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Enquanto compra jazidas no Brasil, China proíbe exportação de minerais essenciais aos EUA em mais um capítulo da atual tensão comercial

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 05/12/2024 às 00:08

A China proibiu a exportação de minerais essenciais aos EUA e adquiriu uma das maiores jazidas do Brasil. Com terras raras valiosas em jogo, a transação levanta debates sobre soberania mineral, preços baixos e impactos estratégicos. Enquanto a tensão entre Pequim e Washington aumenta, o Brasil enfrenta o desafio de proteger suas riquezas naturais e valorizar seus recursos.

O cenário internacional está em ebulição. Em um movimento que promete intensificar ainda mais as tensões comerciais globais, a China tomou uma decisão que impacta diretamente os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que amplia sua presença no Brasil.

Essa estratégia, que envolve o controle de minerais essenciais, traz à tona questões sobre soberania, dependência econômica e disputas de poder.

Afinal, o que está por trás dessa nova jogada de Pequim, e como isso pode afetar o Brasil e o mundo?

Nesta terça-feira (3), a China anunciou a proibição das exportações de minerais essenciais, como gálio, germânio e antimônio, para os Estados Unidos.

Esses materiais têm aplicações militares e tecnológicas críticas, como na fabricação de semicondutores, cabos de fibra óptica, munições e baterias.

O bloqueio, que já havia sido parcialmente implementado em anos anteriores, é uma resposta direta às recentes sanções dos EUA contra o setor tecnológico chinês.

A nova arma na guerra comercial

De acordo com o Ministério do Comércio da China, os minerais afetados pela restrição possuem aplicações de “uso duplo”, ou seja, tanto militar quanto civil.

A ordem, que entrou em vigor imediatamente, também exige uma análise mais rigorosa do uso final de grafite, material essencial para baterias de veículos elétricos.

“Em princípio, a exportação de gálio, germânio, antimônio e grafite para os Estados Unidos não será permitida”, anunciou o órgão em um comunicado oficial.

A decisão reflete o tom cada vez mais agressivo da disputa entre as duas maiores economias do mundo, que disputam o controle das cadeias globais de suprimentos.

Esses minerais têm papéis vitais em tecnologias estratégicas. O gálio e o germânio são utilizados em semicondutores e equipamentos infravermelhos, enquanto o antimônio é crucial na fabricação de munições e armamentos.

Já o grafite é o principal componente das baterias recarregáveis, pilares da transição global para a energia limpa.

A dependência ocidental e o impacto global

Atualmente, a China domina a produção de grande parte desses minerais estratégicos.

Segundo a consultoria Project Blue, o país é responsável por 59,2% da produção mundial de germânio refinado e 98,8% de gálio refinado.

No caso do antimônio, a China produziu 48% do volume global extraído no ano passado, um dado que revela a dependência de outros países em relação ao gigante asiático.

O impacto dessas restrições já pode ser sentido nos mercados internacionais. Dados do provedor de informações Argus mostram que os preços do trióxido de antimônio, por exemplo, subiram 228% desde o início do ano.

Esse aumento de preços pode gerar uma corrida global por fontes alternativas, mas a escassez de depósitos exploráveis fora da China coloca o Ocidente em uma posição vulnerável.

Brasil na mira: o caso da mina de Pitinga

Enquanto os EUA enfrentam dificuldades para acessar minerais estratégicos, a China reforça sua influência na América Latina, especialmente no Brasil.

Um exemplo claro dessa estratégia é a recente aquisição da mina de Pitinga, localizada no estado do Amazonas.

Vendida por aproximadamente R$ 2 bilhões, a jazida abriga minerais como estanho, nióbio e terras raras, essenciais para tecnologias de ponta.

De acordo com especialistas, o valor da transação foi considerado baixo diante do potencial estratégico da mina.

Samuel Hanan, ex-vice-governador do Amazonas, destacou que o principal atrativo da Pitinga não é apenas o estanho, mas as terras raras, como o ítrio e o xenótimo.

