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China planeja começar plantio de milho e soja no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 13/04/2025 às 12:02
China inicia produção de soja e milho no Brasil com tecnologia de ponta e bilhões em investimentos, marcando nova era no agronegócio.
China inicia produção de soja e milho no Brasil com tecnologia de ponta e bilhões em investimentos, marcando nova era no agronegócio.

Acordo histórico entre Brasil e China marca o início de uma nova etapa no agronegócio, com investimentos bilionários e tecnologias inovadoras que prometem transformar o campo brasileiro e estreitar ainda mais os laços entre as duas nações emergentes.

Nos últimos anos, a relação entre Brasil e China tem se fortalecido, especialmente no setor agrícola.

O país asiático, maior importador global de soja e um dos principais consumidores de milho, busca novas estratégias para garantir o abastecimento desses grãos essenciais para sua economia.

Em meio a esse cenário, um novo capítulo dessa parceria comercial está sendo escrito: a China não quer apenas importar do Brasil, mas também produzir diretamente em solo brasileiro.

No início de fevereiro de 2025, a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) firmou um acordo estratégico com a gigante estatal chinesa Hulunbuir State Farm Group.

A parceria tem como foco o desenvolvimento da produção de soja e milho no Brasil, aproveitando a tecnologia agrícola brasileira e a vasta disponibilidade de terras agricultáveis.

O acordo foi selado durante o Seminário de Promoção de Cooperação Comercial e de Investimentos entre China (Mongólia Interior) e Brasil, realizado no Hotel Renaissance, em São Paulo.

Parceria estratégica para fortalecer o agronegócio

A assinatura do acordo representa um avanço significativo na relação entre os dois países no setor agrícola.

O documento estabelece diretrizes para um modelo de cooperação de longo prazo, promovendo benefícios mútuos por meio do intercâmbio tecnológico, compartilhamento de recursos e desenvolvimento conjunto.

Hélio Sirimarco, vice-presidente da SNA, destacou que a estatal chinesa, uma das maiores produtoras de grãos do país asiático, está interessada em adotar tecnologias brasileiras para fortalecer sua produção.

Segundo ele, os chineses demonstraram interesse não apenas na compra, mas na produção direta em território brasileiro, uma estratégia que pode garantir maior controle sobre a qualidade e o abastecimento dos produtos.

“Nossos avanços tecnológicos chamaram a atenção dos chineses, levando a essa parceria. Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de soja, e a China, o maior importador desse produto. Eles demonstraram interesse não apenas em comprar, mas também em começar a produzir no Brasil. Aqui, temos cerca de 30 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem ser convertidas para agricultura, sem a necessidade de desmatamento. Eles estão muito conscientes disso”, afirmou Sirimarco.

Como funcionará a cooperação entre Brasil e China

O modelo de parceria adotado prevê uma atuação conjunta entre as empresas chinesas e produtores brasileiros.

De um lado, a Hulunbuir State Farm Group trará investimentos e expertise em escala industrial, enquanto a SNA fornecerá suporte técnico, regulatório e mercadológico.

A estatal chinesa terá um papel ativo na colaboração com fazendas e empresas locais para melhorar a produtividade agrícola.

Além disso, haverá um forte intercâmbio tecnológico entre os países, o que pode gerar avanços significativos para o agronegócio brasileiro.

Já a SNA assumirá a responsabilidade de fornecer consultoria estratégica sobre políticas agrícolas, viabilidade econômica e aplicação de novas tecnologias, garantindo que o modelo de produção adotado seja eficiente e sustentável.

Brasil e China: uma relação consolidada no agronegócio

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente no setor agrícola.

Nos últimos anos, a exportação de soja e milho para o país asiático cresceu consideravelmente, tornando-se um dos principais motores da balança comercial brasileira.

Mesmo com essa relação consolidada, o cenário apresenta desafios.

Em 2023, a China foi responsável por 27% das exportações brasileiras de milho, gerando uma receita de US$ 3,6 bilhões.

No entanto, em 2024, essa participação caiu para 5,8%, com receita de apenas US$ 478 milhões, ficando atrás de mercados como Egito, Vietnã, Irã, Coreia do Sul e Japão.

Além disso, em janeiro de 2025, a China suspendeu a importação de soja de pelo menos cinco unidades de empresas brasileiras, reforçando a necessidade de diversificação de estratégias comerciais.

Essa decisão pode ser interpretada como um incentivo para que a produção chinesa avance dentro do Brasil, minimizando a dependência das importações e reduzindo possíveis gargalos logísticos.

Impactos no agronegócio brasileiro

A entrada da China na produção direta de soja e milho no Brasil levanta uma série de questões para o agronegócio nacional.

Por um lado, os investimentos chineses podem impulsionar a adoção de novas tecnologias, gerar empregos e aumentar a produtividade do setor.

Por outro, há preocupações sobre o impacto dessa movimentação na soberania agrícola brasileira.

O controle de terras e a produção por empresas estrangeiras geram debates sobre regulamentação e limites para investimentos externos no setor.

Especialistas apontam que o Brasil precisa equilibrar os benefícios econômicos dessa parceria com medidas que garantam a segurança alimentar e o controle estratégico da produção agrícola nacional.

Nesse sentido, a atuação de órgãos reguladores e entidades do setor será fundamental para garantir que os interesses brasileiros sejam preservados.

Sustentabilidade como prioridade

Um dos aspectos mais destacados no acordo entre SNA e Hulunbuir State Farm Group é o compromisso com práticas sustentáveis.

A China tem demonstrado maior preocupação com a origem dos produtos agrícolas que consome, principalmente diante de pressões internacionais para reduzir o impacto ambiental da sua cadeia produtiva.

Em fevereiro de 2025, a Cofco International, em parceria com a China Mengniu Dairy e a Sheng Mu Organic Dairy, assinou um acordo para fornecer 1,5 milhão de toneladas de soja certificada como sustentável do Brasil para a China.

Essa soja é produzida em áreas livres de desmatamento e segue padrões rigorosos de rastreabilidade e sustentabilidade.

Essa movimentação indica que a parceria entre Brasil e China no setor agrícola tende a evoluir para modelos mais alinhados com as exigências ambientais globais, o que pode trazer benefícios a longo prazo para o setor.

O futuro da parceria agrícola Brasil-China

Com o avanço da cooperação entre Brasil e China na produção de soja e milho, o agronegócio nacional entra em uma nova fase.

A presença chinesa no cultivo desses grãos pode trazer investimentos e modernização, ao mesmo tempo em que exige um debate aprofundado sobre os impactos estratégicos dessa movimentação.

O desafio agora será garantir que essa relação continue sendo benéfica para ambas as partes, assegurando que o Brasil mantenha sua posição de liderança na produção global de grãos, sem comprometer sua soberania agrícola.

A parceria entre a SNA e a Hulunbuir State Farm Group reforça a importância da colaboração internacional para o crescimento do setor, mas também destaca a necessidade de um planejamento cuidadoso para equilibrar interesses econômicos, ambientais e estratégicos.

Na sua visão, leitor, o Brasil está se tornando protagonista no agronegócio global ou apenas cedendo suas terras à influência da China?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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