A Cofco International, gigante chinesa do comércio agrícola, está se consolidando como uma das maiores potências do setor no Brasil, rivalizando com as tradicionais Cargill e Bunge.
Mas o que realmente está por trás desse sucesso surpreendente? Descubra como a estatal chinesa está revolucionando o mercado agrícola brasileiro e quais são seus planos ambiciosos para o futuro.
Em uma década, a Cofco International se tornou uma das principais forças do agronegócio no Brasil, com mais de 7.200 funcionários e investimentos massivos. A empresa está prestes a inaugurar seu próprio terminal no porto de Santos, um projeto de R$ 1,6 bilhão que promete transformar a logística de exportação do país.
Segundo Yunchao Wang, vice-presidente da Cofco International, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a empresa vê no Brasil um potencial imenso para crescimento sustentável em grãos, oleaginosas e açúcar. “Nosso negócio está crescendo ano após ano, e estamos priorizando investimentos em geografias e mercados com oportunidades significativas”, afirmou Wang.
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Investimento bilionário no porto de Santos
A Cofco International desembarcou no Brasil há dez anos e, em 2014, adquiriu a Noble Agri, acelerando sua expansão. Hoje, emprega mais de 7.200 pessoas no Brasil, que representam uma grande parte de seus 11 mil funcionários globais. A empresa atua em 36 países e exporta para a China e quase todos os continentes, incluindo Américas, Europa e África.
Em termos de receita, a Cofco já é uma das grandes no Brasil. Conforme o ranking anual do jornal Valor, divulgado no ano passado, a Cofco é a 18ª maior empresa em receita no país. Em contraste, a Cargill ocupa a 9ª posição, e a Bunge, a 14ª. Na edição anterior, a Cofco não figurava entre as mil maiores empresas.
Expansão contínua e operações diversificadas
A empresa continua a expandir suas operações no Brasil, comprando grandes volumes de soja e milho e cultivando cana-de-açúcar.
“Também desenvolvemos nossa planta de processamento em Rondonópolis (MT), que produz 1,3 milhão de toneladas de soja e 350 mil toneladas de biodiesel por ano”, detalhou Wang. A usina está conectada ao porto de Santos por ferrovia, e um oleoduto liga distribuidores de biodiesel próximos.
Além de Santos, a Cofco investe em outras infraestruturas no Brasil. Um exemplo é a melhoria no moinho de Catanduva (SP), com um investimento de R$ 350 milhões em uma nova caldeira, e na infraestrutura de transporte para ligar a unidade ao porto.
Cofco e seu compromisso com a sustentabilidade
A sustentabilidade também é uma prioridade para a Cofco. Em junho, o primeiro cargueiro da empresa carregado com soja brasileira “livre de desmatamento” chegou ao porto de Tianjin, saudado por vídeos na mídia chinesa como “um passo na direção de práticas sustentáveis”, pois sua produção “não causa mudança nos ecossistemas naturais”.
Wang afirmou que a promessa da empresa é uma cadeia de suprimento de soja “livre de desmatamento” até o ano que vem e “livre de conversão” até 2030. Antes disso, a Cofco buscará se adaptar à regulação de desmatamento da União Europeia para soja com uma cadeia de suprimentos “segregada” desde a origem.
Perspectivas futuras e impacto no mercado
Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV e ex-presidente da Conab, vê o esforço da Cofco por soja livre de desmatamento como “mais marketing do que efetivo, neste primeiro momento”, devido ao volume que pretendem comprar.
No entanto, ele confirma que “a Cofco realmente avançou em termos de estrutura logística e de sua capacidade de comprar grãos no Brasil”, e destaca que a empresa tem um cliente preferencial: a China.
Bastos relembra que, quando foi autorizada a exportação de milho para a China, a Cofco foi a primeira a realizar o embarque. “As outras traders ainda tinham receio de que houvesse algum tipo de intercorrência no processo”, disse Bastos.
O poder da Cofco no setor ficou evidente recentemente com a questão do PIS/Cofins, quando a empresa conseguiu influenciar o mercado significativamente. A medida provisória que retirava a isenção, afetando contratos vinculados à exportação, acabou sendo revertida.
Wang destacou, ao final de sua entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a importância estratégica do Brasil nos negócios da Cofco. O Brasil, maior produtor e exportador de soja do mundo, “é a origem da maioria de nossas commodities, e é o país onde operamos nossas próprias plantações e usinas de cana-de-açúcar”, disse.
Será que os novos investimentos da Cofco transformarão o Brasil no maior exportador agrícola do mundo? Deixe sua opinião nos comentários!
Imagina se Bolsonaro não tivesse barrado a compra de terras por estrangeiros!!!!….