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Estado brasileiro perde todas suas ligações ferroviárias com outras regiões do Brasil e agora precisa de 4 BILHÕES para voltar a se conectar pelo país

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/12/2024 às 17:47
As enchentes de 2024 destruíram 800 km de ferrovias no RS. R$ 4 bilhões são necessários para a reconstrução. Economia em risco!
As enchentes de 2024 destruíram 800 km de ferrovias no RS. R$ 4 bilhões são necessários para a reconstrução. Economia em risco!

Estado brasileiro enfrenta seu maior colapso ferroviário. Com 800 km de linhas destruídas e empresas prejudicadas, o estado precisa de R$ 4 bilhões para recuperar sua malha ferroviária e evitar um colapso econômico ainda maior. Trabalhadores foram demitidos e o futuro das ferrovias é incerto.

O sistema ferroviário do Rio Grande do Sul, que já foi um dos pilares do desenvolvimento econômico do estado, vive hoje sua pior crise em décadas.

As enchentes catastróficas de maio de 2024 destruíram mais de 800 km de trilhos, isolando o estado do restante do Brasil e comprometendo seriamente sua logística de transporte.

O impacto é tão profundo que o custo estimado para a reconstrução das ferrovias pode ultrapassar a impressionante cifra de R$ 4 bilhões, segundo estimativas do setor e de autoridades públicas consultadas pelo jornal Correio do Povo.

A destruição das linhas ferroviárias afetou diretamente o transporte de mercadorias essenciais, como grãos, combustíveis e produtos químicos, prejudicando grandes empresas e milhares de trabalhadores que dependem dessa infraestrutura para sobreviver.

A situação é tão crítica que especialistas alertam para um possível colapso econômico regional, caso uma solução viável não seja implementada com urgência.

Destruição em massa: Linhas ferroviárias inutilizadas

De acordo com informações do Correio do Povo, as chuvas torrenciais danificaram profundamente a malha ferroviária em dois dos trechos mais estratégicos do estado: o ramal Canoas-Vacaria e a rota Porto Alegre-Uruguaiana, que liga o Brasil à Argentina e ao Paraguai.

Pontes desabaram, túneis foram obstruídos por deslizamentos de terra e trilhos foram retorcidos pela força das águas, interrompendo o transporte de cargas e isolando cidades inteiras.

O estado depende dessas ferrovias para o transporte de commodities agrícolas como soja, milho e trigo, além de produtos petroquímicos.

Empresas como a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e a Braskem, localizadas na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram seriamente afetadas.

“Cerca de 80% a 85% do transporte logístico da Braskem era feito por trens antes das enchentes”, relatou o Correio do Povo.

Desde então, a empresa precisou utilizar caminhões e navios para manter suas operações mínimas, aumentando seus custos logísticos.

Trabalhadores demitidos e famílias em desespero

A destruição da malha ferroviária também trouxe consequências devastadoras para os trabalhadores do setor.

Segundo o presidente do Sindicato dos Ferroviários do Rio Grande do Sul (Sindifergs), João Calegari, mais de 330 trabalhadores foram demitidos, enquanto outros 80 funcionários foram remanejados para ferrovias em outros estados, como o Paraná e Santa Catarina.

“Nos preocupa não só a falta de transporte no RS, mas também a situação das famílias que dependem desse sistema,” declarou Calegari ao Correio do Povo.

A falta de empregos e o fim dos contratos temporários aumentaram a insegurança alimentar e a vulnerabilidade social nas regiões mais afetadas.

Muitos ferroviários afirmaram que não há previsão de recontratação, já que as obras de recuperação podem levar mais de um ano, de acordo com estimativas preliminares da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Empresas pressionam governo e concessionária

A concessionária Rumo Logística, responsável pela operação das ferrovias no Rio Grande do Sul, afirmou ao Correio do Povo que mantém contato constante com as autoridades públicas para encontrar uma solução definitiva.

No entanto, o contrato de concessão da empresa está próximo do vencimento, previsto para 2027, o que gera um impasse sobre quem será responsável pelo investimento bilionário na recuperação da infraestrutura ferroviária.

De acordo com o Ministério dos Transportes, as negociações avançam lentamente devido à complexidade do projeto e à necessidade de recursos expressivos.

A empresa afirma que os danos ultrapassam o valor previsto para manutenção regular e que não pode arcar sozinha com os custos.

Infraestrutura ferroviária abandonada há décadas

Mesmo antes das enchentes, o sistema ferroviário gaúcho já enfrentava graves problemas estruturais.

Segundo o Correio do Povo, ao longo das últimas décadas, a malha ferroviária ativa no estado foi reduzida de 3.150 km para apenas 1.650 km, principalmente devido à falta de investimentos e à gestão ineficiente por parte das empresas concessionárias.

Muitos trechos foram desativados por serem considerados economicamente inviáveis, enquanto outros foram abandonados após décadas sem manutenção.

Pontes corroídas, trilhos enferrujados e estações ferroviárias desativadas são retratos de um passado glorioso que parece cada vez mais distante.

Estudo alerta para riscos futuros

Um relatório publicado pelo Ministério dos Transportes em 2023 já alertava para o aumento da frequência de desastres naturais que poderiam comprometer a infraestrutura de transporte no Brasil, especialmente as ferrovias localizadas em áreas de risco, como a Estrada de Ferro Porto Alegre-Uruguaiana.

O estudo, realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelou que 60% das linhas férreas brasileiras estão vulneráveis a eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos de terra.

O relatório recomendou a modernização das estruturas ferroviárias e a implementação de políticas públicas para prevenir desastres, mas poucos avanços foram registrados até agora.

Com o sistema ferroviário do Rio Grande do Sul em ruínas e sua economia regional comprometida, será que o estado conseguirá se reconectar ao resto do Brasil?

O desafio é imenso, mas o tempo corre contra a recuperação econômica. O Correio do Povo continuará acompanhando os desdobramentos dessa crise histórica.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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