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Arqueólogos encontraram em Israel uma fábrica de tinta roxa com 3.000 anos de idade que operou por cerca de 500 anos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 21/04/2025 às 22:52
fábrica de tinta
Tel Shiqmona durante a Idade do Ferro: Um primeiro vislumbre de uma antiga ‘fábrica’ de corante roxo no Mediterrâneo.

Local servia à fabricação de corante raro e valioso, usado por elites e realeza da época, com técnicas preservadas por séculos

Uma descoberta arqueológica inédita revelou uma antiga fábrica de tinta roxa que operou por cerca de 500 anos em Israel. Localizada na vila de Tel Shiqmona, na costa do Carmelo, a instalação funcionou entre 1100 e 600 a.C. e produzia uma das cores mais simbólicas da Antiguidade: o roxo, associado ao poder, à espiritualidade e à riqueza.

Produção em larga escala

Segundo o estudo publicado na revista científica PLOS, trata-se da primeira evidência física de uma fábrica industrial de corante roxo no mundo.

Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e da Universidade de Chicago coordenaram as escavações no sítio, que revelou um número inédito de artefatos ligados à produção da tinta.

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O processo começava com a coleta de moluscos. Suas conchas eram trituradas, liberando uma matéria-prima esverdeada que, ao entrar em contato com o ar, se tornava roxa. A partir daí, as fibras eram tingidas em tanques que podiam conter até 350 litros de líquido.

A estrutura da fábrica confirma que a produção era feita em larga escala e com métodos bastante avançados para a época.

Artefatos revelam detalhes da operação

Os pesquisadores identificaram 176 artefatos relacionados ao tingimento de tecidos. Esses itens foram organizados em seis categorias e incluíam pedras de moer de basalto, tigelas, martelos de pedra e fragmentos de cerâmica com manchas roxas.

Algumas peças estavam associadas diretamente ao tingimento, enquanto outras revelavam os resíduos deixados pelo processo industrial.

Fragmentos de cubas indicavam que os recipientes utilizados eram parcialmente enterrados e reaproveitados. Alguns cacos estavam manchados de tinta, enquanto outros não apresentavam coloração, o que ajudou a distinguir as diferentes fases do processo.

A equipe também realizou análises químicas, mineralógicas e de contexto para entender como o tingimento era feito. Os dados reforçaram a separação entre os dois estágios principais da produção: extração do corante e tingimento do tecido. Essa distinção ajuda a resolver uma antiga dúvida sobre como funcionava essa cadeia produtiva no Levante da Idade do Ferro.

Relevância histórica e futuras buscas

O estudo destaca que essa é a maior coleção de artefatos desse tipo já encontrada na região do Mediterrâneo, independentemente do período histórico. A descoberta de Tel Shiqmona pode, agora, servir como referência para localizar outros centros de produção de corante roxo, especialmente em locais próximos a ecossistemas marinhos ricos em moluscos.

Segundo os autores, a antiga indústria da tinta roxa era um “negócio confuso”, deixando muitos resíduos. Essa característica pode ajudar arqueólogos a identificar outros sítios semelhantes. Eles encerram o estudo com uma observação curiosa, comparando a localização estratégica da fábrica com conselhos do setor imobiliário: “localização, localização, localização”.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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