Vice-presidentes de RH da Natura &Co e da PepsiCo contam como estão se preparando para o desafio do trabalho híbrido no ano que vem
Na era do trabalho híbrido e do home office, os escritórios ganharam uma nova função, e quem explica é o vice-presidente de recursos humanos da PepsiCo, Fabio Barbagli, com o mantra da empresa: “O escritório continua super relevante, mas muda seu propósito. Agora são os 4Cs: colaboração, criação, conexão e celebração”, explica.
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De acordo com a consultoria de gestão de riscos corporativos AON, a pandemia levou 73,3% das empresas a implementarem políticas de trabalho remoto. Antes de 2020, 68,5% delas não tinham o modelo do home Office em seu dia a dia. Para 2022, o teste de fogo para o modelo híbrido será destaque entre as empresas. Mesmo que tenha se mostrado mais complexo, a atual meta das empresas é manter os ganhos do trabalho remoto e continuar desvendando a melhor maneira de seguir com o modelo híbrido.
Com a reforma do escritório da PepsiCo em São Paulo, o espaço do café que antes era secundário, ganhou destaque se tornando um espaço nobre. “Se você antes passava rápido para pegar um café e depois voltava pra responder um e-mail na sua mesa, agora descobrimos que o local é muito mais importante que isso. No futuro, queremos que o espaço mais nobre seja o café”, afirma Barbagli.
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Com mais de 12 mil funcionários no Brasil, somente 10% deles trabalham na parte administrativa e usam o escritório da PepsiCo. Para esses, o modelo será híbrido flexível, e se inicia em 2022.
Na pesquisa da consultoria Think Work Lab, com cerca de 70 empresas no Brasil sobre esse modelo de trabalho, os RHs apresentaram indecisão sobre dois pontos importantíssimos e mais burocráticos que apaziguam a opinião daqueles que preferem trabalhar de maneira híbrida.
Dentre aqueles que responderam a pesquisa, 24% disseram que ainda não têm clareza sobre mudança de contrato ou que grupos seriam contemplados. E 25% ainda não definiram como será a gestão de benefícios do híbrido.
“Diria que a grande barreira é a legislação trabalhista. Não é uma questão de decisão de custos, estamos dispostos a absorver um custo maior. A dificuldade maior é trabalhista”, declara o VP da PepsiCo sobre as incertezas que ainda o preocupam.
Conforme a legislação trabalhista de 2018, até dois dias de trabalho em casa são considerados a forma tradicional de contrato. Passado disso, o modelo passa a ser teletrabalho, ou híbrido, visto que o funcionário encontra-se fora do escritório por mais dias. E, esse fato, muda a forma como o contrato deve ser administrado.
A nova realidade híbrida
A nova realidade que as empresas vão enfrentar com o modelo híbrido ainda é complexa. Mesmo as companhias que se prepararam durante os quase dois anos de pandemia, como a Natura & Co, que estabeleceu um grupo multidisciplinar para estudar o novo modelo de trabalho para o pós-pandemia, ainda prefere adaptar o modelo conforme se fizer necessário, sem que seja totalmente estabelecido de forma prévia.
Com o “novo normal”, três formas de trabalho vão ter que coexistir em empresas como o Google e a Embraer: o totalmente presencial, o híbrido (com proporções diferentes de dias no escritório e flexibilidade) e também o 100% remoto.
“Não dá para voltar e nem começar nada do zero. Você pega o que aprendeu até agora, inclui [na cultura] e transcende. Dá mais um passo. É nesse sentido que a gente vai trabalhar”, afirma o vice-presidente da Natura, Flavio Pesiguelo, sobre os novos desafios que a empresa terá que enfrentar.
Acima de mudanças estruturais e tecnológicas, como a renovação de escritórios, Flavio acredita que o híbrido irá alterar de vez no manual de liderança das empresas.
Assim como o uso do escritório será guiado pelos 4C’s da PepsiCo, ele dá suas palavras de guia da liderança do futuro: orientar, desenvolver e empoderar.