afundado alguns metros.
O trabalho de Gilbertson agora confirma que o derretimento da calota de gelo continuou, resultando em uma redução permanente na altura da montanha.
O impacto desse processo ainda está sendo avaliado. A perda de geleiras pode afetar a disponibilidade de água em regiões montanhosas, alterar habitats naturais e influenciar atividades recreativas e esportivas.
Cientistas continuarão monitorando o Monte Rainier e outras montanhas para entender melhor as consequências do aquecimento global na paisagem natural.