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Falta de investimento pode impedir que o gás boliviano chegue a outros países, incluindo o Brasil. Petrobras tenta se adiantar e pensar em uma solução

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 31/01/2023 às 22:57
Especialistas afirmam que há grandes chances de o gás boliviano deixar de ser um produto de exportação devido à falta de investimento na área. O Brasil, que importa o combustível, seria fortemente afetado, por isso a Petrobras já está em busca de uma possível solução antes que o cenário se concretize.
Foto: Divulgação

Especialistas afirmam que há grandes chances de o gás boliviano deixar de ser um produto de exportação devido à falta de investimento na área. O Brasil, que importa o combustível, seria fortemente afetado, por isso a Petrobras já está em busca de uma possível solução antes que o cenário se concretize.

De acordo com o governo da Bolívia, as especulações feitas sobre a falta de investimento no gás boliviano são falsas, o que, em teoria, deixaria o Brasil seguro por um tempo considerável. No entanto, a equipe da Petrobras parece acreditar nas previsões citadas, já que está buscando uma solução viável para não ser surpreendida. Segundo os especialistas, o ano de 2030 deve marcar o fim da era de exportação.

Como o Brasil seria afetado caso o gás boliviano deixasse de ser exportado?

Em dados quantitativos, o Brasil já chegou a importar cerca de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia diretamente da Bolívia.

O ápice aconteceu em 2022, através do gasoduto Brasil-Bolívia, mas foi preciso acordar um reajuste nos valores e o envio foi de 20 milhões de metros cúbicos por dia.

Ou seja, uma possível interrupção desse acordo acabaria trazendo danos à economia brasileira, especialmente para empresas como a Petrobras.

Como possíveis soluções, a entidade possui a Rota 3 do gasoduto do pré-sal, que ainda está em construção, assim como busca também apoio de outros produtores em países vizinhos, como é o caso da Argentina.

Wood Mackenzie explorou a questão e fez um estudo do histórico da YPFB para entender o futuro da estatal

Para evitar decisões precipitadas, o governo da Bolívia deixou bem claro que a área está, sim, recebendo os devidos investimentos a partir de planos de pelo menos U$ 325 milhões.

A iniciativa seria tanto para a exploração contínua de poços quanto para a prospecção de possíveis novos lugares.

O foco seria para a estatal Yacimientos Petrolíferos Federales de Bolívia (YPFB) que, inclusive, é a maior fornecedora externa de gás para o Brasil.

Apesar da nota liberada, as expectativas ainda são baixas, considerando uma análise feita pela Wood Mackenzie.

Conforme o relato, as últimas tentativas da YPFB foram malsucedidas, já que, em 2021, pretendia explorar 20 poços na Bolívia e acabou se limitando a apenas três – que, inclusive, estavam secos.

Em nota escrita, afirmaram: “Nossa pesquisa indica que os operadores reduziram seus gastos na Bolívia devido a campanhas fracassadas para aumentar a produção, especialmente em campos já estabelecidos”. Na mesma fala, detalharam o motivo: “Além disso, os esforços de exploração mais recentes não mostraram os resultados desejados. Dois ou três poços de exploração de alto potencial falharam”.

As afirmações feitas são baseadas em dados concretos e que foram observados ao longo dos anos. Por exemplo, foi constatado que as exportações totais do gás boliviano caíram cerca de 40% desde 2015, o que aponta que o futuro para a área se torna cada vez mais fragilizado no atual cenário.

Para Rivaldo Moreira Neto, CEO da Gas Energy, uma consultoria brasileira: “A preocupação com a Bolívia é muito evidente porque o declínio já é percebido há algum tempo. O país não tem conseguido sucesso em atrair investimento privado para explorar novos campos e, pelos anúncios recentes, o que se vê é a própria YPFB aportando capital porque, de fato, as regras do país não são atrativas já há muito tempo”.

A busca da Petrobras por uma solução substituta é, portanto, válida. A redução da chegada do gás boliviano no Brasil, ocasionada pela falta de investimento, se torna um perigo cada vez mais eminente conforme os anos passam e o colapso pode acontecer a curto prazo.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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