Um estudo inovador propõe a construção de uma construção monumental que conectaria a Europa e os Estados Unidos, eliminando barreiras na transmissão de energia renovável
Um estudo sugere que uma construção inovadora pode transformar a maneira como a Europa e a América do Norte gerenciam a energia renovável, eliminando um dos principais desafios do setor renovável: a intermitência.
A ideia principal é a criação de um cabo de energia transatlântico para conectar as redes elétricas desses dois continentes, garantindo um fornecimento estável de eletricidade e impulsionando a transição para uma matriz energética livre de carbono.
A construção seria um salto histórico na cooperação energética
De acordo com um estudo recente da Ember, com link disponível no final do texto, a interconexão transatlântica poderia aumentar significativamente a confiabilidade da energia, aproveitando as diferenças climáticas entre os dois continentes.
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A lógica é simples: quando a produção de energia solar ou eólica diminui em uma região, a outra pode compensar, garantindo uma rede elétrica mais estável e resiliente.
Este projeto remete ao feito histórico de Charles Tilston Bright, engenheiro responsável pela criação do primeiro cabo telegráfico transatlântico no século XIX.
No entanto, desta vez, a proposta é transportar eletricidade em larga escala, proporcionando uma troca de energia em tempo real entre os continentes.
Resolvendo a maior fraqueza da energia renovável
Um dos principais desafios da energia renovável é a sua intermitência. A geração de eletricidade a partir do vento e do sol varia conforme as condições climáticas e as estações do ano.
Na França, por exemplo, a produção de energia eólica pode oscilar de 46,7 GW para apenas 0,4 GW. A energia solar também apresenta flutuações, variando entre 1,3 GW e 33,6 GW ao longo do ano.
Em janeiro de 2019, a combinação de energia solar e eólica no país forneceu apenas 0,65 GW, representando 1% da demanda nacional.
Com a interconexão entre a Europa e a América do Norte, essas oscilações poderiam ser minimizadas. O compartilhamento de eletricidade permitiria um fornecimento mais estável e confiável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis como fonte de energia de reserva.
Fortalecimento da segurança e eficiência energética
Além de melhorar a eficiência, o cabo transatlântico também representa um avanço na segurança energética.
Ao conectar duas das maiores economias do mundo, ele poderia servir como um buffer contra crises energéticas, oscilações de mercado e instabilidades geopolíticas. Em termos práticos, isso significaria:
- Custos de energia mais baixos para os consumidores, graças à otimização da oferta e da demanda;
- Redução da dependência de combustíveis fósseis para suprir faltas de energia;
- Uma rede elétrica mais resiliente diante de desastres naturais ou tensões políticas.
Transformando os mercados globais de energia
Além de estabilizar o fornecimento, este projeto também pode impulsionar investimentos em energia renovável.
Com a interligação transatlântica, o excedente de energia hidrelétrica e eólica da América do Norte poderia ser direcionado para o mercado europeu, enquanto a energia solar e eólica offshore da Europa poderia ajudar a suprir a demanda norte-americana.
Regiões como Québec, no Canadá, poderiam se beneficiar significativamente desse projeto. O local é um dos maiores produtores de energia hidrelétrica do mundo e poderia aproveitar essa conexão para acessar um mercado europeu altamente demandante.
Um passo necessário para o futuro
Com o crescimento da demanda global por eletricidade, impulsionado pela expansão de veículos elétricos, sistemas de aquecimento, data centers e a eletrificação industrial, torna-se cada vez mais essencial garantir uma rede energética estável e eficiente.
Analistas da Ember destacam que, nas próximas décadas, a maior parte do aumento na demanda de energia precisará ser atendida por fontes livres de carbono. A interconexão transatlântica surge, assim, como uma solução estratégica para garantir essa transição.
Se concretizado, este projeto monumental pode redefinir o futuro da energia renovável, provando que a cooperação internacional é essencial para uma rede elétrica mais limpa e sustentável.
Estudo disponível em Ember.