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Macaé em risco! Atual governo pode alterar impostos sobre royalties do petróleo, prejudicando exploração na Bacia de Campos, a Petrobras e no pós-sal

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 06/01/2025 às 15:35
Macaé royalties petróleo Petrobrás plataformas bacia de campos

A pequena cidade do interior do RJ que outrora foi referência e potencia mundial da exploração de petróleo, agora corre risco de acabar e se tornar a nova “Detroit” no Brasil

Macaé, localizada no Norte Fluminense, sempre foi um símbolo do crescimento impulsionado pela exploração de petróleo. Sua economia está fortemente atrelada às operações da Petrobras e de outras empresas do setor, com as plataformas offshore sendo um motor essencial para a geração de empregos e desenvolvimento local.

Recentemente, surgiram preocupações sobre uma possível alteração no cálculo de royalties do petróleo pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Essa mudança, que visa equiparar os valores de referência entre o pré-sal e o pós-sal, pode trazer impactos econômicos severos para a cidade e toda a Bacia de Campos.

“MACAÉ vai VIRAR uma DETROIT” diz DIRETORA da PETROBRÁS, se ANP de LULA ALTERAR CÁLCULO de ROYALTIES –
ANCAPSU

O que são royalties do petróleo e como funcionam?

Os royalties são valores pagos pelas empresas exploradoras de petróleo ao governo, como uma compensação financeira pela extração de recursos naturais. Esses valores são distribuídos entre a União, estados e municípios, sendo uma fonte vital de recursos para cidades como Macaé, que depende diretamente das operações na Bacia de Campos.

O cálculo dos royalties é baseado no valor de referência do barril de petróleo, definido pela ANP. Atualmente, há uma diferenciação entre o petróleo extraído em áreas de pós-sal e pré-sal. O que está em discussão é a proposta da ANP de unificar esses valores, aumentando o custo para empresas como a Petrobras e impactando diretamente a viabilidade de projetos de revitalização de campos maduros.

A dependência de Macaé do setor de petróleo

Macaé viveu uma verdadeira transformação econômica e social após a descoberta de grandes reservas de petróleo na Bacia de Campos. O crescimento da cidade está intimamente ligado à operação de plataformas offshore, sendo um polo de suporte logístico e técnico para as atividades da Petrobras.

A cidade se tornou altamente dependente da exploração de petróleo, e qualquer instabilidade no setor afeta diretamente a economia local. Empresas de serviços, comércio, infraestrutura e até mesmo o turismo corporativo giram em torno da cadeia produtiva do petróleo.

O que está acontecendo com os royalties do petróleo?

Segundo declarações de Renata Baruzzi em uma entrevista à Agência Eixos, a ANP estaria considerando uma revisão nos preços de referência utilizados para o pagamento de royalties. A proposta busca unificar os valores de referência entre os campos do pré-sal e pós-sal, o que, na prática, aumentaria o custo de operação de plataformas offshore em campos maduros.

A Petrobras e outras empresas alertaram que o aumento dessa carga tributária poderia inviabilizar economicamente a continuidade da exploração em muitos campos maduros da Bacia de Campos.

Consequências econômicas para Macaé

Se a mudança for implementada, a Petrobras já indicou que poderá abandonar ou reduzir a operação em diversas plataformas offshore na região. Essa decisão traria uma série de impactos negativos:

  • Perda de Empregos: Menor atividade no setor petrolífero resultaria em demissões em massa, tanto nas plataformas quanto nas empresas de apoio e serviços em Macaé.
  • Queda na Arrecadação de Royalties: Com a redução da produção, a arrecadação de royalties para o município cairia drasticamente.
  • Desestímulo ao Investimento: Empresas menores, sem a robustez financeira da Petrobras, poderiam encerrar suas atividades na região.
  • Desindustrialização e Êxodo Econômico: O risco de Macaé se tornar uma nova Detroit é real, com o colapso da economia local.

A revitalização de poços e o impacto no setor

O conceito de revitalização de poços consiste em estender a vida útil de poços de petróleo que já atingiram ou estão próximas do esgotamento técnico. Esse processo envolve investimentos para modernizar equipamentos e continuar extraindo petróleo de campos maduros.

A Petrobras tem investido em projetos de revitalização na Bacia de Campos, como os campos de Marlim, Albacora, Barracuda e Caratinga. No entanto, a revisão proposta nos royalties pode comprometer esses projetos, já que a margem de lucro nessas operações é mais estreita.

Aspectos técnicos da mudança de royalties

A legislação atual sobre royalties é regulada por duas leis principais:

  • Lei 9.478/1997: Definiu as regras de concessão e royalties para exploração de petróleo em campos do pós-sal.
  • Lei 12.351/2010: Criada durante o governo Lula, regula o regime de partilha de produção no pré-sal, com alíquotas mais elevadas de royalties.

O que a ANP estuda agora é aplicar o modelo de referência do pré-sal também ao pós-sal, mesmo para concessões antigas. Essa mudança não altera o contrato original, mas aumenta o valor de royalties pagos, tornando economicamente inviável a manutenção de várias plataformas.

Reações do mercado e especialistas

A decisão da ANP tem gerado críticas de diversos setores. Especialistas apontam que:

  • Insegurança Jurídica: Alterar as regras de contratos antigos fere a segurança jurídica do setor.
  • Efeito em Cadeia: Não afeta apenas a Petrobras, mas toda a cadeia de fornecedores e serviços.
  • Desestímulo a Investimentos: Complica a atração de capital estrangeiro e projetos de revitalização.

Comparação com Detroit: O alerta para Macaé

A comparação de Macaé com Detroit é um alerta grave. Detroit, nos Estados Unidos, foi o epicentro da indústria automobilística americana até sofrer um colapso econômico com a migração das montadoras. A cidade viu bairros inteiros serem abandonados, gerando pobreza e declínio urbano.

Se a revisão dos royalties for implementada e resultar no abandono de plataformas, Macaé corre o risco de seguir o mesmo caminho, perdendo sua relevância econômica e enfrentando altos índices de desemprego e evasão de empresas.

O futuro de Macaé está em jogo

A proposta da ANP de revisar os preços de referência dos royalties do petróleo pode representar um grave risco para a economia de Macaé e de todo o Norte Fluminense. Petrobras e outras empresas já demonstraram preocupação com o impacto financeiro e operacional da medida, alertando para o risco de fechamento de plataformas offshore.

Para evitar que Macaé se transforme em uma Detroit brasileira, é fundamental que as autoridades repensem essa alteração, buscando um equilíbrio entre a arrecadação fiscal e a manutenção da atividade econômica local. Afinal, o que é mais importante: arrecadar mais no curto prazo ou garantir o desenvolvimento econômico sustentável a longo prazo?

O que você acha? Aumentar os impostos do petróleo é mesmo a melhor solução para o Brasil?

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Paulo Nogueira

Eletrotécnica formado em umas das instituições de ensino técnico do país, o Instituto Federal Fluminense - IFF ( Antigo CEFET), atuei diversos anos na áreas de petróleo e gás offshore, energia e construção. Hoje com mais de 8 mil publicações em revistas e blogs online sobre o setor de energia, o foco é prover informações em tempo real do mercado de empregabilidade do Brasil, macro e micro economia e empreendedorismo. Para dúvidas, sugestões e correções, entre em contato no e-mail informe@clickpetroleoegas.com.br. Vale lembrar que não aceitamos currículos neste contato.

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