Esses minerais são indispensáveis para a produção de baterias de carros elétricos, turbinas eólicas e dispositivos tecnológicos.

“O Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, mas, infelizmente, carece de tecnologia e políticas que valorizem esses recursos.

É por isso que acabamos entregando nossas riquezas a empresas estrangeiras”, afirmou Hanan em entrevista recente.

O debate sobre soberania mineral

A venda da mina reacendeu o debate sobre a soberania mineral do Brasil e a necessidade de políticas públicas mais robustas para proteger os interesses nacionais.

“Mineração não é renovável. Estamos falando de bens finitos e estratégicos. Não basta vender barato; é preciso garantir transparência e arrecadação justa”, enfatizou Hanan.

Além disso, o governo do Amazonas se posicionou a favor de investimentos estrangeiros, desde que respeitem as leis ambientais e gerem desenvolvimento econômico local.

No entanto, especialistas alertam para os riscos de depender excessivamente de parceiros externos sem assegurar contrapartidas que beneficiem a população brasileira.

Consequências para o futuro

A crescente disputa entre potências globais pelo controle de minerais essenciais coloca o Brasil em uma posição estratégica no cenário mundial.

Enquanto a China se consolida como a maior produtora e controladora desses recursos, os Estados Unidos enfrentam desafios significativos para diversificar suas cadeias de suprimentos.

Por outro lado, o Brasil parece estar à margem dessa disputa, com recursos valiosos sendo vendidos por valores considerados baixos e sem uma política clara para aproveitar essas riquezas em benefício próprio.

Como o país pode reverter esse cenário e garantir um futuro mais promissor para sua economia?

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Geraldo Costa
Geraldo Costa
05/12/2024 18:04

Falava-se muito do entreguismo dos politicos da direita, e agora estão entregando ao parceiro da ideologia. Hipócritas!

Jonas
Jonas
Em resposta a  Geraldo Costa
05/12/2024 19:33

Ué… mas não havia uma estatal explorando esses minérios. A empresa que fazia a extração era uma empresa PRIVADA, a China veio e comprou, é o tal livre mercado. Hipocrisia é ser contra uma negociação privada que acontece durante um governo de esquerda e bater palma com venda de oleodutos e refinarias ESTATAIS, a preço de **** só porque sou simpático ao governo neofascista. Nos poupe né , nané!
PS.; acho que todos os recursos naturais deveriam ser estatizados.

Danio
Danio
Em resposta a  Jonas
06/12/2024 16:51

Precisamos de um Governo presidencial e de Governadores patriotas ,cidadãos brasileiros ,e não esse atuais que vivem enaltecendo uma esquerda,um pensamento Marxusta arcaico falido, e assim estão entregando suas riquezas a um governo exterior comunista,mandatario

Al6
Al6
Em resposta a  Danio
06/12/2024 18:10

Porque será que o governo comunista conseguiu elevar seu país a uns 30 anos rumo ao futuro.só queria entender…

José Carlos
José Carlos
Em resposta a  Al6
07/12/2024 02:40

A resposta é simples: porque apesar de ser comunista age e planeja como capitalista.
É a lei do ferrão: se não fazer o que e mandado o paredão de fuzilamento está logo ali.

hannah w. becker
hannah w. becker
Em resposta a  Jonas
10/12/2024 07:27

holla! sem duvida a riqueza material de 1 pais deveria ser patrimonio do povo…assim esta petrobraz!!! mas ate quando as negociatas vao reinar?

Guilherme coelho vaz
Guilherme coelho vaz
Em resposta a  Geraldo Costa
07/12/2024 21:07

É mentira Zé ruela.

Milton Souza
Milton Souza
05/12/2024 18:29

As reservas ****,subsolo rico do Brasil já foi vendido há anos,pais não mineral nenhum, a não ser q compre,já q estão tudo nas mãos estrangeiras,nossos políticos vendem o país

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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