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A montanha de lixo na América do Sul: O desastre humano que já pode ser visto do espaço

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 10/01/2025 às 14:14
A montanha de lixo na América do Sul: O desastre humano que já pode ser visto do espaço
A montanha de lixo não foi enterrada porque muitas roupas não são biodegradáveis e contêm produtos químicos que podem contaminar o solo. Além disso, a região não tem infraestrutura adequada para lidar com tanto resíduo.

Uma montanha de roupas descartadas pela fast fashion no Deserto do Atacama, no Chile, já acumulou mais de 60 mil toneladas de resíduos, incluindo itens não biodegradáveis, e se tornou tão imensa que é visível do espaço.

O deserto mais seco do mundo, o Atacama, no norte do Chile, esconde uma triste realidade: uma montanha de lixo tão grande que pode ser vista do espaço. Entre os resíduos, predominam roupas descartadas pela indústria da fast fashion, acumulando-se em um cenário que parece saído de um filme distópico. Mas como chegamos a este ponto?

O Deserto do Atacama e a montanha de lixo

O Deserto do Atacama, famoso por sua aridez e beleza única, agora é também lar de um gigantesco depósito de roupas descartadas. Estima-se que cerca de 60 mil toneladas de vestuário cheguem à região todos os anos, vindas de portos como o de Iquique. Muitas dessas peças são fabricadas em países como China e Bangladesh, mas, ao não serem vendidas em mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia, acabam despejadas no deserto.

Entre os itens descartados estão botas de esqui e suéteres de Natal que, ironicamente, não combinam com o clima da região. Essas roupas não são biodegradáveis e contêm produtos químicos que impossibilitam seu descarte em aterros tradicionais. Assim, o deserto se tornou um verdadeiro “sacrifício global”, onde os resíduos de outros países encontram repouso.

A fast fashion: Um motor de resíduos

Essas roupas vêm principalmente de países como China e Bangladesh, onde são produzidas, e depois enviadas para os mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia. As peças que não são vendidas acabam descartadas no Deserto do Atacama, no Chile.
Essas roupas vêm principalmente de países como China e Bangladesh, onde são produzidas, e depois enviadas para os mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia. As peças que não são vendidas acabam descartadas no Deserto do Atacama, no Chile.

A indústria da fast fashion tem papel central nesse problema. Com sua produção acelerada e preços baixos, ela incentiva o consumo desenfreado e o descarte precoce de roupas. Segundo dados, essa indústria gera 92 milhões de toneladas de resíduos por ano.

É assustador pensar que, enquanto consumidores aproveitam promoções e trocam de guarda-roupa a cada estação, o impacto ambiental se acumula em montanhas como a do Atacama. Essa cadeia de consumo não termina nas lojas, mas nas paisagens devastadas e na saúde comprometida de quem vive perto desses lixões.

A vida ao redor da montanha de lixo

Para quem vive nos arredores da montanha de lixo, a situação é desesperadora. Caminhões carregados de roupas passam regularmente pelas comunidades locais, deixando para trás resíduos que são frequentemente queimados, liberando fumaça tóxica.

Ángela Astudillo, cofundadora da ONG Desierto Vestido, descreve o cenário como um “inferno cotidiano”. Moradores enfrentam os riscos da poluição, tanto do solo quanto do ar, enquanto veem suas terras serem transformadas em depósitos de resíduos globais.

Iniciativas de conscientização e reutilização

Apesar do caos, há quem lute para reverter essa situação. Franklin Zepeda, fundador da EcoFibre, está transformando parte das roupas descartadas em painéis isolantes. Além disso, eventos como o desfile da modelo Sadlin Charles, que usou roupas recicladas do lixão, buscam chamar a atenção para o problema.

Essas iniciativas mostram que, mesmo diante de uma montanha literal de lixo, é possível encontrar soluções criativas. Designers, ativistas e comunidades estão unindo forças para trazer consciência ao público e pressionar por mudanças na indústria.

Resolver o problema da montanha de lixo na América do Sul exige ações em diferentes frentes. Governos, empresas e consumidores precisam trabalhar juntos para priorizar a sustentabilidade. Algumas soluções incluem:

Reduzir o consumo: Comprar apenas o necessário e priorizar produtos de qualidade.

Reutilizar e reciclar: Doar roupas ou transformá-las em novos produtos.

Incentivar a economia circular: Apoiar marcas que promovem práticas sustentáveis.

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Zec
Zec
10/01/2025 14:50

0102EzequielPaulo

Marcio Maia
Marcio Maia
12/01/2025 00:43

O reporter deveria ter entrado em contato com o governo do Chile, pra saber porque eles permitem que tal fato aconteça.

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 3.000 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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